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A música conecta

AWC Preview | O futuro dos Negócios

Escassez e abundância, demanda reprimida, efeito champanhe: a cena eletrônica nunca se viu tão familiarizada com expressões comuns ao distante mercado financeiro. Nada mais natural: enquanto mercado cultural e de entretenimento, a paralisia forçada nos tempos pandêmicos foi ainda mais cruel com um setor calcado na experiência presencial. Logo,é compreensível que a perspectiva da retomada das atividades seja uma curiosa mistura de ansiedade com matemática.

Qual o futuro dos negócios ligados à música e ao entretenimento? Se grandes crises criam desafios que muitas vezes se tornam oportunidades, é natural que se olhe pro futuro pensando exatamente nelas. Pensando nisso, reunimos sete pilares que não podem ser ignorados quando o assunto é pensar num retorno que traga não apenas muita diversão, como sustento e prosperidade de volta aos milhões de trabalhadores da cadeia produtiva ligada ao ramo cultural.

1. Música: valor e preço

Os artistas foram os principais responsáveis por atenuar os efeitos nocivos do confinamento. Sem poder conviver, foi na arte que o mundo encontrou uma das válvulas de escape ideais para os tempos mais desafiadores do século. Ouvir música, assistir transmissões e até mesmo festas remotas foram remédios tão eficazes quanto assistir séries ou ler livros na dor do caos instaurado em março de 2020.

A ressignificação do valor do trabalho do artista é um anseio antigo daqueles que criam e muitas vezes ganham muito pouco ou nada pela arte. O momento atual é perfeito para que uma grande e justa conscientização do público sobre esta questão se consolide. A música possui um valor inestimável na vida das pessoas e também um preço justo a ser pago: você está disposto a remunerar os artistas de forma justa?

2. Transmitir é preciso

Transmissões ao vivo eram uma espécie de artigo de luxo antes da pandemia. Custos elevados para resultados com retorno questionável tornavam o formato pouco disseminado. Hoje, o cenário é completamente diferente.

Com diversas plataformas à mão e com a experiência adquirida em meses de confinamento, transmitir uma festa hoje é fácil e pode ser uma excelente ferramenta de promoção de festas, clubs e festivais – para muitas marcas, já é. 

As oportunidades em torno de ações assim seguem em alta: videomakers com agenda cheia são ótimos sinais de que as transmissões vieram pra ficar e ainda podem ser exploradas de inúmeras maneiras. Do streaming às artes visuais, profissionais de diversas bagagens, marcas e eventos podem e devem surfar nessa onda.

3. Efeito Champanhe?

Uma garrafa de champanhe pode literalmente explodir se os gases dentro dela forem agitados intensamente e não puderem sair. Os mais otimistas preveem que é exatamente isso que vai acontecer quando as restrições de aglomeração atuais finalmente forem levantadas: um público louco por festas vai extravasar como nunca nas pistas, tirando o atraso de mais de um ano sem poder curtir.

Contudo, as condições pra que isso efetivamente aconteça são bem mais complexas que a da metáfora da bebida. A equação depende de inúmeros fatores, que vão da ameaçadora possibilidade de uma crise econômica generalizada (não se sabe quanto as pessoas poderão gastar com diversão), a diversos outros como a cotação de moedas estrangeiras e a variação dos preços de hotéis e passagens. 

Olhando com otimismo, podem-se esperar festas e festivais com ainda mais frequência, com uma valorização (do trabalho e dos cachês) dos artistas locais. Entre muita especulação, o que se pode afirmar com certeza é que planejar e estar pronto para um “boom” dos eventos é prudente: caso o efeito champanhe se concretize,  a sede de festa vai ser grande!

4. Patrocínios

O casamento entre marcas e música é antigo e duradouro, e a pandemia não abalou a relação. A volta dos eventos deve aquecer ainda mais as oportunidades para que marcas vinculem a imagem dos artistas, festas e labels às suas.

O momento é de estruturar projetos sólidos pensando nas contrapartidas certas pra que um ciclo virtuoso comece o quanto antes! Bons parceiros na produção e no patrocínio não faltam no imenso mercado brasileiro.

5. Blockchain: dos royalties às NFTs

Visto como uma das mais promissoras tecnologias do futuro, o blockchain ganha cada vez mais novas aplicações além daquelas relacionadas ao Bitcoin e criptomoedas. Uma delas pode ser crucial para resolver um dos maiores e mais antigos problemas do mercado musical: a distribuição dos royalties das obras.

Baseado na tecnologia blockchain, os “tokens não-fungíveis” ou NFTs estão vivendo um grande momento em 2021. Artistas e galerias comercializando obras virtuais exclusivas já começam a ver o retorno por elas. DJs, produtores, artistas visuais, designers que estão desbravando um nicho novíssimo.

No dia 22 de setembro o AWC 2021 recebe um webinar exclusivo para falar sobre este assunto: inscreva-se já!

6. Apps, plataformas e sistemas 

Ingressos e bebidas já eram comercializados online há um bom tempo antes da pandemia – aqueles em larga escala, estas em franco crescimento. Aplicativos, plataformas digitais e sistemas dedicados ao entretenimento estão ganhando cada vez mais espaço e devem se consolidar, conquistando em definitivo os bastidores dos eventos.

Sistemas de gestão integrados aos de venda de ingressos, plataformas de contratação de artistas, guias de festas, redes de promoters de festas e festivais: o ambiente online é um terreno fértil a ser explorado para facilitar a vida do público e dos produtores, criando oportunidades quase infinitas a quem se dedicar a desenvolver soluções.

7. Ela, a política 

Não, não é possível pensar enxergar a cena eletrônica como algo afastado da política, como muitos ingenuamente acreditavam ser antes da pandemia. Até o mais liberal dos empreendedores se viu obrigado a exigir do Estado ações no sentido de mitigar os efeitos da paralisação que afeta milhões de profissionais. O futuro de todos os negócios ligados à cena depende, em maior ou menor escala, de um ambiente que é dominado pela arte da política.

E não se entenda política, aqui, como o reducionismo que se limita às polarizações recentes que o Brasil vivencia. Política é a arte do diálogo e a conversa tanto dentro do mercado como com agentes externos – sociedade, entes públicos e demais setores – nunca foi tão urgente. Se entender enquanto segmento num primeiro momento, para então se organizar e depois poder agir (e cobrar dos responsáveis) requer boas doses de diálogos – onde se fala e principalmente, se escuta.

Dialogar com agentes do Estado é uma das etapas fundamentais pro futuro dos negócios porque é ele que permeia tanto as ações locais como as estruturais. Editais além da emergência, linhas de crédito com condições facilitadas, renegociação de impostos, ingressos: prefeituras, estados e União serão fundamentais para reerguer a cena eletrônica com uma base sólida.

Pra que isso aconteça, é preciso empenho e, principalmente, seriedade. Profissionais com bom trânsito nas secretarias de cultura de municípios e estados e conhecimento da burocracia serão cada vez mais valorizados, mas o setor não pode deixar que eventos clandestinos manchem a reputação do nicho. 

A música conecta.

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