Quando os sons da natureza encontram sua tradução mais sincera através de batidas eletrônicas, preservando a organicidade como quem preserva o verde da floresta. Conectando cada timbre com um sentido correspondente, sem perder o significado, o Xique-Xique é uma síntese complexa de viagens internas, percepções de espaço e detalhes sensoriais impressos em uma assinatura pura e genuína, que embalou pistas e cachoeiras dentro e fora do Brasil.
Tudo começou quando o francês Xavier Dunwich descobriu as terras brasileiras por meio da caravana sonora itinerante Voodoohop, concebida por Laurence Trille e Thomas Haferlach. Palco de trocas de experiências, encontros e sensações, a Voodoohop viu nascer diversos projetos, alimentou o crescimento de vertentes e movimentos e semeou o grande legado do Downtempo que conhecemos hoje aqui no país. E através desse berço cultural, Dunwich produziu algumas faixas que fizeram parte da primeira compilação da Voodoohop, o Entropia Coletiva I. Na época, Xavier já mostrava sua tendência sensorial em capturar o sons da terra e celebrar a magia ancestral, através de batidas lentas e melodias sublimes, sampleadas de atmosferas orgânicas.
Foi então que Xavier conheceu o talento de Bibiana Graeff, gaúcha multi instrumentista, produtora musical com experiência para além da música eletrônica. Biba Graeff, como conhecida por muitos, foi tecladista de bandas icônicas nacionais como Júpiter Maçã e Space Rave, e através de toda sua sensibilidade musical e seu projeto paralelo Anvil FX, viu nas inspirações das batidas orgânicas da Voodoohop a ideia de um projeto ao lado de Dunwich.

Assim começou Xique-Xique, um dos projetos que a Voodoohop viu nascer em meio às suas rodas de fogueiras, banhos de cachoeira e encontros inesquecíveis na Chapada da Diamantina. O primeiro trabalho em conjunto da dupla foi o single Xaxoeira, composto em Heliodora com inspirações nas melodias ondulatórias e demais vibes experienciadas nos encontros com a Voodoohop. O single que posteriormente virou o EP Xaxoeira, com as faixas Apnee, 1542, Rio Negro e Xaxoeira foi lançado pela gravadora de Noema, The Magic Moviment, e recebeu um remix de Nicola Cruz para a faixa-título.
Uma outra poderosa faixa permanece viva também, até hoje nas memórias dos fãs de Xique-Xique. Em uma homenagem sincera aos guardiões da fé genuína brasileira, a faixa chamada Protetores e Orixás foi lançada na coletânea Entropia Coletiva da VoodooHop e utilizou um sample extraído de uma canção chamada Abertura e Encerramento – Umbanda nas 7 Linhas de Carlos Buby, contemplando um ritual popular e sagrado das terras brasileiras.
Após diversas produções entre os Alpes suíços, São Paulo e a roça de Minas Gerais, Xique-Xique segue ativo com os lançamentos, com Xavier Dunwich a frente do projeto, estrelando recentemente um remix especial para a faixa Twilight de Noema, para a Magic Movement.
Sem dúvidas, quando falamos no movimento do Downtempo nacional, o trabalho de Xique-Xique é uma das grandes referências do estilo, junto com todo o complexo multicultural e sensorial que nasceu no âmago da Voodoohop.
A música conecta.