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A música conecta

Josh Wink: uma lenda além da barreira dos gêneros

Por Ágatha Prado em Storytelling 27.02.2023

Grande parte do cenário musical pulsante, sui generis e cada vez mais surpreendente que vivemos hoje na música eletrônica, se deve aos trabalhos de lá de trás, de alicerces que os pioneiros dessa cultura construíram com uma autenticidade que transformou os ouvidos e opiniões das pistas de dança. Entre esses grandes mestres que consolidaram trabalhos lendários dentro do Techno e do House mundial, Josh Wink é daqueles que reverenciamos sua potência e sua inovação criativa, mesmo após três décadas de trajetória.

Se você é pesquisador musical ou mesmo um clubber de carteirinha, já deve ter entrado em transe alguma vez ao som de Higher State of Consciousness, uma faixa que “fez escola” quando o assunto é acidez frenética para as pistas de dança e segue sendo uma icônica atemporal para a história da e-music. Essa é apenas umas das pérolas do catálogo gigantesco de Wink, que se destaca por sua versatilidade e domínio de múltiplas estéticas que configuram sua paleta sonora.

+++ Relembre: Iconic | Josh Wink – Higher State of Consciousness

Tribal, Techno, House, Acid, Breakbeat, Ambient além de um toque original que combina referências musicais totalmente inusitadas vindas da mente criativa de Josh Wink. Nascido na Filadélfia, o artista foi – e ainda é – um pilar da cena rave americana, tanto por sua precisão suntuosa e enérgica à frente das pistas, como por suas produções peculiares que ganharam multidões, e também, por seu trabalho junto à Ovum Recordings – gravadora que está prestes a completar 30 anos de jornada com centenas de lançamentos consagrados para o cenário eletrônico.

O próprio Josh Wink descreve sua assinatura musical como sendo “construída em torno da tensão”. Tudo começou a partir da relação do artista com o instrumento que se tornou seu fiel escudeiro: o TB-303 da Roland, gastando horas e horas a fio decifrando timbres, estudando padrões, adaptando novas combinações a partir do processo de “tentativa e erro”. A partir de então, a combinação com outros equipamentos analógicos, e a premissa  de usar “qualquer instrumento que possa ser tocado” – seja computador ou hardware – se tornaram réguas e compasso para o desenho criativo e ousado de Wink.

Se analisarmos as composições de Josh lá atrás, na época do seu primeiro EP Tribal Confusion – lançado pela Strictly Rhythm em 1989 – e formos avançando por trabalhos como Left Above the Clouds – álbum debut lançado pela Nervous em 96 – ou mesmo, When A Banana Was Just A Banana de 2009, vemos que a facilidade do artista de caminhar por um leque de estéticas que se complementam na formação de sua narrativa. Entre o Tribal, Deep House, House, Ambient, Techno, Acid, há uma célula musical chamada Josh Wink, que apesar dessas variações rítmicas, conectam-se em uma unidade comum e facilmente notável.  

Seus últimos trabalhos lançados no ano passado, como o EP Mind’s Eye e a collab com Truncate para Let Go, prova que a potência tecnológica do produtor permanece atualizada, e alinhada com o calor das pistas contemporâneas. Atualmente apresentando uma linha mais densa, crua e com reverência ao oldschool, não é difícil de imaginarmos que Josh Wink pode a qualquer momento quebrar mais uma vez esse novo padrão estético, ao brincar com outros estilos, mas sem jamais perder o brilho de sua identidade. 

Cada composição é como uma tatuagem e tem uma história para acompanhar. Não tenho vergonha de nada que lancei até agora. É interessante ouvir minha progressão conforme fui me tornando um produtor-escritor mais variado e experiente ao longo dos anos”, descreve Josh Wink, em uma entrevista à Roland. Dessa forma, é nítido que para um artista preservar o posto de “lenda” durante tantos anos, é necessário conservar dois atributos que Josh tem de sobra: visão e transformação.

A música conecta.

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