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A música conecta

Paramida: completa, moderna e versátil

Por Isabela Junqueira em Storytelling 28.01.2022

Em 2018, Chico Cornejo recebeu Paramida aqui no Alataj para uma entrevista onde ele bem pontuou: ela não é para todos. Seis anos se passaram, e Chico… você segue absolutamente certo! O terceiro storytelling deste ano, se debruça sobre a interessante história, feitos e projetos da DJ. Buscamos trazer à luz os aspectos que tornam essa 90s kid uma completa, moderna e versátil protagonista da House Music que desponta como expoente de um nicho que bebe abundantemente em referências clássicas para formar uma assinatura contemporânea com pesquisas a nível global que integram o Acid, passando pelo Deep, Disco e, como boa alemã, aquele toque inegável de Trance.

+++ Relembre: Alataj entrevista Paramida

A potência musical de Paramida aflorou enquanto ela ainda morava na conservadora cidade de Frankfurt. Apaixonada pela cena clubber que via em Berlim durante as férias na adolescência, não foi difícil desenvolver a paixão pelas sonoridades sintéticas, visto que ela faz parte da geração Z, que já nasceu embalada pela ebulição da House Music — principalmente pela Europa. Mas algo a travava, mais especificamente, sua localização. A DJ não via uma possível contemplação à sua singularidade em meio ao cenário cultural de Rhine-Main, onde em entrevista, Paramida classificou-se como a “esquisita”. Diante do potencial incompreendido, restava uma escolha: partir para a sonhada Berlim.

Paramida chegou em Berlim em 2010, levando na bagagem não só a ampla coleção de discos, mas o espírito e sonhos de quem era boa demais para se limitar às regras invisíveis de sua cidade natal. Foram apenas alguns meses até conseguir um trabalho na loja de discos OYE Records, onde a DJ aprofundou intensamente a pesquisa musical enquanto se desenvolvia na função de DJ da forma mais assertiva possível: se abrindo às possibilidades que a frenética noite berlinense origina. Entre residências importantes como na Cocktail D’Amour (festa LGBTQIA+ berlinense) até as turnês pela Europa, Ásia, Austrália e América do Sul, a consistência de Paramida como seletora reflete essa longa e prolífica caminhada.

Caminhada essa que é refletida tanto na responsabilidade da atual residência no Panorama Bar (desde 2020), quanto na label Love On The Rocks, fundada em 2014 pela digger. O catálogo da gravadora agrega reprodutores dispostos a ousar, mergulhando em ambiências culturais para reunir à elementos que abraçam desde o Nu Disco até o Progressive House com breaks e grooves mantendo o laço clássico. A partir dessa estética bem estruturada, a seletora estabeleceu uma teia ligando produtores que também atuam pela ótica de sua seleção musical — o que a rendeu destaque como expoente desse precioso e potente movimento.

A partir de hinos dignos de pistas energéticas e lindos 12″, a LOTR coleciona um time de produtores de emocionar e esquentar corações dos amantes dessa roupagem que mescla o clássico e contemporâneo com exatidão na House Music. Alex Kassian, Das Komplex, Ess O Ess, Fantastic Man, Massimiliano Pagliara, Peyote Dreams, Romie Singh, Roza Terenzi, Telephones — entre incontáveis outros que dão vida à um catálogo cuja força central emerge na sagacidade de fazer músicas que acompanhem a euforia das pistas.

O primeiro lançamento de Paramida foi recentemente, inclusive. Mais precisamente em outubro do ano passado a alemã estreou como produtora, presenteando o mundo com o álbum Dream Ritual. O álbum marca o debute de Paramida na LOTR e não está disponível em versões digitais, ou seja: quem comprou o vinil, comprou. Para se ter uma ideia, o compilado foi composto a partir de duas faixas originais — a faixa-título Dream Ritual e French House 2000 — e dois remixes assinados por “apenas” por Eris Drew e Octo Octa em versão Alchemical Sisters Dub e Youandwean, respectivamente.

Paramida já coleciona algumas boas apresentações pelo Brasil, passando pela pista da Heimatlos e da Gop Tun. E é exatamente para a maior festa já produzida pelo selo que ela retorna, comemorando os dez anos de atuação dos rapazes frente à Gop. No dia 02 de abril, em São Paulo, a celebração reunirá mais de 40 artistas (nacionais e internacionais). Sendo uma velha conhecida da Gop Tun, ela certamente tem ciência do espaço de liberdade para manifestar sua potestade musical. Enquanto isso, delicie-se com o set dela para o Na Manteiga Rádio.

A música conecta.

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