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A música conecta

Uma década e a consolidação de uma energia Selvagem

Por Ágatha Prado em Storytelling 10.10.2022

O ano era 2012, quando em meio às tempestades tropicais que regavam o terreno cultural de São Paulo, nascia um conceito de festa que revolucionou os paradigmas da música eletrônica underground. Ali, no Paribar – localizado na encantadora e democrática praça Dom Gaspar -, Augusto Olivani (Trepanado) e Millos Kaiser plantaram uma semente fértil, com raízes abrasadoras que traziam a essência da musicalidade brasileira de uma maneira como ninguém antes havia ousado apresentar: uma maneira Selvagem

Selvagem no Paribar

Se hoje é comum ouvirmos nas pistas uma pérola brazuca esquecida no tempo, em meio a um set de House, Disco ou Techno, e até mesmo faixas tão esquisitas quanto fascinantes e que expressam a conexão entre as diversas fronteiras culturais do globo, certamente devemos muito à Trepanado e Millos Kaiser, e claro, à Selvagem. Neste caso, sou suspeita para falar. A Selvagem é uma festa que inspirou muito meu caminho como artista e pesquisadora musical, e desde a primeira vez que tive o prazer de constar em uma das edições do Paribar, em meados de 2014, ganhou o meu coração para todo e sempre.

Trepanado e Millos Kaiser comandando a pista da Selvagem no Paribar, em 2014.

Nesses dez anos de história, a Selvagem abraçou festas na rua, festas pequenas, festas gigantes, povoou a cena de São Paulo, conquistou o Rio de Janeiro, fez o carnaval, deixou sua marca em diversas cidades pelo Brasil, cruzou o Atlântico e ganhou também o coração dos europeus. Tudo isso de forma muito democrática desde sempre, e sendo naturalmente inclusiva e diversa, onde clubbers, celebridades ou simplesmente amantes da boa música, disputam o topo das caixas para dançarem junto aos DJs, se aglomerando em êxtase nas pistas fazendo os corpos suarem até mesmo nos dias mais frios. O intuito que partiu do desejo de ocupar as ruas e experimentar, hoje podemos dizer que se transformou em uma espécie de patrimônio cultural da música eletrônica brasileira. 

Seja como festa, selo, dupla ou projeto solo, a curadoria musical é o diamante raro que faz a Selvagem ser um projeto tão singular. Garimpar faixas que nunca ninguém havia pensado em tocar numa pista é uma tarefa para os real diggers, e Trepanado, que hoje comanda solo a Selvagem, tem um olhar precioso para isso. Quem já imaginou dançar ao som de The Fevers ou Sidney Magal, após uma sequência de House? Pois Trepanado é capaz de fazer você não somente se rasgar de dançar, mas também virar fã de Sidney Magal. No meio fonográfico, a Selva Discos – label do projeto – dedica-se a desenterrar músicas brasileiras desconhecidas e únicas, tanto do passado quanto do futuro, e por lá fez renascer Maria Rita Stumpf, reuniu Barbatuques, Marlui Miranda e Zopelar num mesmo catálogo essencialmente tropical.

Selvagem trouxe Lipelis, Ron Morelli, Matias Aguayo, Mr. Mendel, Raphael Top-Secret, Moscoman, contou com o supra sumo de altíssima qualidade de convidados nacionais, levou a essência musical da festa para sacudir o palco do Dekmantel Amsterdam – consagrando uma das edições do Boiler Room, comandada por brasileiros, mais icônicas da década -, e constituiu um dos corpos de baile mais quentes de todo Brasil, com parceria estabelecida ao lado do célebre produtor e agente musical, Yuri Zero.

São dez anos que merecem uma celebração à altura dessa trajetória, e que será devidamente honrada no próximo dia 15 de outubro, no estádio do Canindé em São Paulo, em um festival regado a 12 horas de festa. Reunindo 18 artistas em três palcos – Palco Selvagem, Encontros Latino-Americanos e Palco Super Funk -, o Festival Selvagem trará MC Carol como headliner, além de um time poderoso de artistas nacionais e internacionais, como o icônico Egyptian Lover, Antal, Chancha Via Circuito, Dam-Funk, Alejandro Paz, Carlos do Complexo, Cecyza, Dago, Deekapz, Due, Eli Iwasa, Gop Tun DJs, Optimo (Espacio), Paula Tape, Th4ys, Trepanado e Trujillo.

O festival promete emocionar os corações tanto de quem acompanha a história da Selvagem ao longo de todos esses anos, como de novos públicos apaixonados pela diversidade cultural e musical que fez do projeto, ser a potência que hoje se tornou. Os ingressos do 3º Lote estão disponíveis pelo site da Ingresse e o evento terá início às 20h do sábado, com patrocínio da Beck’s, Larios, Jim Beam e apoio da Baermate.

A música conecta.

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