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A música conecta

Alataj entrevista Omid 16B

Omid Nourizadeh, também conhecido como Omid 16B, ou apenas 16B, é um daqueles artistas que fazem parte da história da música eletrônica, ajudando a formá-la como a conhecemos hoje. Com uma carreira profissional de mais de 25 anos, Omid já dava seus passos musicais antes disso, tendo estudado música e tocado guitarra desde dos seus 14 anos. Quando onda de Acid House tomou conta do Reino Unido na transição dos anos 80 para os 90, ele olhou para este novo mundo e começou a deixar seu legado – que continua sendo escrito até o momento.

O ano de 1994 marcou o lançamento de sua gravadora, Alola Records, e o ano seguinte foi a vez da sub-label Disclosure, mais voltada ao Tech House, movimento em que foi um dos pioneiros na metade dos anos 90, junto de Vince Watson, Craig Richards, Mr C, Steve Bug and Francois K. Mais tarde, em 2002, lançou sua terceira label, Sexonwax.

Omid tem muitos pseudônimos como Phaser, Pre 4, OTC, Changing Shape, Sixteen Souls, £16 Million Dollar Man, além de, claro, Omid 16B e 16B, sendo o último o que alcançou maior sucesso com o lançamento de Trails of Dreams – que acabou virando um hit do underground –, e também Water Ride, que contou até com performance live pela TV aberta do Reino Unido. Desde então, lança como 16B e Omid 16B, juntos.

O artista continuou a fazer parte da historia e foi muito influente no começo dos anos 2000, mesclando seus característicos grooves mais techy com momentos mais Deep e outros mais tribais. Isso logo foi capturado por muitos artistas como John Digweed e Deep Dish, e ajudou a forjar esse período histórico para o Progressive House, no qual Omid é um dos artistas mais lembrados do gênero até hoje.

Em 2020 ele lançou seu quinto álbum, SunTzu, que contém 18 faixas, o que poderia significar dois álbuns para muitos artistas, mas para Omid a ideia era essa mesmo: conseguir expressar suas ideias, em diferentes gêneros, estilos, velocidades. Uma verdadeira jornada.

Batemos um papo com o artista e o resultado você confere agora.

Alataj: Olá Omid, tudo bem? Obrigada por conversar com a gente! Em novembro você lançou o álbum SunTzu, o quinto de sua carreira. Como você avalia sua evolução enquanto mente criativa e produtor musical do primeiro para o quinto trabalho?

Omid 16B: Olá, estou bem, obrigado! Acho que o que torna qualquer álbum diferente de outro é a maneira como um artista se sente quando está escrevendo a música e como deseja expressar sua totalidade! Meus álbuns anteriores eram mais ingênuos em termos de criação, mas tinham aquela energia crua inicial que é difícil de imitar. Estou mais em sintonia e ciente com a idade e experiência, então estou tentando cobrir mais do que antes em um estado um pouco mais avançado.

São 18 músicas, um número expressivo mesmo para esses trabalhos mais densos de estúdio. Quando você iniciou a ideia do álbum? Todas as faixas foram criadas para compor esse trabalho ou algumas já haviam sido criadas antes?

Aqui e ali, algumas foram feitas agora, outras alguns anos atrás, a questão era que tinha que haver um equilíbrio para durar o teste do tempo! Deve ser um trabalho ao qual você vai querer voltar continuamente, tornar-se parte de suas memórias inteiramente.

Encontramos linhas musicais distintas nas faixas, variações de BPMs, viagens sonoras diversas. Essa ideia de diversidade criativa era proposital? Conte-nos um pouco como foi o processo criativo do álbum.

Ele transparece tudo o que eu gosto de criar, sem me preocupar tanto com o que os outros possam pensar. É o que me deixa mais confortável, já que a ideia de ter tanta variação significa que mais pessoas podem escolher o que gostam e pular o que não gostam, mas se você acertar, eles ouvirão de tudo e entrarão em contato com as coisas que normalmente não ouvem.

O nome que você deu ao álbum é uma homenagem ao filósofo, estrategista e escritor chinês Sun Tzu. Por qual motivo?

Para mim, o nome não significa tanto quanto o que representa. Para mim, representa ideias baseadas em encontrar um equilíbrio entre a luta e a paz pela qual passamos em nossas vidas, como devemos encontrar estrategicamente um caminho através do difícil e dos elementos suaves da própria vida. A música é a história de nossas vidas, os diferentes aspectos e momentos que experimentamos, da alegria à tristeza, à excitação e todos os outros aspectos positivos e negativos pelos quais devemos passar na vida.

Em dezembro também vimos o lançamento do EP Retro Retired. Conte-nos um pouco mais sobre esse trabalho também.

Foi um caso descontraído para quem ainda gosta de Deep e minimalismo!

Você não possui barreiras de estilos em suas músicas e encontramos tanto produções experimentais, quanto breakbeats, Techno e Deep House, para citar algumas. Como manter a mente fresca e aberta às diferentes sonoridades e produzi-las dentro do estúdio?

Para começar, ouço muita música e toco meus instrumentos regularmente! O violão é meu instrumento principal e eu equilibro meu dia com pelo menos duas horas tocando e algumas horas ouvindo música, do Rock ao Pop, à dança experimental.

Você é um veterano da música e acompanha todas as transformações do cenário há décadas. Como você enxerga esse mercado bombástico de hoje, que tem um grande foco em imagem e dinheiro? Você acredita que perdemos alguma coisa no decorrer dos anos a comparar com tempos antigos?

É assim que funciona para colocar de forma clara: quando as coisas ficam muito grandes, elas se desintegram lentamente sem ações diretas de ninguém. Então, naturalmente começa a retroceder. Pessoas começam a fazer coisas que ninguém gosta ou entende mais, alguns concordam porque recebem bem pra isso, alguns reclamam porque não representa o que eles querem mais, e alguns tentam encontrar uma maneira de contornar isso! Mas quando todos podem contribuir e se beneficiar de uma forma harmônica, então acertamos e ainda estamos a quilômetros de distância, mas estamos nos aproximando disso!

E como label boss, você acredita que as gravadoras estão rumando para um ótimo caminho? A necessidade que artistas veem em se adaptarem à sonoridades de labels famosos acaba por bloquear mentes criativas e produzir mais do mesmo?

Não haverá uso para as gravadoras logo mais, pois a maioria dos artistas será capaz de fazer as coisas de forma independente e isso já começou!

As gravadoras oferecem muitos benefícios, especialmente se estiverem associadas a um DJ famoso, etc., mas geralmente é mais fácil agora fazer tudo sozinho até que alguém maior descubra o que você está fazendo e queira se envolver.

Tempos difíceis estamos vivendo. 2020 foi um ano complicado e ainda viveremos consequências do coronavírus por algum tempo. Uma pergunta para você como ser humano: o que espera do cenário da música e das pessoas nesses próximos meses?

Mais amor e compreensão um pelo outro, compaixão e ajuda mútua quando precisamos! Não vai ser a transição mais fácil, mas temos que aprender um pouco mais com nossos erros como um todo, não apenas com alguns indivíduos!

Para finalizar, uma pergunta tradicional do Alataj: o que a música representa em sua vida?

Música é vida, vibrações são o que governam a ordem do universo até uma única célula do seu corpo! Sem música, provavelmente estaria morto! Com música posso viver e morrer feliz.

A música conecta.

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