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A música conecta

40 faixas de Cosmic House para entender o estilo

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Por Alan Medeiros em Trend 08.07.2024

Há alguns meses publicamos um vídeo no instagram apresentando 4 faixas de um novo estilo que vinha sendo chamado Cosmic House. O vídeo em si teve uma repercussão bem legal e muitas pessoas nos mandaram mensagem no privado querendo conhecer mais artistas e saber mais sobre esse movimento. Bom, chegou a hora de dar uma aprofundada… mas antes, porque Cosmic House? Essa ainda é uma categorização extra-oficial do estilo, visto que nenhuma plataforma oficial de venda de música adotou essa nomenclatura e nem mesmo há um consenso sobre os produtores do estilo em torno do nome do som que eles estão produzindo. Nós ‘adotamos’ o Cosmic pelo simples fato de que as primeiras e melhores playlists de curadores musicais focadas nesse estilo, levam esse nome no título ou descrição, via Spotify, YouTube e outras plataformas. 

Há também alguns canais e editorias respeitados como o HÖR de Berlim, que se referem ao mesmo tipo de som como Liquid House. Entretanto, este mesmo termo também está presente em algumas playlists de algorítmo do Spotify, sem a mesma precisão e consistência de escolha, muitas vezes mesclando faixas que claramente são Deep House ou Melodic House, ou ainda adicionando um toque bem mais comercial que de forma geral não é um fator comum dentro do estilo. 

Enquanto movimento musical e tendência, o Cosmic House vem ganhando força na Europa já há alguns anos, especialmente em países como Alemanha, Holanda e Itália. Esse crescimento tem se expandido e o Beatport já se atentou a isso. Em 2023, a principal plataforma de venda de músicas criou uma nova categoria, chamada Trance (Raw / Deep / Hypnotic) que de certa forma abraçou parte das produções de artistas que vinham trabalhando nessa linha. Mas em termos práticos, quem faz de fato uma categoria no Beatport acontecer são os artistas e gravadoras que decidem lançar por ela e o resultado até aqui não abraçou tanto essa tendência. 

Dentro desta nova sessão do Beatport é muito mais comum encontrar uma versão de BPM bem mais acelerado do estilo, com referências mais conectadas ao Trance e a subvertentes como o Euro Trance. Além disso, também há uma presença inadequada de faixas de Melodic Techno que se credenciam como mais ‘undergrounds’ que o nicho de origem delas se tornou, hoje extremamente mainstream. Além disso, há um toque muito mais cheesy e sem uma unidade de padrão definida, o que pra gente, na nossa visão, acabou por ser um movimento mal coordenado do Spotify.

Classificar estilos é uma tarefa que não cabe a uma plataforma de mídia ou gravadora específica, geralmente isso acontece ao natural. A comunidade artística aceita um nome que começa a ganhar força depois de alguma indicação e assim evolui. Mas, se você é daqueles que acredita que música não está aí para ser colocada numa simples prateleira, calma que a gente também tem uma boa explicação. 

Dividir o amplo universo da música eletrônica em gêneros e estilos é uma tarefa importante por vários motivos, mas especialmente para que o nosso universo seja mais convidativo para novos ouvintes ou pessoas que não tem um conhecimento técnico mais avançado, mas estão interessadas em consumir música de maneira mais aprofundada. Para quem não entende tanto, gêneros como Melodic House & Techno, Progressive House e até mesmo Organic House podem ser muito próximos. Essa separação em ‘caixinhas’ ajuda e muito nesse processo. 

Além disso, vale lembrar e destacar que historicamente já aconteceram erros históricos nesse processo de divisão de estilos, com novos movimentos musicais ‘roubando’ o espaço de estilos já consagrados depois de uma ascensão meteórica. Isso aconteceu, por exemplo, com o Gangsta House no começo da década passada, que em seus primeiros anos de ascensão muitas vezes foi classificado como Deep House. Ou ainda com o EDM, que antes dessa classificação foi muitas vezes associado como Progressive House, para o desespero dos fãs do gênero. 

De volta ao Cosmic House, para entender o estilo é importante analisar algumas de suas características. O ponto de partida é o conceito progressivo que existe em comum nas suas músicas. Aqui vale um adendo: na opinião de quem escreve esse texto e selecionou as músicas da playlist abaixo, a correlação mais adequada a um estilo já existente seria ao Progressive House e não ao Trance. A base do estilo vem essencialmente do House Progressivo Old School do começo dos anos 90, que deu sequência e se desenvolveu até uma certa fusão do Trance com o House mais pro fim dessa mesma década. Chamar este estilo de New Progressive House ou Novo House Progressivo não seria um erro técnico, mas sim, poderia soar confuso. 

Outros fatores relevantes são: a bateria que geralmente tem uma construção intensa e marcante nas produções; uma atmosfera cósmica/especial, que dá tom e inspira esta nomenclatura extraoficial; uma construção que frequentemente flerta com uma áurea psicodélica e, por fim; uma referência notável de timbres e influências dos anos 90 como um todo. Em palavras pode até ser difícil de juntar tudo isso, mas numa playlist de 40 faixas essa tarefa de reconhecer o estilo deve ficar muito mais fácil. Por isso, sem mais delongas vamos a esta seleção, com faixas de Paramida, Alex Kassian, Clint, Aldonna, Abdul Raeva e outros nomes importantes que tem ajudado a construir este movimento:

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