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A música conecta

Um artista como DJ, outro como produtor: Floating Points

Por Isabela Junqueira em Storytelling 23.12.2021

Há quem diga que as atuações como DJ e produtor musical caminham juntas e alinhadas e há quem discorde. Sam Shepherd, mais conhecido como Floating Points, certamente é do time dos que discordam. Mas ele não só discorda com esse molde ou alinhamento “engessado” — ele comprova que é possível atuar nas duas funções primorosamente, mesmo que elas (literalmente) soem completamente distintas.

Mas antes de nos aprofundarmos nas atuações do britânico, faz-se necessário compreender com mais profundidade, afinal, quem é Sam Shepherd. Antes de DJ e produtor, Shepherd é neurocientista — o que já explica essa capacidade de transparecer sensibilidade pela música.

A profissão primária também justifica (e muito) essa capacidade de deixar a criatividade fluir e expressá-la naturalmente através da música. Assim, o jovem apaixonado por Jazz e objetos analógicos, ano após ano, construiu uma identidade sonora própria e completamente desapegada de moldes.

Ao contextualizar esses aspectos, já é possível entender o que legitima Floating Points como esse artista fora da curva, que atuando como DJ, explora energeticamente as sonoridade da House Music, caminhando pela Disco, Funk e até brasilidades, mas que ao entregar composições, se ampara em texturas e sonoridades completamente distintas — e contrastantes.

Vale frisar que estamos falando de um DJ que tem passagens por eventos e festivais apoteóticos: Coachella, Dekmantel Amsterdam, Print Works London, entre incontáveis outros.

Se você nunca escutou Floating Points, provavelmente deve estar se questionando: mas que tal sonoridades são essas? Bom, acho que nada mais justo do que usar o álbum indicado como o principal do ano pela revista Time.

Demos a notícia aqui sobre o lançamento desse álbum, onde o redator Caio Stanccione cuidadosamente o descreveu — compreendendo muito bem a potência da obra desde sua concepção. Mas resumindo: Shepherd se juntou a uma das lendas do Jazz, Pharoah Sanders, e também à London Symphony Orchestra para formular Promises, o compilado com nove faixas.

Floating Points se despreende dos ritmos que impulsionaram sua ascensão para dar vida a um álbum plenamente orquestrado, trazendo uma moldagem moderna e futurista. O resultado? A aclamação completa pela mídia tradicional. De acordo com o PitchFork, por exemplo, foi descrito como uma “obra-prima”.

O álbum foi lançado pelo lendário selo Luaka Bop — gravadora de David Byrne que desde 1988 concentra seus esforços em caçar música boa — inclusive fora do eixo EUA-Europa. A lista de artistas que lançaram pela label é linda e extensa: Alice Coltrane, Los de Abajo, Os Mutantes, Shuggie Otis, Talking Heads, Tim Maia, Tom Zé, Waldemar Bastos e por aí vai.

Mas essa distinção já era demonstrada em álbuns anteriores, como Crush e Elaenia, outros compilados de Floating Points que foram amplamente destacados e destoam do tal “som de pista” que o britânico apresenta pelas principais pistas ao redor do mundo.

A verdade é que Sam honra (com força) seu vulgo, que, em livre tradução significa “pontos flutuantes”. A harmonia de Floating Points agrega o transcender ao ouvir e por isso não cabe em descrições. Foram dispostas algumas de suas produções e sets ao longo da leitura, que elucidam muito bem esses lados distintos, mas fascinantes do DJ e produtor. Aproveite!

A música conecta.

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