Skip to content
A música conecta

Alataj entrevista Cris d.

Por Alan Medeiros em Entrevistas 23.01.2019

Poucos estados no Brasil fornecem um cenário tão fértil para o desenvolvimento de talentos no cenário eletrônico quanto o Rio Grande do Sul. Terra de festas e clubs como Levels, Beehive, Colours, Sunset Sessions, Infusion e Cultive, o estado tem se destacado bastante no processo de revelação de DJs e produtores, que pouco a pouco vão expandindo seus campos de atuação e exportando a cultura de pista gaúcha para outras regiões do Brasi. Entre os nomes dignos de destaque nas últimas temporadas, Cris d. aparece com mérito.

Cris é um verdadeiro apaixonado pela arte da música eletrônica. Dono de uma extensa pesquisa musical que permeia o house e o techno, ele também desenvolveu seu próprio live act e atualmente se apresenta nos dois formatos. Residente do Muinho Club de Farroupilha e co-fundador da festa Beat on Me ao lado do amigo e parceiro de estúdio Mau Maioli, Cris tem se consolidado como um dos grandes agitadores culturais do estado e nesse bate-papo exclusivo com o Alataj, ele conta mais sobre sua carreira:

Alataj: Oi, Cris! Tudo bem? Obrigado por nos atender. Sua versatilidade musical pode ser apontada como uma das principais características de sua carreira. Como foi pra você desenvolver esse perfil ao longo dos anos?

Cris d.: Olá pessoal do Alataj, muito obrigado pelo espaço. Fico muito feliz com esse reconhecimento da minha versatilidade. Acho que desenvolvi ela ao longo dos anos de experiência nas pistas, frequentando festas e pesquisando bastante. Sem duvida eu já toquei em diversos horários, inclusive warm ups com valor sentimental, dessa forma minha preocupação sempre foi o respeito com a crescente do line up ou como o público iria reagir a cada ação proposta por mim. Isso criou uma rotina nas minhas pesquisas que abriu mais e mais essa versatilidade, tanto que acabei levando esse perfil para as minhas produções. Se você as comparar, vai notar que mesmo dentro de um estilo, há elementos diferentes. Isso foi algo que não aconteceu do dia para noite não (risos). Claro que tem um pouco dos meus gostos musicais como Tim Maia entre outros artistas que vejo pouco sendo tocado, mas sempre que rola nas pistas a resposta do público é sem igual.

Além da discotecagem, você também possui um live act estruturado. Como você se enxerga enquanto artista atuando frente a esses dois formatos distintos de apresentação? Em qual deles você se sente mais confortável?

Uma responsabilidade imensa sem duvida, um live tem todo um planejamento e aceitação que sempre é bem mais complicada nas pistas, assim trabalho todos os dias em tracks novas para colocar, mas sem deixar o meu projeto de DJ set de lado. Muitas vezes com as respostas positivas que tenho recebido do público em minhas apresentações do projeto, acabo me colocando como um reflexo para os que estão estruturando os seus. Fico um pouco triste pelo falto de termos pouquíssimos lives no RS e isso me mostra que ainda temos que abrir mais essa cultura do “computador ou instrumentos” na pista, pois vejo produtores irados não trabalhando nesse formato por um pouco de resistência ou até preconceito. Eu me sinto confortável em ambos, sou apaixonado por computadores e todas coisas que posso usar para tocar no projeto, assim como ficar em horas de discotecagem… não tenho um preferido e se depender de mim vou manter ambos sempre.

Seu currículo de pista conta com apresentações em boa parte dos principais clubs e festas do Rio Grande do Sul, o que te credencia a ter uma visão bastante privilegiada sobre a cena do estado. Dito isso, qual sua avaliação referente ao atual momento do RS na dance music?

Fico bem feliz pelos lugares que já passei e as apresentações que eu pude entregar. Notei que existem muito talentos escondidos ainda, pessoas maravilhosas e de um trabalho imenso que ainda não despontaram. Temos cidades como Santa Maria, que está fazendo um trabalho lindo com sua região, assim como a serra gaúcha que se mantem firme e forte para entregar ótimas experiências. Acho que vivemos um momento muito bom no Rio Grande do Sul, porém falta um pouco de conexão entre os núcleos para avançarmos ainda mais. Admiro muito o que criamos e tenho orgulho de fazer parte desse estado.

De que forma sua residência no Muinho Club e o desenvolvimento do projeto Beat on Me colaboraram para sua evolução enquanto artista?

Ser residente de um lugar é maravilhoso, ainda mais como Muinho que me acolhe como um filho. O Gustavo e a Natalia sempre foram sensacionais e dão liberdade total na parte sonora, isso como artista me ajuda a crescer com essa “ousadia” que eu posso ter nos sets, testando musicas novas minhas ou de artistas que gosto, além de ter uma incrível responsabilidade de levar o nome do club. A Beat On Me já me mostrou como um artista deve ter seu respeito perante aos outros, hoje junto com meu melhor amigo Mau Maioli, tentamos dar a melhor sensação para quem está dentro das pistas ou vai tocar, por isso nos preocupamos em cada edição para encaixar da melhor maneira DJs e projetos novos, sempre se colocando no lugar deles. Afinal, qual DJ não quer tocar em uma festa e dizer que quer voltar logo, não é?

Quais são seus principais objetivos a vista e projetos em desenvolvimento para a temporada 2019?

Vários, sempre tento colocar metas a cada virada de ano e aos poucos elas vão saindo do papel. Um deles é levar mais minha música a outros estados, estou bem feliz com a minha volta ao D-EDGE e a minha estréia em Santa Catarina na Trip to Deep, mas sem duvida alguma, ainda quero chegar a mais lugares. Desenvolver mais meu live é algo que jamais vou parar de fazer [risos] e já tenho alguns convites para lançar em labels algumas tracks minhas. Outro é um canal de podcast somente para lives e futura festa que estou desenvolvendo e lanço em breve para estimular mais ainda esses produtores/músicos.

Na sua opinião, quão importante é a criatividade na carreira de um DJ e produtor? Inspiração ou transpiração: o que é mais importante?

10000% [risos]. Eu sou apaixonado por produtores que usam pensamentos “fora da caixa”, que sampleam coisas distintas e criam de forma inusitada. Artistas como L_cio, Giorgia Angiuli e Four Tet sempre estão no meu radar de pesquisa ou de referências para produção, tanto que uso muito isso. A Fox, track minha com o Mau lançada em vinil, foi sampleada de uma animação do Pequeno Príncipe original de 2015. Quanto a segunda pergunta: inspiração sem duvida. Eu procuro muita coisa e uso todos canais que posso para tirar ideia de músicas, do Netflix a videos do Facebook, criatividade junto com inspirações diversa me ajudam a criar ótimas músicas.

Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida?

Por causa dela que eu tive as melhores noites da minha vida… acho que ela representa parte da minha felicidade.

A MÚSICA CONECTA.

A MÚSICA CONECTA 2012 2024