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A música conecta

Talks | Quando o House vira Deep?

Por Laura Marcon em Alataj Talks 22.10.2020

Quem me conhece minimamente sabe que House Music é a minha maior paixão na música eletrônica. Não desmerecendo outros estilos, longe disso, mas é que realmente pega no coração, sabe… É claro que dentro desse universo sonoro bem abrangente eu sou fã de muitos sub estilos, mas nenhum deles me fascina tanto quanto o Deep House. Escutá-lo no momento certo na pista de dança é um deleite para os ouvidos e também um convite para aquela dançada com elegância e leveza.

Os primeiros passos do Deep House aconteceram na década de 80, quase junto com o nascimento do House Chicago, ou House clássico. A sub vertente veio de uma junção entre o estilo-mãe e sonoridades como Jazz, Funk e Soul. Os anos se passaram e o Deep apresentou outras características também e se difundiu exponencialmente dentro do cenário global da música eletrônica nos anos 2000, recebendo até algumas características que não se enquadram tanto com sua essência. Quem é da pesquisa do Deep sabe bem que às vezes a denominação é utilizada de forma um pouco errônea, mas deixemos o momento “reclame aqui” para uma roda de conversa entre amigos, não é?

A questão é que muitas vezes o House e o Deep se misturam de tal forma que pode até confundir os nossos ouvidos na hora de entender o que é o que. Sendo assim, convidamos os DJs Bruna Moura, DBeat, Eduardo Oliveira, Hugo Valle e Kaká Franco, um dos maiores nomes nacionais do gênero, para nos responder essa perguntinha: Quando o House vira Deep? Acompanhe as respostas.

Bruna Moura

É possível caracterizar esse momento quando a melodia entra em ressonância com sua imaginação. Nesse estado, em um instante, a música te leva sem aviso prévio ou ordem cronológica para momentos em formato de memórias, imagens e sentimento. Sem um pico de euforia preciso, o clímax do Deep é exatamente o quão mais profundo pode ser seu contato com ela, fazendo com que cada timbre e componentes da bateria sejam indispensáveis para serem percebidos além da audição.

DBeat

Pergunta difícil de responder em palavras pois particularmente não sou fã de rótulos dentro da música eletrônica. Mas acho que o House vira Deep principalmente quando muda-se o sentimento da faixa. O House tem como característica essencial transmitir felicidade, já o Deep, normalmente, traz sonoridades um pouco mais suaves e até mesmo introspectivas. O BPM também é um ponto que acaba influenciando essa mudança mas não é uma regra.

Acho também que o House pode virar Deep e vice-versa dependendo do momento em que a música em questão estiver sendo tocada. Música é emoção e dependendo do momento que ela é tocada pode transmitir sentimentos diferentes. 😉

Eduardo Oliveira

Diferente do House, o Deep traz muito em destaque a ambiência da música, sonoridades profundas, acordes longos e com mais sustentação, tríades e tétrades se destacando na composição musical. É aquela música super agradável, que em alguns momentos nos deixa relaxado na pista de dança, geralmente é o estilo que aparece no início das festas.

Hugo Valle

O House vira Deep quando você quer uma pista mais elegante e melódica, ou até mesmo, fazer aquela pessoa pegar um drink para dar uma relaxada sobre a House dançante que estava rolando anteriormente. Eu particularmente, gosto de tocar e ouvir Deep em warm ups, pois acaba dando aquele charme com o pessoal chegando e entrando no clima da festa.

Kaká Franco

Pergunta difícil. Em primeiro lugar existe a característica técnica e a característica emocional. Dentro da característica técnica o House vira Deep quando ele perde toda aquela euforia, quando não tem aqueles grandes drops na música, quando ele está um pouco mais instrumentado, mais organizado, digamos assim, quando ele leva características de outras influências um pouco mais carregadas como Jazz, Soul, a música ambiente, enfim… esse é o lado mais técnico. A característica emocional pra mim é quando o House fica melhor ainda! porque o Deep significa profundo e toda música quando ela é mais profunda ela é muito melhor.

A música conecta.

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