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A música conecta

Ellen Allien é verdadeiramente um ser de outro mundo

Por Georgia Kirilov em Troally 12.07.2016

Ellen Allien, um ser sem idade, sem gênero, fortemente conectada a cidade de Berlim, porem nascida em outro mundo. Ellen tem alma de artista e move suas criações criativas com o propósito principal de conectar pessoas – meta essa que ela leva tão a serio que chega a responder diversos fãs no Facebook. A DJ, produtora, dona da BPitch Control label e estilista de camisetas, mora em Berlim e divide seu tempo entre a capital alemã, Ibiza e diversas outras cidades por onde passa em turnê, eternamente em movimento espalhando sua liberdade pelo mundo. Na sua pagina do Facebook a definição do seu som é: feliz, freaky, eletrônico, tech-allien acid house, o que é sem duvidas uma das definições mais precisas que já vi. Allien esta constantemente procurando novas conexões entre o techno e o pop, o house e o indie, tudo via musica eletrônica. Ela divide seus DJ sets em digital e vinil e até com live sets já brincou (ao faze a tour do seu album Orchestra of Bubbles lançado em 2006 em parceria com Apparat, artista que ela assina em sua label também.) Com mais de 20 anos na carreira, Ellen é uma daquelas artistas que quanto mais você conhece, mais você ama.

Residente na DC10 em Ibiza, na Watergate em Berlim e na Nitsa em Barcelona; Allien – somente nos últimos meses – foi para Detroit, Bogota, Quito, Tokyo, Berlim, Ibiza e Paris (para citar somente alguns locais) e tem uma das agendas mais agitadas da indústria. A extra-terrestre prova que a combinação de amor pela arte com determinação pode realmente te levar para qualquer lugar e sua trajetória nessas ultimas duas décadas se baseia em muito esforço. Ellen morou em Londres por 1 ano na década de 90 e foi por lá que se apaixonou por acid house e pela cena que estava em alta no Reino Unido. Um ano depois voltou para sua casa, Berlim, e viu o muro cair, finalmente juntando leste e oeste, comunismo e capitalismo, e criando toda uma abertura para a cultura do techno, do underground e da arte que ainda iria passar por muitas mudanças. Em 1992 se tornou residente de três baladas na capital alemã: Bunker, Tresor e E-Werk. Em 1994 abriu sua primeira label, a Braincandy, que fechou em 98 e serviu como modelo para seguir em frente com outros projetos. Já no ano seguinte começou a organizar festas com sua atual label a BPitch Control, gravadora essa que é reconhecida como um dos pilares do techno em Berlim e assina grandes nomes como Apparat, Ben Klock, Fur Coat e Paul Kalkbrenner. Em 2005 a Memo Musik foi criada, uma sub label para um som mais minimal. E em 2006 a Ellen Allien Tshirts se tornou realidade, mais uma válvula de escape para sua criatividade sem fim. Allien agora também faz o design de camisetas que vende em seu site e em poucas lojas ao redor do mundo – e para cada coleção escreve um texto em seu site explicando o porque do nome da coleção, seu processo criativo e o que ela quer dizer com seus designs.

A alemã lançou seu primeiro album em 2001, Stadtkind que significa criança da cidade, um album feito em Berlim e para Berlim. Berlinette veio em seguida, em 2003, seguido por Thrills em 2005, Orchestra of Bubbles em 2006, Sool em 2008 e Dust em 2010. Isso sem mencionar seus infinitos outros releases – sua pagina no Discogs é uma das mais longas. Ela foi a primeira mulher a contribuir para os icônicos mixes da balada inglesa Fabric com o mix Fabric 34 e já conquistou o direito de ter seu nome gravado, por toda a eternidade, como uma das figuras essenciais para a cultura do underground não só em Berlim mas como no mundo. A diversidade com a qual Allien escolhe se expressar é tanta que até compor música para uma peça ela já fez, tendo a noite de estreia no Centre Pompidou em Paris com todos os tickets esgotados. Ela é capaz de criar seu espaço em todas as áreas com as quais decide experimentar e o faz de maneira consistente, genuína e calorosa.

Em entrevista para a Decoded Magazine em Janeiro desse ano, Allien diz que “música, arte e entretenimento precisam de liberdade para serem incríveis: espaço para criar, positividade e socialismo nos trazem juntos e nos autorizam a sermos criativos.” Essa sua liberdade torna-se presente também ao redor do mundo, enquanto ela encontra tempo para alem de cumprir com todas as suas responsabilidades, ainda fazer amizades especiais com aqueles que passam pelo seu caminho. Esse foi o caso da jornalista, e criadora do Music Non Stop, Claudia Assef, que conheceu Ellen em 2003 e desde então sempre se encontram pelo mundo unidas pelo seu amor pela música. Pedimos para Assef falar um pouco sobre Allien e o resultado é sem duvidas o final perfeito para a jornada de descobertas fantásticas que é analisar a carreira da mesma:

“Uma das pessoas que mais levam a musica a serio que eu conheço. Tão determinada que no meio de uma festa ela já está pensando o que fazer no set de amanhã. E é assim que ela, que é super festeira e divertida, consegue separar o que é certo do que é trabalho, até porque ela trabalha com isso há muito tempo. O trabalho dela é festar, ela é muito séria quando ela precisa. Ao mesmo tempo em que ela vive da musica, musica é um negocio para ela, antes de qualquer coisa a Ellen não é uma pessoa que visa apenas o lucro. A gente se conheceu em 2003 em BH quando ela foi tocar no Eletronika, chamei ela para um rolé no Susi In Transe, que era aonde eu tocava – sem cachê – e mesmo assim ela topou. Tava ela numa quinta-feira tocando para umas 60 pessoas sem cachê (alem de algumas catuabas), foi super divertido e assim que a gente começou nossa amizade. A gente se encontra toda vez que ela vem para o Brasil, ou quando eu viajo. Esse ano eu fui como tour manager, na verdade como amiga porém essa era a minha função, para a Colombia e Equador em uma mini turnê que ela fez por lá. Cada vez mais eu vejo nela uma pessoa apaixonada pela musica como arte. Enfrentamos um imprevisto no Equador, pegamos 2 terremotos e nesse momento vimos que nosso santo bateu, que a gente viu que a gente vê a musica de uma forma muito parecida: como algo que move a vida e não so a conta bancaria.”

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