Uma nova análise conduzida pela jornalista e diretora da Clubbing.TV, Laureline Teste, confirmou o que há muito tempo vem sendo percebido por quem observa a estrutura dos lineups das grandes residências em Ibiza: a presença feminina e de artistas de gênero diverso segue em patamares baixos. Entre os 980 nomes analisados ao longo de cinco meses, apenas 214 se identificam como mulheres ou pessoas não-binárias. A pesquisa manual cruzou dados do Ibiza Spotlight e anúncios oficiais no Instagram, excluindo eventos incompletos para manter a consistência.
A diferença é gritante, especialmente em residências de peso na ilha, como Marco Carola na Pacha (9,7%), The Martinez Brothers no Hï (12,1%) e Circoloco no DC-10 (19%). Para Laureline, o problema é estrutural: “Você vê os mesmos residentes homens se convidando temporada após temporada, enquanto há uma geração inteira de artistas talentosas sendo jogadas para os horários de abertura ou pistas secundárias”. Por outro lado, eventos como Pyramid no Amnesia (33,3%) e Solèy de Francis Mercier no Chinois (28,6%) mostram que há um caminho possível para construir curadorias mais diversas sem perder relevância ou apelo de público, embora ainda estejam distantes de um patamar de equidade.
Apesar do leve avanço em relação aos dados de 2023, os números de 2025 reforçam um padrão que resiste a mudanças estruturais. A presença de mulheres e artistas de gênero diverso já não depende de descoberta ou formação — ela existe, é ativa e qualificada. A questão que se impõe agora é como redes de curadoria e poder estarão dispostas a rever suas dinâmicas para refletir essa realidade. Sem esse movimento, o desequilíbrio tende a permanecer, mesmo diante de um cenário artístico cada vez mais plural.