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A música conecta

Spice & Music | LuizFribs relembra sua ótima experiência gastronômica enquanto esteve no ADE

O goiano LuizFribs apareceu aqui no Alataj recentemente para um episódio do Troally entregando um mix poderoso com altos BPMs que reflete muito bem sua identidade sonora dentro do Techno. Nós temos acompanhado seu trabalho mais de perto desde o ano passado, quando remixou a faixa Trinity, originalmente do duo indiano Seventh Sea, pela Nin92wo

De lá até aqui ele lançou outros ótimos trabalhos com destaque para os EPs neste ano pela trau-ma, Black Square Recordings e seu mais recente Circuit novamente pela 92. Aconteceu que, além do seu talento para produção, descobrimos também seu amor pela culinária através de pratos incríveis que ele costuma compartilhar nas redes sociais, a grande maioria preparada por ele mesmo.

Luiz é mais um artista que possui um carinho especial por comer bem, principalmente quando viaja para tocar em lugares inéditos. A nosso convite, ele topou contar em detalhes uma experiência gastronômica que teve em 2018 quando pôde participar pela primeira vez do ADE, em Amsterdam. Já pode se preparar para ficar com água na boca.

LuizFribs

Quem me acompanha no instagram (@luizfribs) sabe que estou sempre cozinhando quando tenho um tempinho, e levo isso como um dos meus hobbies favoritos. Logo, sou daquele tipo de pessoa que acha que a parte mais importante de uma viagem é conhecer a gastronomia local [risos].

Quando tive a oportunidade de conhecer Amsterdam em 2018, durante o ADE, sabia que teria uma agenda corrida caso quisesse acompanhar todos os workshops, talks e palestras que me interessavam, além das festas noturnas, claro. Nestes dias, nossa alimentação não era das melhores, comemos fast-food algumas vezes e saímos pouco para jantar em algum lugar legal. Por isso, reservei mais cinco dias na cidade para conhecer os lugares turísticos, museus, parques e restaurantes com mais calma. 

Foi num destes dias que eu, já sozinho (meus amigos já haviam ido embora da cidade), resolvi visitar um dos restaurantes que me foram bem falados da cidade: o PESCA. Como o próprio nome sugere, a casa trabalha exclusivamente com pescados, todos obtidos localmente. Logo de cara, o restaurante foge do padrão que somos acostumados a ver. A recepção imita um mercado de peixes com opções frescas que são repostas diariamente, e o modelo de funcionamento do restaurante gira todo em torno deste “mercado”, intitulado de “Theatre of Fish”. Ali, uma hostess gentilmente te pergunta se já conhece a casa e, caso negativo, te explica este funcionamento.

Antes de ser direcionado para sua mesa, é necessário passar por algumas etapas que compõem a experiência. O mercado é a primeira delas, possui dois “vendedores” e cada um atende um grupo (mesa) por vez. Assim que chega a sua vez, são te mostradas todas as opções e valores do dia, e você tem a liberdade de escolher uma ou várias das coisas que tem ali, montando, assim a sua sequência de entrada(s) e prato(s) principal(is), e escolhendo a ordem que deseja receber cada uma. Depois de escolher, o vendedor apresenta três formas diferentes de preparo que a casa disponibiliza para cada produto, e você escolhe a que mais te interessou (sem custo adicional) e alguns acompanhamentos extras caso deseje. Vale comentar que no dia em que fui a casa estava bem cheia (não me lembro se eles permitem reservas), e tive que aguardar pelo menos uns 40min para chegar minha vez de ser atendido.

Feito isso, os vendedores pesam o que você escolheu, te informam o valor e já encaminham o produto para a cozinha. Dali, parte-se para a segunda etapa. Você é encaminhado para uma pequena e simpática adega, que imita um mercadinho de vinhos, onde um sommelier te mostra todas as opções disponíveis (permite algumas degustações) e você escolhe o que irá beber. Se optar por não tomar vinhos, basta informar ao atendente que ele já te direciona para um bar (caso ainda não haja mesas disponíveis) ou para a sua mesa (caso haja). Assim que você vai para sua mesa, o tempo de espera até a comida chegar não é tão grande, tendo em vista que enquanto passava por estas etapas, seus pratos já estavam sendo preparados.

O salão tem ambientação bem moderna e descontraída, e tem vista para a cozinha, sendo assim possível ver tudo o que está sendo preparado. No bar, você pode escolher entre cervejas, refrigerantes, drinks, etc.

Na minha visita, escolhi camarões e atum, e tomei um vinho chamado Petit Bourgeois Sauvignon Blanc (este de rótulo branco na prateleira do canto inferior esquerdo). Para a sequência, preferi que os camarões viessem como entrada, já que optei pelo preparo dos mesmos na manteiga de ervas com bastante alho. Em seguida, veio o atum, que optei por um preparo em que ele era levemente selado de apenas um lado e cru no restante, emergido num molho a base de shoyu, sakê, gengibre e algumas especiarias. Por cima, eram dispostos pickles de algas e de gengibre. Pedi um acompanhamento de batatas fritas com maionese caseira (se não me engano foram €4 ou €5 a mais). Estava tudo maravilhosamente bem preparado, saboroso e com apresentações bonitas. O atum era realmente fresco e tinha uma textura incrível. Os camarões, segundo um dos atendentes, eram pescados no mar da região, foram servidos no ponto ideal de cocção e também tinham um sabor surreal. O vinho foi indicação do sommelier com base nas minhas escolhas de pescados, e harmonizou perfeitamente com os pratos.

A equipe é composta por pessoas jovens, gentis, bem animadas e humoradas. O atendimento foi bastante agradável, e todos conversavam tanto em inglês como em holandês. Quanto à faixa de preços, o restaurante se enquadra em $$$, mas tudo vai depender do que (e a quantidade) for escolhido no mercado e na adega. Dá para gastar um pouco menos em opções mais em conta e abrindo mão do vinho. Entretanto, para a realidade brasileira, com a nossa moeda bastante desvalorizada frente ao euro, é necessário ter em mente que vai ser preciso reservar uma quantia significativa para jantar ou almoçar por lá. Pesando pelos dois lados, acho que vale muito a pena por tudo que a casa oferece. Espero poder voltar por lá mais vezes no futuro!

A música conecta.

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