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A música conecta

Alataj entrevista Sonic Future

Por Alan Medeiros em Entrevistas 24.06.2018

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A cena gaúcha é hoje, talvez, uma das principais escolas para produção musical de house e techno no país. Além de novos nomes como Mau Maioli, Mezomo e Gabriel Carminatti, artistas que despontaram para o cenário brasileiro nos últimos 5 anos, há também alguns medalhões, como o sempre citado Fabrício Peçanha e o talentoso Sonic Future, dono de releases em labels de renome internacional.

Cesar Funck, a mente por trás do projeto Sonic Future, é dono de um senso crítico apurado e uma mente que aparentemente sempre está em busca de um next level para os seus trabalhos. Em 2015, ele levou para a casa o troféu de Track do Ano no extinto prêmio do Rio Music Conference, hoje BRMC. Regrets abriu portas e mostrou ao Brasil e ao mundo um artista preparado para entregar excelentes releases, como no caso dos trabalhos pela Crossfrontier Audio, Suara, One Of A Kind e os brasileiros Timeless Moment, Prisma Techno e Plano B Records.

O último citado, label comandado por Art in Motion e iagon, tem construído uma relação mais próxima com Cesar, que recentemente entregou o EP Rwanda para o imprint carioca. O novo release chegou as plataformas digitais com 4 faixas, 2 originais e 2 remixes, entregues por Rancido e Akken. Aproveitamos o momento para falar novamente com o DJ e produtor gaúcho. Confira:

Alataj: Oi, Cesar! É sempre um prazer falar com você. Percebo que você possui uma reputação muito significativa entre os artistas de música eletrônica no Brasil. Na sua visão, ao que exatamente se deve esse prestígio?

Olá Alan! O prazer é todo meu! Sinceramente eu não percebo este prestígio mas fico contente que você tenha esta percepção. Eu me considero mais um cara fazendo o seu som autoral nesse país enorme, cheio de talentos por todos os cantos.

Após um certo hiato, você voltou a lançar com labels nacionais. O que cativou você nos projetos de Timeless Moment, Prisma Techno e agora Plano B Records?

Há um tempo atrás eu percebia que faltava foco e nas labels nacionais. Era muita gente tentando ter label mas lançando sem ter muito cuidado com qual nicho estava trabalhando. O resultado era uma salada de frutas musical que quando chegava nos gringos não despertava confiança. Estas 3 labels citadas fazem exatamente o oposto. Elas têm um trabalho consistente, nichado e os resultados dos suportes internacionais têm sido evidentes a cada release. Outro fator que conta muito é que as melhores labels hoje em dia atuam como crews, fazendo eventos além de lançar músicas. Qualquer artista que já tenha viajado e tocado fora do Brasil percebe que se você não morar lá é muito difícil fazer parte desta relação. Justamente por isso atualmente faz sentido lançar por aqui e participar de grupos que tenham os mesmos interesses e ideais. A Plano B se encaixa perfeitamente nesse perfil e gosto muito dos releases deles.

Em 2015 você faturou o antigo prêmio do Rio Music Conference, hoje BRMC, com a faixa Regrets. Desde então, como você avalia a evolução de seu perfil sonoro e de seus lançamentos?

Fazem apenas 3 anos mas na minha cabeça parece muito mais! É sempre difícil fazer uma auto avaliação pois estamos dentro do processo. Tenho bastante orgulho pois esta faixa foi um hit mundial e pude viajar para vários lugares para mostrar meu som. Nem todos artistas podem ter essa experiência na carreira. Por outro lado tudo evoluiu e eu passei a explorar outras sonoridades.

Quais são as principais dificuldades que você já enfrentou em sua carreira? Na sua opinião, o que falta para a cena eletrônica seguir um caminho de desenvolvimento sustentável aqui no país?

A maior dificuldade sem dúvidas tem sido neste último ano e meio. Nosso país entrou numa crise profunda que afetou a área de eventos e tem muita gente sem tocar. Atualmente eu não faço parte de nenhuma agência nacional e pelo visto nenhuma se interessa pelo meu trabalho. É mais uma realidade a ser enfrentada. Hoje em dia não vivo mais das gigs, mas continuo atuando em outras áreas afins da produção musical como freelancer. A nossa cena já evoluiu bastante, mas infelizmente como artista eu não acredito em desenvolvimento sustentável por aqui na atual conjuntura econômica.

Falando um pouco mais sobre Rwanda. Como foi o processo criativo deste EP? Qual mensagem você busca transmitir através dessa música.

Esse EP tem uma influência das batidas mais afro. Essa linha de som sempre esteve mais associado ao house mas nos últimos anos tem surgido muitas fusões legais destes beats étnicos com o techno, progressive e deep tech. Este EP é justamente o resultado disso, de experimentações de uma sonoridade ainda ainda sintética mas com toques de batuque nos grooves. Os remixes do Rancido e Akken fecharam o release muito bem e agregam versões relevantes.

Sobre o seu catálogo: há algum lançamento que você considera seu preferido? Você costuma tocar seus releases passados em suas gigs?

Eu costumo tocar algumas sim. Spiral, Blinds Vision, Mr Dust ainda funcionam bem nas pistas. Não tenho nenhuma preferida em especial. As faixas fazem parte de um processo contínuo de evolução. É um registro vivo de uma trajetória individual de cada um.

Por fim, uma pergunta pessoal. O que a música representa na sua vida?

Ela já representou muitas coisas e eu percebo que a minha relação afetiva com a música tende a variar. Atualmente eu sinto saudades da ingenuidade da percepção de quando eu era um simples ouvinte. Eu queria ter isso de volta.

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