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A música conecta

Faixa a Faixa | Gabriel Ide – Broken Tapes Vol. II [Subliminar]

Por Ágatha Prado em Faixa a faixa 20.12.2021

Fruto de um período de turbulências emocionais, o novo trabalho de Gabriel Ide, Broken Tapes Vol. II, se apresenta como um processo de cura e superação. O retorno do artista ao catálogo da Subliminar Records, corrobora em uma narrativa de continuidade ao primeiro volume de Broken Tapes, porém, dessa vez apresenta um tom um pouco mais sentimental e reflexivo.

São seis faixas que conectam-se através da concepção da figura mitológica de Eros, e um reencontro do artista com sua própria paz psicológica, incluindo também uma collab ao lado de Gbur. As linhas musicais trabalhadas no álbum flutuam entre os caminhos do Deep House, e vertentes suaves que se cruzam através de variadas atmosferas ao longo das faixas.

Confira os detalhes de cada uma, descritas pelo próprio artista.

Interview | Essa faixa tem papel de prelúdio na história que o álbum conta. Ela já estava pronta e é um som mais atípico em minhas produções. Ela representa um processo de cura, não de uma situação específica, mas de uma angústia, que hoje, nas condições atuais, entendo como um vazio dentro de mim, que se manifestava em forma de ansiedade. Era um vazio que eu nem sabia que tinha. O vocal, é de uma conversa psiquiatra e foi adicionado para representar uma espécie de consulta comigo mesmo. Ela é mais lenta e possui uma espécie de voz celestial, que pra mim é bem brisa. O timbre usado na bassline me traz um sentimento de nostalgia e saiu de um dos meus presets preferidos do vst Sound Canvas, da Roland. O restante dos timbres são presets modificados do Analog Lab, da Arturia, na versão digital.

Talking to Her | É a segunda track do álbum e o primeiro capítulo da narrativa. Simula uma conversa, uma identificação com ideias, perspectivas e ideais. Foi a primeira música que fiz com base, do que na época, era apenas a pontinha desse iceberg de sentimentos. Eu sujei um Sample de pad que havia recortado, que foi usado como lead. O restante dos timbres saíram novamente do Sound Canvas e Analog Lab. Os vocais representam as longas e produtivas conversas que temos.

Refraction | Collab com meu amigo, e a idéia principal veio dele. Segundo Gbur ‘’a refraction surgiu um dia no qual estava com a ansiedade de ver o mar e suas ondas, é uma das coisas que mais admiro nesse mundo, significa a vontade de ter comigo o mar, junto isso, vem as inspirações de escritório, telefone tocando… mas na verdade gostaria de estar na praia’’

É engraçado isso, porque pra mim ela traz outras coisas. Muito chillin e me acalma, o rhodes presente na música me traz uma sensação de calma e estabilidade, como se nada fosse capaz de tirar a sua plenitude. Eu curto demais essa música, ela tem uma pegada Deep Tech, mas com uma estética mais suja, influenciada pelo Lo-fi House.

My way… through U | O nome é auto explicativo. Essa track é sobre amor e vulnerabilidade. O arranjo dela começa introspectivo e, aos poucos, vai se soltando. Isso sou eu, ele me representa. E na métrica do começo, meio e fim, onde nesse caso, o fim representa o jeito que sou/me expresso em relação a Carolina. E o começo do jeito que eu era antes desse relacionamento. O processo criativo dela foi bem fluido, eu tava com o Sample do pad na tela e eu fiz um loop de bateria para acompanhá-lo, depois disso eu modifiquei ele e fiz um novo loop. A música era pra ser introspectiva até o final, porém durante a produção rolou esse insight, de como a minha relação com a Carol me faz enxergar as coisas de outra maneira, mais esperançosa. Após isso, rolou uma auto análise e eu tentei encaixar essas percepções dentro da música, desde o arranjo até timbres.

Psychoanalytics Theories of Love | Essa é a track mais emocional do álbum. Representa um momento de extrema vulnerabilidade e dúvida, ao mesmo tempo que representa uma esperança muito forte. Musicalmente falando, eu me inspirei muito no DJ Seinfeld, particularmente na track ‘’U’’. Como a música é muito longa, procurei variar na dinâmica dela, ao mesmo tempo que se mantém constante e conta a sua história por si só. Ela é uma luta entre agonia e esperança, felicidade e tristeza, dúvidas e certezas. Eu busquei trazer um Low end forte e marcante, para contrastar com as melodias que possuem um movimento bem legal. Essa track não possui uma bassline propriamente dita, quem ocupa esse papel são percussões graves. Conforme ela avança, mais percussões com essa função são adicionadas, isso complementa o groove e dá uma dinâmica interessante.

Eros | Essa track é o meu final feliz. Representa a luz no fim do túnel, o meu encontro no outro e a minha paz psicológica para a questão que rodeia o trampo. É a confirmação de que tudo valeu a pena. No que diz respeito a questões criativas, minha principal referência foi I’ll Wait For U Tonight, do Norus, onde ele altera entre kicks quebrados e o 4×4, eu estava ouvindo muito isso e trouxe para a Eros a minha maneira.

A música conecta.

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