Skip to content
A música conecta

Faixa a Faixa | Kaltner – ANA KATA [NFTR]

Por Laura Marcon em Faixa a faixa 03.12.2020

Compondo o time de projetos inovadores do ano de 2020 está o selo NFTR, nascido após dois anos de trabalho através do coletivo de mesmo nome que realizava streamings de artistas da região de Campinas, estado de São Paulo, comandado por Devlin Gonçalves, Camila Gonçalves e Luis Cláudio

A gravadora tem foco no impulsionamento de novos talentos no mundo das artes e não se limita à música, já que explora também projetos visuais e, é claro, a junção de ambos em uma experiência singular. Desde a sua fundação, o NFTR já realizou três lançamentos e o último é o EP ANA KATA, assinado por Kaltner, artista sonoro-visual também de Campinas que trabalha com produção, composição, performance, trilha sonora e multimídia.

Convidamos Kaltner para falar mais sobre a ideia e processo de produção do seu projeto e ele o fez de uma forma especial, dando detalhes técnicos e da criatividade musical:

Kaltner

O EP surgiu da ideia de lançar duas faixas que são frutos da parceria com Jennifer Pyron, cantora e produtora baseada em Nova York. O nome do EP, ANA/KATA me veio como uma grande síntese das sensações que as faixas passam, e também por terem sido batizadas com nomes de galáxias. O conceito ana/kata é espacial e é emprestado da física. São termos usados para descrever as direções que estão para além de altitude, latitude e longitude, em resumo é o que chamamos de 4D. A produção das tracks ocorreu ao longo de alguns meses, experimentei diferentes breaks e transições entre as partes da track e também modelando timbres (principalmente dos sintetizadores) refinando frequências, criando o espaço em que as tracks aconteceriam através de experimentos com diferentes Reverbs e Delays. Mas foi com os processos de mixagem, feito pelo Eto Osclighter no estúdio Point of Bloom, é que as tracks tomaram um novo corpo e um balanço próprio. Buscamos um equilíbrio entre as duas tracks e com isso uma estética sonora para o EP. 

Para mim o processo criativo e também de finalização das músicas foi acompanhado fortemente pelo aspecto visual, criei uma série de colagens manuais nessa época e depois fizemos, junto do pessoal da NFTR, uma curadoria das imagens que mais se encaixavam no conceito espacial do EP. Me é muito natural essa criação intermédia que acaba geralmente materializada em um produto audiovisual; é assim para instalações, performances, e vídeo-arte; ou também quando as mídias se separam e vou só para a colagem ou só para a música. 

ALPHEKKA |  A galáxia que está exatamente sob o ápice de sua cabeça no céu, em um momento e região geográfica específico e serviu como um marco espaço-temporal para a criação da música. Através da manipulação desse material sonoro durante um tempo, uma vez que os “pedaços” da música estavam inseridos em meu live-set, a música se metamorfoseou em várias até chegar neste resultado. Sinto que a forma final de Alphekka traz uma história contada, uma narrativa com distintos ambientes, um início aéreo com um coro de vozes que guia toda a track, e também mais lento e com efeitos de glich na bateria e nos sintetizadores que depois se acelera e estimula com sintetizadores de timbres etéreos. 

VEGA | A produção de Vega tem camadas de sintetizadores que sofrem modulações no decorrer da faixa e chegam até timbres mais rasgados, em diálogo com um instrumental grave, e uma bateria de som profundo. Flerta com o gênero da eletrônica e bebe da fonte do Downtempo. Acho que um dos aspectos principais é a melodia de voz da Pyron que nos guia para uma jornada espacial e é acompanhada com a minha própria voz – com efeitos e mais ao fundo – e isso, eu acho que também marca um contraponto legal, usando das energias anima e animus, que é até um assunto da Psicologia e do tarô que conversamos durante as trocas de ideias na produção da música. A letra tem uma apelo dramático que me chamou muito atenção na versão original, e por isso quis explorar a canção, mas também focar em um outro lado e adicionar um instrumental mais sólido e com um rítmica às vezes bem reta, que no fim fosse além de comovente, fosse, também movente (do corpo e alma).

A música conecta.

A MÚSICA CONECTA 2012 2025