Se você perguntasse a qualquer entusiasta da música eletrônica ou até mesmo aos mais ávidos pela pesquisa como os DJs são com suas músicas e artistas prediletos sobre um jovem produtor inglês chamado Lone, provavelmente você ouviria Who? como resposta. Matt Cuttler ou simplesmente Lone, começou sua jornada como produtor musical por volta de 2007, ainda longe da sonoridade que estamos habituados em ouvir nas suas produções mais atuais. O artista tinha seu viés voltado para o Hip Hop e Soul Music, onde nitidamente era influenciado por beatmakers como J Dilla, Madlib e Boards of Canada. É fácil notar sua intimidade com a arte do sampling e a musicalidade singular e abstrata através dos seus primeiros álbuns Lemurian, de 2008, e Ecstasy & Friends de 2009, ambos lançados através do label Dealmaker Records.
Não é difícil de se enxergar que uma transição para a música de pista seria inevitável para Lone. Dentro dos seus álbuns de Hip Hop instrumental, algumas faixas tinham apelo para a pista, ora pela cadência usada em suas melodias e samples, ora por conta do andamento e programação de bateria usados em algumas faixas. Em 2010, em uma forma de desbravar novos territórios, surgiu Emerald Fantasy Tracks, álbum lançado pela Magic Wire Recordings e que é composto por oito faixas que são uma infusão de tudo que tocava no início dos anos 90 dentro da Inglaterra: Rave, Hardcore, Garage e House. O grande destaque desse álbum é a faixa intitulada de Aquamarine, que no fim do ano passado foi reciclada, recebendo vocais de Azealia Banks e um novo nome em seu relançamento, Coconut Contessa.
Desde o lançamento de Emerald Fantasy Tracks, o artista nativo de Nottingham, região central da Inglaterra, se redescobriu e passou a colocar todos os seus esforços nos beats voltados para pista de dança. Não demorou muito para que os big players do cenário underground europeu passassem a prestar atenção em Matt estava fazendo dentro de seu estúdio. No ano seguinte, Renaat Vandepapeliere, um dos responsáveis pela renomada R&S Records, convidou Lone para lançar um EP em sua gravadora, conhecida por ser extremamente criteriosa na seleção de seus artistas. Echolocations EP foi um sucesso antes mesmo do seu lançamento, com um sold out em todas as lojas online de discos ainda durante a pré-venda.
O casamento entre Lone e a R&S era inevitável, seu som singular e totalmente fora dos padrões estabelecidos consegue derrubar barreiras e se situar nas mais diversas situações, inclusive na pista de dança. Em 2012, o álbum Galaxy Garden ganhou vida através da R&S e não muito diferente do seu trabalho anterior, foi um tremendo sucesso entre os entusiastas da House Music. Mas foi em 2013 que Lone ganhou destaque em nível mundial com o que talvez seja sua música mais tocada pelos DJs que o acompanham, Airglow Fires. A música faz parte do EP que leva o mesmo nome e também foi lançado através da R&S Records. Kerri Chandler e Detroit Swindle tocaram a faixa, e vários DJs estavam atrás dela naquele ano. Porém, devido ao sistema de promos que a gravadora tem, somente alguns artistas conseguiram tocar Airglow Fires em primeira mão.
Logo após 2013, Lone ganhou posição como um dos artistas mais brilhantes da década de 2010, tendo figurado em incontáveis festivais, além ser um artista mandatório no case de qualquer DJ que preze pela sonoridade underground e abstrata. Caso você não o conheça recomendo que você, leitor, ouça o seu último álbum, Levitate, onde o artista mostra a constante evolução e que também sabe flertar com o Jungle e o Drum and Bass além da House Music e o Hip Hop.
A música conecta.