Quando escutamos falar em “malandragem” ou “malandro”, automaticamente associamos esses termos à vagabundagem ou à trapaceiros, que usam de outras pessoas para benefício próprio. Mas, apesar desse significado não estar completamente equivocado, na Umbanda o malandro segue outra premissa, sendo uma entidade que utiliza de sua esperteza para sobreviver e viver uma vida mais alegre, livre e focada nos prazeres. Nesta falange da religião, um deles se destaca: estamos falando de Zé Pilintra, tão popular que vai além dessas crenças, sendo uma figura bem difundida em termos culturais. E é sobre sua filosofia de vida, sua história e ligação que o novo trabalho de Zeo e Pérola discorre – e assim como consequência este texto.
Para falarmos sobre essa história, o caminho individual dos artistas diz muito. Zeo, conhecido por seu trabalho no duo Flow & Zeo, coleciona mais de 20 anos de carreira, com passagens por importantes clubes brasileiros, como D-EDGE e Warung Club, e internacionalmente, principalmente na Alemanha, se apresentando em casas icônicas do país como Ritter Butzke e Sisyphos, além de lançamentos por gravadoras como Katermukke e Get Physical. Em carreira solo, sua trajetória é recente, mas tem boas pretensões, construindo uma sonoridade dinâmica, cheia de groove, energia e fluidez.
Do outro lado deste projeto, se apresenta Pérola, com sua experiência em múltiplas linguagens artísticas, como música, artes visuais, jogos e tatuagem. Formada em música pela UNIRIO, dedicou a última década da sua carreira à arte experimental, expondo em diversos países como Itália, Portugal, Estados Unidos e Áustria, colaborando com grandes instituições, como o museu Albertina de Viena, em projetos urbanos interativos. Agora se dedica também à criação musical, trazendo narrativa poética elaborada e experimentações para a música eletrônica.
Essa jornada até então se desenrolava de maneira individual, apesar de já se conhecerem, mas um fator os uniu, mostrando que capítulos conjuntos precisavam ser escritos. Quem proporcionou esse encontro foi Zé Pilintra e a especial ligação que possui com os artistas. “Quando encontrei com a Pérola, em nossas primeiras conversas percebemos que o Zé era algo que tínhamos em comum, nos fortalecendo e nos ajudando a chegar até aqui com esse projeto que vai muito além da música e transmite um sentimento lindo de fé, amor, gratidão e humildade.”, conta Zeo.
O encontro entre eles conectou suas experiências musicais e religiosas, guiando este caminho que parecia desconexo, com sentido e propósito. A partir de então, Zeo e Pérola entenderam que trazer a vivência da Umbanda para a música era algo que precisavam fazer, mostrando quem são, acreditam que, como isso os ajudou em momentos de dificuldade, agora tornaram-se portadores dessa mensagem.
“A história seguirá seu curso e nós seremos apenas veículos dessas entidades mágicas que estão aqui para ajudar não só a nós, mas a qualquer um que recorra a elas.”, contempla Pérola. Neste contexto eles apresentam “Trilogia à Seu Zé Pilintra”, série de faixas que abordam suas crenças dentro da Umbanda, duas delas destinadas à Zé Pilintra e uma à Maria Padilha Rainha do Cruzeiro das Almas. O primeiro single do projeto “Eu Menti Pra Ela Zé / Eu Ando Triste Ô Zé” já está disponível desde o dia 07 de julho, apresentando um ponto – música entoada nas giras – de autoria de Larissa Batista.
As criações sonoras e visuais caminham juntas, de acordo com os acontecimentos. As letras e melodias do segundo e terceiro capítulo foram escritas por Pérola para o Zeo. Os dois primeiros pontos amarram a narrativa poética, que serve como base para que as melodias e os arranjos se desenvolvam. Trazendo inspirações da musicalidade brasileira, R&B e afrobeats, Zeo criou os grooves que mesclam essas sonoridades, mixando e masterizando as faixas com perspicácia. Pérola, além de cantar e colaborar no arranjo, é responsável pela parte visual do projeto.
No vídeoclipe da primeira faixa estão presentes cenas de algumas das giras frequentadas pelos artistas em Sepetiba. Na ocasião, eles mostram um pouco mais sobre a figura do Zé Pilintra, além de evidenciar os conselhos e a importância dessa entidade em seus caminhos, os guiando com malandragem – aqui ligada à sua resistência libertária junto à falange dos mestres capoeiristas, que usavam o gingado para ludibriar seus opositores, seja em lutas corporais, intelectuais ou espirituais – àquilo que os fazem felizes e representam quem são. Assista:
Com mais duas faixas para serem lançadas, Zeo e Pérola adiantam mais detalhes do projeto: “O primeiro single gira todo em torno da figura do Seu Zé, porém, no segundo single já aparece a Cruzeiro (Maria Padilha Rainha do Cruzeiro das Almas), evidenciada no videoclipe. O terceiro single, completando o EP, traz a união dessas duas Entidades, representando o feminino e o masculino em seu novo paradigma.”, explicam
Eu Menti Pra Ela Zé / Eu Ando Triste Ô Zé está disponível no Apple Music, Spotify e demais plataformas.
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Conecte-se com Pérola: Instagram
A música conecta.