Um novo relatório da plataforma Capital on Tap prevê que 57% dos clubs e pubs de Londres devem fechar até 2030. O estudo, chamado The UK’s Nightlife Report, analisou o ritmo de fechamento de estabelecimentos entre 2022 e 2025, cruzando dados com buscas locais por espaços noturnos e a proporção de venues por habitante. Apesar da capital britânica apresentar uma taxa de declínio mais lenta que a média (17,79% desde 2022), sua densidade atual — apenas 1,5 clubes e 9,7 pubs para cada 10 mil pessoas — é uma das mais baixas do Reino Unido.
O cenário se agrava em outras cidades com vida noturna ativa. Leeds, Brighton e Bristol podem perder mais de 60% de seus espaços até o fim da década, e Leicester aparece como o caso mais extremo, com previsão de 65,85% de encerramento das atividades. Em contraste, Manchester surge como exceção, com alto volume de buscas mensais por clubs e pubs e uma relação mais saudável entre oferta e demanda — sinal de que políticas públicas, densidade cultural e apelo local ainda podem fazer a diferença.
Embora o estudo seja voltado ao contexto britânico, ele aponta tendências que reverberam globalmente. Em grandes centros urbanos do Brasil, como São Paulo e Porto Alegre, observa-se um movimento silencioso e contínuo de esvaziamento de espaços — seja por pressão imobiliária, falta de incentivos ou ausência de políticas noturnas estruturadas. A urgência de pensar o direito à noite e à cultura como parte do urbanismo é clara. Sem ações coordenadas, o risco é o apagamento progressivo de ecossistemas criativos inteiros.