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A música conecta

Jessie Ware segue aproximando o Pop da pista eletrônica

Por Isabela Junqueira em Storytelling 18.05.2023

O que torna um artista excepcional? Essa sem dúvidas é uma pergunta subjetiva, afinal são incontáveis variáveis. Mas existem algumas unanimidades que são indiscutivelmente importantes, como a capacidade de se superar e surpreender a cada novo projeto. E é justamente nessa dinâmica que evocamos a inconfundível Jessie Ware. Seu recém lançado That! Feels Good! apresenta 10 faixas que revelam ao mundo uma verdadeira diva. Inclusive, alguns segundos da faixa-título já são suficientes para evidenciar isso.

+++ Relembre o editorial sobre a aproximação do Pop com a música de pista

No editorial mencionado no link acima, trazemos à tona uma discussão interessante sobre o eterno flerte entre o Pop e a música de pista, evocando alguns exemplos pontuais como Dua Lipa, Kylie Minogue e a sempre incomparável Madonna. Um fato curioso é que That! Feels Good, tem produção do renomado Stuart Price (o mesmo produtor de Confessions On A Dance Floor, da Madonna e Future Nostalgia, de Dua Lipa), ambos álbuns mencionados como exemplificação nesse longínqua relação. Agora Jessie Ware serve como mais um reforço (e fruto) dessa relação.

Mas antes de nos aprofundarmos, é importante pontuar que pairava um grandíssimo questionamento se Jessie seria capaz de superar seu último álbum, What’s Your Pleasure?, lançado em 2020. O álbum foi uma espécie de retomada à imersão da cantora britânica aos “inferninhos” da disco, visto que o álbum anterior Glasshouse, de 2017, foi concentrado em um universo mais Pop, o que acabou fazendo alguns fãs se frustrarem. Em 2020, Jessie passou por esse “resgate artístico” já em uma movimentação que a conduziria ao presente: entregar um álbum inquestionável.

Em That! Feels Good!, a artista não só abandona as delimitações entre a Disco, Jazz e Pop, mas infusiona essas esferas criando uma atmosfera que indica muito bem o que ela sempre foi: dinâmica e ousada. É claro que o clima nostálgico da Disco — predominante pelo álbum — é fundamental para dar o tom robusto do projeto, mas as excelentes referências extraídas dos contrastes entre o Jazz e o Pop foram essenciais para dar o polimento (ou melhor, brilho rs) ao trabalho que hoje consagrada o ápice de Jessie.

Com esse lançamento, definitivamente todos saíram ganhando, mas para quem é fã de música de pista, o álbum é um prato cheio. E também serve como um exemplo em tempo real do quanto a música de pista tem a colaborar para o universo Pop. Jessie soube explorar esse flerte a partir de um olhar que embora muito técnico, também foi detalhista e cuidadoso ao atender o que o seu público esperava — e entregar muito mais. Como explicar os sentimentos que Free Yourself evoca? Essa faixa em particular funciona como uma síntese perfeita do que é o álbum: uma obra capaz de agradar desde fãs de Giorgio Moroder aos millenials que consagraram Dua Lipa. 

Mais do que teletransportar ao “tempo da brilhantina”… Ware mantém a disco music viva e fresca, seja para as gerações que viveram a ascensão do ritmo ou mais distantes do movimento que a originou. É tranquilo afirmar que Jessie se posiciona de forma extraordinária ao conectar o Pop com a música eletrônica de pista, com um som que cruza gerações e inclusive serve como uma verdadeira escola do que é música boa — principalmente em tempos de escassez.

A música conecta.

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