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A música conecta

Special Series | Renato Cohen

Por Ágatha Prado em Special Series 20.11.2020

Como o próprio nome diz nosso Special Series traz uma breve história de artistas nada menos que especiais. Nomes que marcaram e carregam o poder transformador, ao seu modo, para a cena que constróem seja nacional ou mundo afora. Na coluna de hoje, falaremos um pouco dessa figura que palavras não são o bastante para descrever a relevância criativa, inspiradora e, por que não, ousada e engenhosa de Renato Cohen, um dos maiores representantes da cena eletrônica nacional em nível mundial.

Um verdadeiro Punk rocker de raíz, Renato já tocava bateria antes mesmo de aprender a tabuada completa. Desde oito anos já se envolvia com música e experimentos sonoros que ditavam suas influências do Rock n’ Roll, origens essas que foram fundamentais para a construção de uma assinatura fora da curva. Lá no início da década de 90 Cohen se apresentava junto a sua banda de Punk Rock, Disk Putas, por entre os becos do underground paulista, já mostrando que a cultura do submundo predominava em suas veias.

Sua paixão por equipamentos de estúdio e curiosidade nata por processos e produção musical foi criando corpo através de horas de aprendizado. Como muitos produtores em começo de carreira, a tentativa e erro foi o mecanismo para chegar no resultado em constante evolução. Mas foi em 1996, que nos porões do Hell’s Club, Renato se apresentava pela primeira vez com  seu Live PA arrebatador.

+++ Minha Primeira Gig | Renato Cohen

A carreira de DJ de Renato Cohen chegava como um complemento à sua desenvoltura como produtor, passando por clubes emblemáticos como Base, Bunker, e o tradicionalíssimo Aloca. Por volta já dos anos 2000, Cohen já colecionava seu punhado de faixas autorais, voltadas para um Techno diferente daquilo que até então circulava. Sua identidade rebelde, complexa e plural culminou em seu primeiro pontapé para o reconhecimento mundial de seu trabalho. 

E digamos de passagem: pontapé é a palavra. Foi com a faixa homônima que Renato Cohen foi o primeiro artista brasileiro a lançar no selo de Carl Cox e C-1, o Intec. A faixa não só foi um sucesso, mas foi um hit nas pistas da Europa, que requisitaram a presença de Cohen nas mais diversas e emblemáticas casas noturnas e festivais europeus como I Love Techno, Dance Valley, Nature One e Love Parade.

A partir daí a carreira de Renato Cohen engatou a quinta marcha. Combinando o Techno com misturas inusitadas de Electro, Disco e House, com uma facilidade natural, suas composições ecoavam por uma tonalidade única que encantava a gregos e troianos. Embalando singles e remixes por selos como SINO, CLR, Technasia Records e Clash Music, Renato distribuía seu olhar inventivo para projetos ousados com da faixa Suddenly Funk o seu remix para a trilha sonora do filme Cidade de Deus, Hard Galinha. Em 2009, Cohen lançou seu primeiro álbum, Sixteen Billion Drum Kicks, pela SINO, um passo que consolidou ainda mais a originalidade de seu trabalho autoral.

Na sequência viriam parcerias além dos decks, com outro fenômeno nacional Anderson Noise, onde dividia ao seu lado a curadoria da Noise Records. Ainda como curador, Renato Cohen utilizava de sua visão experiente para a psicodelia para o trabalho no selo Quadrado Mágico, gravadora focada no Rock psicodélico com veia de atuação também voltada para lançamento de EPs de remixes de bandas indies nacionais. Ainda há pouco mais de dois anos, Cohen deu start ao label Massa Records, gravadora voltada para um misto de Techno, House e demais desmembramentos sonoros foras da curva, lançando trabalhos de artistas nacionais como Trepanado, Amanda Mussi, Tessuto, L_cio.

Como já dizia no início do texto, tais palavras ainda são pouco para sintetizar a imensidão dos trabalhos e influência de Renato Cohen sobre o cenário nacional que vivemos hoje. Se levarmos em conta somente a cena paulistana, Renato é um grande propulsor criativo inspirando artistas noites adentro em seus quase trinta anos de carreira. Sob a ótica nacional, um artista visionário em constante evolução. Para o mundo, um brasileiro rompedor de paradigmas.

A música conecta.

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