Shanti, Shanti, Shanti, essa é uma das saudações mais bonitas do hinduísmo. Denota tranquilidade e paz em seu estado mais elevado e diante de toda a complexidade do sânscrito, é uma das palavras que soam mais bonitas nos mantras e declamações.
Quando pensamos em tudo que soa bonito, pensamos em música, em transmiti-la, conectando os seres que a apreciam. Se a ideia de Shanti Celeste é transmitir paz divina através da música, de fato não sabemos. A verdade é que ela mesma diz não se levar tão a sério com relação a sua pretensão, visto seu curto tempo de carreira versus seu reconhecimento a nível mundial; mas é nessa despojada tranquilidade e leveza que a jovem artista vem causando boas marcas por onde passa.
Mas sabendo um pouco mais sobre sua história dá pra entender o motivo dessa despretensiosidade toda. A artista é chilena, porém no início de sua adolescência mudou-se para o Reino Unido onde começou a frequentar clubs e festas rave em Bristol. Neste período, conheceu Chris Farrel, fundador da gravadora Idle Hands, que lhe ofereceu um emprego e, disposta a ir com o fluxo em sua vida, as coisas mudaram completamente de lugar.
De chefe à sócio, Shanti e Chris fundaram um label em parceria chamado BRSTL, por onde ela posteriormente viria a lançar Need Your Lovin (Baby). Ainda em Bristol, ela abriu seu próprio club, o Housework, que tinha a intenção de atrair DJs de outros locais para a cidade. Ali também foi onde ela deu seus grandes passos na discotecagem pois, como residente, fez da pista de dança seu laboratório, moldando e evoluindo suas habilidades e pesquisa musical.
Suas conquistas até então não eram ainda suficientes e passados alguns anos a artista foi com afinco sanar essa sede em uma das capitais mais importantes do eixo da música eletrônica no mundo: Berlim. Lá ela pôde desbravar música e a multicultura nas contemporâneas tendências de uma capital que respira o estilo musical. Não demorou muito e ela já criou sua própria label, a Peach Discs, com o objetivo inicial de lançar suas criações com liberdade, mas que hoje tem proporções respeitosas no cenário. Ela ainda deu início ao seu programa de rádio na NTS Radio, uma plataforma especializada em música e eventos em Londres, onde mantém se apresentando mensalmente.
Shanti segue encantando pistas de dança com seus sets irregulares em suas construções musicais sem perder a mistura classy e cool, que são algumas de suas marcas sonoras bem abarcadas pelo Detroit style. Ainda, Shanti faz parte da aclamada e afiada turma Dekmantel, integrando lineups especiais e de vanguarda, característicos à sua curadoria. Inclusive já esteve aqui na terrinha, onde se apresentou no saudoso Dekmantel São Paulo 2017 e foi uma ótima surpresa para quem viveu seu set.
+++ Dekmantel: um festival para o Brasil guardar no coração!
Parece que Shanti Celeste está sempre curiosa, sempre se reinventando sem cair na zona de conforto. Então podemos ter certeza que esse nome místico vai rodear nossa mente musical muitas vezes ainda. Sorte a nossa se isso vier também nas pistas.
A música conecta.