Depois de um hiato de quase três anos, o DJ e produtor paulistano Gezender está de volta com um novo EP, sucessor de Tantra (2018). Representado exclusivamente no Brasil pela SmartBiz, o artista entrega Corpo, seu quarto EP oficial, lançado nessa última sexta-feira (14) pela gravadora da Mamba Negra (núcleo do qual faz parte), a MAMBAREC, trazendo quatro originais com duas colaborações importantes: Linn da Quebrada e Bruno Mendonça.
Reunindo algumas das principais características de Gezender — a versatilidade e capacidade de convergir diversas referências distintas da música eletrônica —, Corpo mistura Acid House, Electro, Breakbeat e Techno. Além da mistura de gêneros musicais, a obra também agrega com dois artistas bastante particulares. Linn da Quebrada, que participa em Corpo Fechado, é conhecida não apenas por seu trabalho com Funk e Rap, mas também por tocar em feridas em relação a temas polêmicos, como questões de raça, gênero e classe social.
Além de cantor, Bruno Mendonça — que colaborou em War e Ambient War — atua em diversos campos artísticos, como literatura, arte contemporânea e performance, sempre propondo reflexões em pautas políticas e culturais. Os três artistas, portanto, têm em comum a proposta de desconstrução de tabus em relação à sexualidade e outros temas sociopolíticos, e é isto que fundamentalmente encontramos neste EP.
“Corpo é um EP que nasceu neste tempo de pandemia, onde tive a chance de olhar mais pra mim e entender o corpo em seu todo, seu ritmo, necessidades, hormônios, prazeres e fragilidades. Nele, tem uma mistura de sentimentos bem característica do atual viver, às vezes contemplativo, às vezes cheio de conflitos. Tentei extrair a beleza dessas emoções antagônicas, sem esquecer do sentimento distópico que permeia o presente, entre a paz e a aflição, mas com algum respiro pro que me faz alguém no caminho da cura e do entendimento”, afirma Gezender em comunicado para a imprensa.
Confira abaixo mais detalhes de cada uma das quatro músicas de Corpo, com a palavra de seu idealizador:
Gezender
Cuerpo | A faixa que abre o EP, onde não tenho colaboração de voz de outros artistas, é a que mais conversa com o movimento. De maneira fluída, a composição vai passeando entre a dança e o desprendimento de corpo, um comportamento que traduz muito bem meu sentimento de confinamento enquanto artista.
Corpo Fechado (feat Linn da Quebrada) | É a música mais densa do lançamento e remete justamente a este sentimento de vazio que carregamos, cheia desse inconformismo existencial, importante pro nosso atual viver. A voz da Linn tem muito dessa dualidade entre ternura e a violência que a música fala e considero uma das faixas mais relevantes de minha carreira, por dizer muito com uma subjetividade que nos remete ao presente, ao contato e à celebração.
War (feat. Bruno Mendonça) | Mergulha no universo do pensar. Entendo a mente como parte do corpo e essa associação entre o sentir e o agir é o que proponho na faixa. É repleta de momentos intimistas, mas que forçam o corpo à ação.
Ambient War (feat. Bruno Mendonça) | É a versão contemplativa de War. A letra fica mais clara, e com ela, essa angústia distópica, mas também com o acalento da música, como um chamado de paz em meio ao caos.
A música conecta.