É louco pensar que uma artista que você viu em um club relativamente pequeno, com cerca de umas duas mil pessoas na pista, há quase 10 anos, hoje domina não só o Brasil, mas o mundo. A ocasião em questão era a estreia de Ana Lídia Miranda, a ANNA, no Terraza Music Park de Balneário Camboriú, que inclusive foi noticiada pela nossa equipe aqui. Era novembro de 2015, ano que ela saiu do Brasil para morar fora, em Barcelona. Nessa época ela estava ficando bem conhecida mundialmente, tinha acabado de fazer uma extensa tour internacional e no mesmo ano gravou seu videoset no icônico The Lab LDN, da Mixmag — mas isso era apenas o começo da ascensão meteórica que presenciaríamos a seguir.
Depois dessa que foi uma das primeiras aparições da ANNA no Alataj, ela começou a ser um nome recorrente no nosso calendário de conteúdos, obviamente. Em uma entrevista de 2018, ela contou um pouco mais sobre as suas dificuldades no início da carreira: “Desde o começo sempre foi difícil, sempre ganhei cachês baixos, demorou para os selos quererem assinar minha música, eu não tinha muitos requests para festas, era sempre difícil achar gigs e nunca tive a agenda cheia enquanto estava morando aí”, relembrou. ANNA também teve que lutar para continuar tocando o que lhe fazia feliz, já que muitos promoters locais queriam que ela mudasse o estilo de som para o que estava bombando mais no momento. E foi por isso que ela mudou de país, arriscando-se na Europa em busca de mais oportunidades.
Nessa fase ela já tinha conquistado a atenção não só do público, mas de grandes medalhões da música. Solomun, Carl Cox, Laurent Garnier, Adam Beyer e muitos outros estavam dando suporte para suas produções. Uma das responsáveis por toda essa explosão foi Odd Concept, seu primeiro e até então único lançamento pela Diynamic, lançado em fevereiro de 2016, ano em que ela também foi eleita como Artista Revelação pela DJ Sound Awards.
Vale destacar ainda outros releases como Artha, pela Turbo Recordings em 2016, seu remix para Stabbed In The Back, de Tiga & Audion em 2017 e seu EP Hidden Beauties, marcando sua estreia pela Kompakt em 2018 foram todos extremamente importantes para confirmar o talento que ANNA tinha não só nos palcos, mas também no estúdio. “Talento” esse que nasceu em 2006, depois que ela conheceu Wehbba, seu namorado, e que passou a ser cultivado após 2008, quando ele mesmo a presenteou com uma licença do Ableton Live. Até aqui, já são 17 anos juntos, compartilhando conhecimento, cumplicidade, parceria, amor e, claro, muito techno.
Citar os principais clubs e festivais nos quais ela já tocou aqui exigiria um espaço muito grande, mas é importante fazer algumas menções. ANNA foi a primeira artista brasileira a lançar pela Cercle, em 2018, quando o canal ainda estava construindo seu nome; representou o Brasil na edição gringa do Coachella ao lado de Anitta e Pabllo Vittar; e na última edição da Tomorrowland no país, foi a única artista presente nos três dias do festival, momento em que foram gravadas algumas partes do seu novo documentário, Anna – Made In Brazil, lançado na quinta-feira, 8 de março, numa data que não poderia ser melhor: o dia internacional da mulher. “Eu queria duas coisas com esse documentário: fazer uma homenagem, um agradecimento para a Anna de 14 anos, que nunca duvidou, acreditou e sonhou. E a segunda é inspirar as pessoas. Porque se eu realizei meu sonho e tô aqui hoje, qualquer um pode”, é a frase que abre o curta.
A menina que aos 10 anos amava vôlei e chegou a ser eleita a melhor jogadora da cidade, e que aos 14 já estava se arriscando nas mixagens no club Six, de seu pai, hoje é uma mulher respeitada, admirada e tida como referência para muitos artistas emergentes. Talvez nem ela mesma saiba o peso que tem na vida de tantas pessoas. Uma energia que foi canalizada para o bem, para se especializar naquela descoberta maravilhosa que era o universo da discotecagem e que hoje é apenas o reflexo de toda sua dedicação e esforço do passado. Uma mulher que não se curvou às intimidações, que passou por cima de muitos nãos e que se manteve fiel àquilo que acreditava.
Por estes e mais tantos outros motivos, sua gig única no Brasil no próximo dia 29 de março (feriado de Páscoa), no Surreal Park, é mais do que imperdível. É um pedaço da história da nova geração da música eletrônica brasileira na sua frente. É uma prova de que o amor por aquilo que você faz, seja o que for, pode te levar a lugares inimagináveis. Um convite para uma experiência que poucos artistas no mundo conseguem oferecer. Portanto, garanta seus ingressos antecipados pela Blueticket e faça parte de mais um capítulo da história de ANNA, estreando no Surreal Park.
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A música conecta.