Andy “Fletch” Fletcher embarcou hoje, dia 26 de maio de 22, rumo à luz. Diante da notícia que nada nos alegra em dar, entendemos que faz muito mais sentido celebrar sua vida e feitos. Em um texto que, em forma de homenagem, busca sintetizar a figura distinta (e imensamente importante) que foi Andrew, um dos fundadores do Depeche Mode, relembramos os motivos que fazem do multi-instrumentista, DJ e membro do DM um artista e músico digno de aplausos.
Nascido em oito de julho de 1961 na cidade de Nottingham, na Inglaterra, Andrew Fletcher mudou-se para Basildon quando criança e por lá conheceu o colega de escola Vince Clark. No final dos anos 70, os rapazes formaram a banda No Romance In China, mas após conhecer Martin Gore eles formaram um trio diferente chamado Composition of Sound. Em 1980, Dave Gahan juntou-se ao grupo, dando vida ao Depeche Mode. Clark, no entanto, deixou a banda após o lançamento do álbum Speak and Spell, em 1981.
Entre polêmicas e especulações sobre sua atuação frente à banda (visto que o artista foi o único da banda que não cantou), é importante reforçar que Fletch é o espírito responsável pela essência Pop do Depeche Mode — sentido através de seu trabalho potente com sintetizadores e teclas. Inclusive, no site da Equipboard é possível encontrar uma curiosa história: o primeiro sintetizador de Fletcher foi um Moog Prodigy que Vince Clarke o convenceu a comprar por 295 libras em 1980, em uma loja em Hadleigh, Essex. O sintetizador pode ser ouvido (e visto no clipe) na icônica Just Can’t Get Enough. Sentiu o peso da importância, né?
Fato é que seria impossível que o Depeche Mode fosse exatamente como é, se não fosse pelo toque inclinado ao Pop de Fletch que não é o único responsável pelo êxito da banda, mas certamente é essencial — e eu aposto que não há quem discorde. Fletcher continuou como um membro ativo do DM desde a sua formação e lançou um total de 14 álbuns de estúdio e 55 singles com a banda — auxiliando diretamente a incluir os sintetizadores entre os riffs de guitarra, baixos e baterias no âmbito do Rock.
Uma informação que muita gente não tem conhecimento, é que além de instrumentista, Andy também foi DJ. Entre os hiatos do Depeche Mode, era comum encontrar Fletch mixando por aí. Inicialmente para apoiar os shows ao vivo do CLIEИT, Fletcher começou a excursionar como DJ tocando em festivais ocasionais e shows em clubes pela América do Sul, Ásia e Europa. Inclusive, ele sempre incluia em seus sets vários remixes exclusivos para o DM. Um dos mais memoráveis DJ sets de Fletcher foi em fevereiro de 2004 na Varsóvia e ele fez tanto sucesso que foi amplamente pirateado. Intitulado One Night in Warsaw, você pode conferir um trecho diretamente das profundezas do YouTube:
No âmbito da música eletrônica alternativa, é impossível não mencionar a antológica Enjoy The Silence — afinal, esse foi o primeiro contato que muitos de nós, clubbers, tivemos com o Depeche Mode e um pedaço da alma musical de Andy Fletcher. Constantemente inserida pela música eletrônica através de remixes, a dinâmica abriu as portas para que diversos indivíduos de novas gerações fossem impactados pelos sintetizadores de Fletch no Depeche Mode, em uma atuação que ainda seguirá ecoando por muitas e muitas gerações. Rest in Power, Andy!
A música conecta.