Poucos projetos conseguem atravessar diferentes fases da cena eletrônica sem perder a relevância. O Adana Twins é um deles. Formado por Benjamin Busse e Friso Traas, o duo de Hamburgo começou a chamar atenção nos anos 2010 com um som mais voltado ao Deep House e Nu Disco. Mas, com o tempo, foram moldando uma identidade mais densa, melódica, conectada ao Techno contemporâneo e também abrindo espaço para o crescimento do Indie Dance — algo que se consolidou de forma definitiva a partir de 2017.
Essa versatilidade, somada a um olhar apurado para as transformações da pista, é o que sustenta o Adana Twins até hoje como um dos nomes mais respeitados do circuito. Seja em suas apresentações como DJs ou nas faixas que lançam, há sempre uma assinatura muito própria, marcada por dramaticidade, groove e uma construção emocional muito bem desenhada. Além disso, eles são os nomes à frente da TAU, gravadora que ajudou a consolidar uma nova geração de produtores melódicos, a exemplo de nomes como Innellea, Echonomist e Colyn.
O duo agora está prestes a cumprir uma nova sequência de apresentações pelo Brasil que começa dia 04 de julho, no D-Edge Rio, passa pelo Surreal Park no dia 05, festa em parceria com a Red Room, segue dia 11, no CAOS, em Campinas, e termina dia 12 de julho, no aniversário de 11 anos da Levels, em Porto Alegre. Antes, nós revisitamos alguns momentos essenciais da discografia dos Adana Twins destacando faixas que representam os diferentes ciclos criativos do projeto e ajudam a entender como eles evoluíram ao longo do tempo, sem nunca perder o fio condutor da sua identidade musical.
Adana Twins – Strange [Exploited, 2012]
Faixa que sintetiza muito bem o som inicial do projeto: grooves e vocais leves, texturas atmosféricas, além de influências de Nu Disco e Deep House — bem característicos da época. Foi um dos primeiros lançamentos que projetaram o duo para além da Alemanha em uma fase em que o Deep House ganhava força no circuito global, tanto que é a com maior número de streams entre todas, com mais de 20 milhões de plays só no Spotify.
Adana Twins, Digitaria – Reaction [Jeudi Records, 2013]
Mais uma produção que compartilha do mesmo momento da anterior, quando o Deep House caminhava para sua golden era. Uma faixa classuda, com os belos vocais do duo brasileiro Digitaria, que também foi um dos grandes nomes do estilo naquela época.
Adana Twins – Bleeding [Exploited, 2015]
Nesta faixa, a essência do Deep House ainda está presente, mas já fica mais fácil perceber a presença mais forte das melodias e de synths atmosféricos, com uma pitada de tensão dramática. Além disso, a faixa também ajudou a estreitar ainda mais os laços com a Exploited, selo com o qual o duo construiu uma grande relação de parceria.
Adana Twins – Uncompromising [Diynamic, 2017]
Agora, damos um salto para 2017. Dois anos após o release anterior, a estética sonora do Adana Twins já havia mudado por completo, acompanhando justamente a enorme força e projeção que o Techno Melódico ganhava. Ao mesmo tempo, Uncompromising marcou a estreia do projeto pela Diynamic, com a faixa sendo lançada no VA Four To The Floor 08.
Adana Twins – Jupiter [Watergate Records, 2018]
No ano seguinte, o Adana Twins volta para a gravadora do Watergate, selo com o qual também começava a construir uma forte relação. Jupiter foi uma das músicas mais tocadas de 2018 nas pistas onde o Melodic Techno ecoava, uma track hipnótica, com pads oníricos, arpejos em looping, um clima espacial e uma linha de baixo repleta de tensão.
Patrice Baumel – Roar (Adana Twins Remix) [Watergate Records, 2018]
Um dos grandes remixes da carreira do Adana Twins. Essa versão ganhou vida 10 anos depois de Roar ter sido lançada originalmente em 2008, pela Get Physical Music. O curioso é que a versão original não tinha nem kick, era apenas uma “DJ tools” com vários sons de sintetizadores malucos reunidos — mas o Adana Twins resolveu trazê-la para a pista de dança com sua assinatura que começa a ficar mais consolidada dentro do Techno.
Adana Twins, Glowal – My Computer [Diynamic, 2019]
My Computer teve um papel imprescindível na ascensão do que conhecemos hoje como Indie Dance, abrindo portas para o processo de popularização desse estilo dentro da cena. É um dos trabalhos mais relevantes de toda a carreira do Adana Twins e também do catálogo da Diynamic. A faixa carrega elementos que ajudaram a consagrar a identidade do duo: melodia impecável, uma atmosfera distópica e vocais com efeito robótico que deram essa cara bem original à produção. Pode facilmente ser considerada como um clássico moderno.
Josh Wink – Higher State Of Consciousness (Adana Twins Remix Two) [Strictly Rhythm, 2020]
Poucas músicas são mais icônicas do que Higher State of Consciousness, de Josh Wink, originalmente lançada em 1995. Aqui o Adana Twins entrega um trabalho brilhante duas décadas depois. Com seu remix, a dupla voltou a conquistar novos públicos, explorando as linhas ácidas da faixa original com muita criatividade e intensidade.
Adana Twins – The Day Before Tomorrow [Afterlife, 2021]
De 2020 pra cá, o Adana Twins continuou lançando ótimos trabalhos, mas nenhum teve um impacto tão significativo em termos de alcance quanto os releases citados até aqui. Entretanto, as melodias milimetricamente polidas e a atmosfera profunda ainda continuam presentes como antes. The Day Before Tomorrow é um bom exemplo, o primeiro e único release do duo pela Afterlife até hoje.
Xinobi, Adana Twins – Higher [Watergate Records, 2024]
Analisando a discografia mais recente do projeto, Higher merece ser mencionada. Novamente pela Watergate, o single é uma jornada que combina a sensibilidade profunda e melódica dos Adana Twins com o toque eclético e harmonioso do produtor português Xinobi.
Nelly Furtado – Say It Right (Adana Twins Remix) [Geffen, 2025]
Lançada em março desde ano, esse single fecha a nossa Timeline e reforça também como o Adana Twins consegue conversar com diferentes universos sonoros sem deixar de apresentar o seu próprio DNA. Um clássico do Pop reimaginado para as pistas de dança, que novamente traz synths bem presentes e responsáveis por criar todo o drama da faixa, somado ao vocal emocional de Nelly.