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A música conecta

Alataj entrevista Manda Moor

Por Isabela Junqueira em Entrevistas 12.07.2022

É sempre gratificante conversar com talentos promissores e que estão dispostos a compartilhar conosco detalhes sobre sua jornada, passando pelo passado, presente e futuro. Assim foi o nosso papo com Manda Moor, uma DJ e produtora que flerta com o House e Techno através de uma abordagem musical bem individual. Manda se aproxima de estilos como o Tech House, mas aprendeu a dosar e contrastar as sonoridades formulando um panorama musical que vai de encontro com a suavidade e a rica pluralidade de sua alma.

Manda ascendeu como produtora em 2020 e desde então, parece ter engatado uma espécie de sexta marcha que só a conduz a ir ainda mais longe. Além da excelente lista de venues que ela já deu o “check”, a produtora pode se orgulhar bastante de suas produções e das labels que as receberam, sendo a mais recente, a Hot Creations, com debute garantido pelo EP The Climax. A conexão label e artista foi tão potente que, em poucos meses após o lançamento, Moor já está entre os seletores que representam o showcase do selo e será uma das protagonistas do aniversário de 10 anos da Hot Creations, durante o The Yacht Week.

Em meio a agenda lotada e prestes a retornar ao Brasil neste final de semana, a artista tirou um tempinho para responder algumas de nossas tantas perguntas. Em um papo para lá de produtivo, ela deu mais detalhes sobre o recente mix para o Cercle, o caminho até o presente e outras perspectivas. Além do papo, Manda assinou nosso último Alaplay — e você pode conferir enquanto lê a entrevista.

Alataj: Olá Manda, é um prazer recebê-la aqui no Alataj para uma conversa. A sua bio diz que você é dinamarquês-filipina. São culturas bem diferentes, né? De que forma esse contraste cultural te favoreceu musicalmente?

Manda Moor: Olá, obrigada por me receber! Na verdade, essas duas culturas são opostas polares e eu sou abençoada por me beneficiar tanto do lado quente, quanto do lado frio do mundo. Acredito que o lado quente me deu um groove e uma mentalidade de “vá com o fluxo”, enquanto o lado frio me deu meu aspecto “geek”. Em países quentes as pessoas tendem a ficar mais ao ar livre, enquanto em países mais frios, as pessoas tendem a ficar mais em casa, têm mais tempo para produzir música, para estudar hardwares, por exemplo. Essa aliança cultural me favorece musicalmente com certeza, sinto que tenho um amplo escopo de sensibilidade e criatividade.

Apesar de ter se lançado como produtora apenas em 2020, você já tem um bom tempo de caminhada como seletora, não é mesmo? Como foi o processo de conversão da experiência como seletora para a habilidade como produtora? Você sente que seu processo em estúdio bebe de referências ou influências da sua atuação enquanto seletora?

Sim, lancei meu primeiro EP como produtora em 2020, What U Want na Kaluki [Musik], que alcançou o número 1 no Beatport. Quando fui de DJ para DJ e produtora, meu objetivo era fazer turnês internacionais, unir pessoas em todo o mundo com meu próprio som, compartilhar minhas vibrações ao longo das minhas faixas sendo tocadas por mim ou por outros DJs.

Antes de produzir eu era DJ desde 2015 e em algum momento senti vontade de me expressar de forma diferente do que ser apenas uma seletora. Obviamente, são duas habilidades completamente diferentes, não foi fácil aprender e é um desafio contínuo. Eu sou definitivamente influenciada pelo que toco e tento produzir músicas que eu gostaria de tocar.

E certamente você converteu essa experiência muito bem, visto que seus lançamentos foram muito bem recebidos por algumas das labels mais concisas da atualidade e eu devo te dizer: é muito legal ver uma mulher filipina ocupando esses espaços. Inclusive, conte-nos um pouco mais sobre a sua jornada, até seu debute na Hot Creations.

Obrigada, tenho orgulho de ter um perfil único apenas pelas minhas origens e isso se reflete na minha música que nada mais é do que uma expressão de quem eu sou. Eu sempre fui apaixonada por música em geral, então meu gosto se restringiu à House Music underground quando eu tinha 19, 20 anos. Me tornei DJ em 2015, de forma autodidata e fiz meus primeiros shows no mesmo ano; depois aprendi a produzir e lancei minhas primeiras produções em 2020 durante a pandemia.

Minha música era tocada massivamente pelos top DJs em turnê na época e foi assim que meu nome chamou a atenção no começo, acredito, especialmente após o meu edit para a faixa Slow Touch. Continuei a entregar lançamentos em grandes gravadoras como Kaluki, Tamango, até atingir meu objetivo final, a Hot Creations. Desde o ano passado, com a reabertura dos clubes, tenho sido abençoado tocando em shows dos sonhos como Paradise Ibiza para minha residência, Elrow, Cercle na Bósnia, Brasil, The Warehouse Project etc. Estou curtindo cada momento do presente.

Durante a pandemia, você já dava claros sinais de que era uma artista em ascensão e diante do retorno total das atividades, isso ficou ainda mais claro — basta dar uma olhada em sua agenda de apresentações pelo verão europeu. Lá atrás você já se preparava para o que acontece hoje?

Eu fazia livestreams em casa e migrei para grandes palcos com grandes multidões, não tenho certeza se alguém está realmente pronto para esse tipo de transição (risos). Mas eu estava definitivamente manifestando e imaginando meu futuro ideal, sendo o que estou vivendo hoje — e é apenas o começo.

Inclusive, voltando a falar sobre a sua relação com a Hot Creations, em diversos eventos você tem representado a label, certo? O mais recente, para o Cercle em Pliva Waterfall, na Bósnia e Herzegovina. Conte-nos como foi a experiência, Manda.

Após este lançamento, consegui uma residência no Paradise Ibiza e vários outros shows no Paradise. Paradise sempre foi minha festa favorita e a Hot Creations sempre foi minha gravadora favorita, então fazer parte dessa família significa o mundo para mim.

Cercle na cachoeira de Pliva foi absolutamente surpreendente, aquecer para Jamie Jones neste lugar mágico foi de outro mundo. Eu toquei de uma forma muito diferente do habitual, eu estava tentando entregar os sentimentos que recebi do local, sendo vibrações melódicas, profundas e sonhadoras. Jamie e eu tocamos em b2b sob a chuva; foi épico e parecia irreal. Sou muito grata por ter vivido uma experiência dessas, nunca vou esquecer… foi uma das melhores que tive!

Agora, você parte para o The Yacht Week com os label heads da Hot Creations e mais um excelente time de seletores. Animada?

Eu estou muito ansiosa para isso. Tenho a honra de comemorar 10 anos de Hot Creations com a Hot Creations… (risos)

Alguma previsão para apresentações aqui pelo Brasil? Você é familiarizada com a cena brasileira?

Sim, já toquei algumas vezes no Brasil e estou voltando muito em breve, neste verão tenho gigs dia 16 de julho no Rio para Festanoon, 17 de julho no Playground Music Festival em São Paulo, 17 de setembro no Sonora Garden também em São Paulo. Eu amo o Brasil e espero sempre voltar, principalmente pelo pão de queijo!

Por fim, nossa última e tradicional pergunta: o que a música representa para você? Obrigada pelo papo, e uma excelente jornada para você, Manda!

Para mim, música é amor. A música é tudo, a música gera belas vibrações, a música une, a música é uma linguagem universal, a música é uma fuga, a música conecta. Meu trabalho é unir as pessoas com a música, meu trabalho é fazer com que as pessoas se amem. Melhor trabalho do mundo. Obrigada pelas vibrações, até breve.

A música conecta.

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