Cinco anos, em termos de música eletrônica, pode parecer pouco tempo para construir uma identidade de relevância que consiga se sustentar a longo prazo. Para a Maccabi House, esse período foi suficiente para consolidar seu próprio espaço e ser visualizada como um dos nomes mais atentos e comentados do House contemporâneo.
O selo rapidamente se destacou por não operar apenas como mais um distribuidor de faixas em um mercado saturado, onde mais de um milhão de tracks são lançadas por semana mundialmente, de acordo com menção no relatório Global Music Report 2025, da IFPI, mas sim por articular um projeto coeso que conecta identidade, comunidade de artistas e presença internacional.
Ainda em seus primeiros anos, a Maccabi House firmou bases sólidas em três eixos: cultivar uma assinatura sonora própria, projetar seus artistas em grandes clubes e festivais e organizar eventos que transportam essa visão para diferentes públicos ao redor do mundo. Essa combinação explica por que a Maccabi House, mesmo em um ciclo ainda recente, já aparece entre os selos mais observados da cena, ocupando a posição 35 entre os mais vendidos de todos os gêneros e sustentando uma trajetória que se desenha com autenticidade e consistência.
O som que registra a identidade da Maccabi House é marcado por faixas que costumam se desenvolver de forma gradual, incorporando elementos harmônicos que se entrelaçam às linhas de baixo, mas também com um toque de psicodelia que amplia a atmosfera. Embora tenha uma base evidente na House Music, o selo tem papel ativo na consolidação do Indie Dance em escala global, lançando produções que ajudam a firmar uma identidade real para o gênero e a projetá-lo em novas dimensões. Essa combinação permite que a gravadora preserve a cadência dançante enquanto abre espaço para nuances emocionais mais complexas, presentes tanto em faixas introspectivas quanto em tracks de energia expansiva, sempre mantendo uma assinatura que se distingue sem se afastar da proposta original dos estilos.
As bases desse projeto ficam ainda mais visíveis quando se observa o papel das compilações All Stars, inauguradas em 2021 e atualizadas periodicamente até chegarem à edição 08. Elas funcionam como retratos periódicos da identidade do selo, reunindo tanto os fundadores do núcleo, Adam Ten e Mita Gami, quanto convidados que ampliam o espectro da gravadora, criando uma comunidade que conecta continentes. Em 2025, por exemplo, All Stars 07 trouxe o brasileiro Cour T. com Labirinto Babylonia, ao lado de Laroz, Osadon e Broken Hill & Soraya; enquanto All Stars 08 destacou nomes como Tom Zeta, Assaf Michael e HIGHLITE & SNYL.
Para além dos estúdios, a Maccabi House passou a projetar sua identidade em showcases internacionais que rapidamente ganharam repercussão. Em julho de 2024, promoveu um showcase em Los Angeles que reuniu Adam Ten, Mita Gami e Yamagucci, marcando uma das primeiras incursões da label nos Estados Unidos. Menos de um ano depois, em maio de 2025, a marca desembarcou no Pacha Ibiza, reforçando a leitura de que o selo já ocupa espaço em circuitos consagrados. A trajetória seguiu em agosto de 2025 com o showcase no 99 Scott Studio, no Brooklyn, que teve ingressos esgotados e se consolidou como a estreia oficial da Maccabi House em Nova York, uma das praças mais competitivas do mundo para a dance music.
Essa movimentação também alcançou a América do Sul, em especial o Brasil, onde a conexão com o público se mostrou imediata com os fundadores da gravadora. Em 2023, Adam Ten e Mita Gami dividiram a cabine na estreia da Soundtuary, em São Paulo, além das apresentações solo que acumularam em solo brasileiro, em clubs como CAOS, Surreal, Warung Beach Club e até mesmo na semana de carnaval do Rio de Janeiro, levando para as pistas locais a mesma energia que conduz os lançamentos do selo.
A partir desse movimento coletivo, fica evidente como ambos assumem papel central no crescimento da Maccabi House. Adam Ten, com lançamentos por gravadoras como Diynamic e destaque em festivais como o Cercle, em Paris, tem pouco a pouco se tornado uma das figuras mais requisitadas de uma nova geração de artistas. Mita Gami, por sua vez, chamou atenção em 2022 com a faixa Stanga e, desde então, expandiu sua atuação em line-ups de clubes e festivais europeus, passando por espaços como o Kater Blau, em Berlim, o DGTL Amsterdã, e Mayan Warrior em Los Angeles. Juntos, eles representam o núcleo criativo que impulsiona a Maccabi House a ocupar um lugar cada vez mais relevante no circuito global.
O que eles têm construído em poucos anos é algo valioso: uma visão de longo prazo capaz de sustentar artistas, lançamentos consistentes e relevantes, curadoria que equilibra diversidade e coesão, circulação em clubs e festivais de referência e a consolidação de seus líderes em palcos de peso. Ao observar esse conjunto, a Maccabi House revela um desenho claro de futuro, que abraça todos os elementos que justificam sua posição como uma das grandes favoritas a assumir o protagonismo global do gênero nos próximos anos.