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A música conecta

Raio X | Dax J

Por Marllon Eduardo Gauche em Socials 23.07.2025

Alguns artistas incorporam a música como parte indissociável de sua existência. Dax J está entre eles. Nascido em Londres e radicado em Berlim, ele personifica a combinação enérgica das raves britânicas dos anos 90 com a precisão técnica e conceitual do Techno berlinense contemporâneo. Além de uma identidade pautada em BPMs acelerados e texturas industriais, a trajetória de Dax J é também sobre a evolução de um artista que nunca perdeu a conexão com suas raízes, agora transformadas e recontextualizadas para as pistas atuais. 

E é justamente essa autenticidade que o traz ao Brasil para uma apresentação especial na Photon, festa comandada por Ben Klock, no dia 23 de agosto, no Gate22, em Campinas. Muito além da forte identidade no Techno que o colocou no mapa global, Dax J construiu um som que não é fácil categorizar de forma simples. Seus sets são intensos e podem transitar do Techno mais áspero aos breakbeats nostálgicos do jungle britânico, sempre mantendo uma coesão narrativa que poucos conseguem alcançar.

Essa versatilidade, somada a uma técnica impecável e uma visão artística bem definida, faz de sua apresentação na Photon um dos momentos mais aguardados do calendário eletrônico brasileiro em 2025. Mas para entender por que Dax J se tornou uma das figuras mais respeitadas da cena underground global, é preciso olhar além.

Este é o Raio X do Alataj.


Raízes britânicas

Antes de se tornar um nome tão conhecido, Dax J cresceu imerso na cultura rave londrina. Ainda adolescente, tocava em rádios piratas e produzia seus primeiros beats usando um PlayStation. Em 2005, lançou suas primeiras faixas em vinil sob o alias “Dangerous” em selos clássicos do jungle.

Essa formação no drum’n’bass e jungle britânico nunca foi abandonada, pelo contrário, tornou-se parte fundamental de sua assinatura. Mesmo em seus sets mais pesados de Techno, é possível identificar a influência dos breakbeats e basslines que marcaram os anos iniciais de sua carreira.

Densidade conceitual nas produções

Ele é um artista que se preocupa em incorporar mensagens e significados mais profundos no seu trabalho de estúdio. Em 2017, um tribunal tunisiano o condenou a um ano de prisão após ele tocar um remix com trechos do Adhan, o chamado muçulmano à oração, que acabou ofendendo o público do país. Dax J, então, canalizou essa experiência no álbum Offending Public Morality, onde aborda inúmeras questões polêmicas ao longo das 14 faixas.

Em seu outro disco lançado de 2021, Utopian Surrealism, ele explora temas distópicos e a dificuldade de distinguir o que é verdade e o que é manipulação no mundo digital de hoje, inspirado pelo livro Sapiens de Yuval Noah Harari. Essa profundidade conceitual leva sua música para além da funcionalidade de pista.

Maestria técnica nas mixagens

A reputação de Dax J como DJ é construída sobre uma técnica impressionante. É comum vê-lo tocar long sets lendários com frequência, como os slots de 10 horas ininterruptos no Berghain, onde poucos têm o privilégio de se apresentar por tanto tempo.

Sua abordagem combina precisão técnica com uma sensibilidade aguçada para a energia da pista. Ele constrói narrativas que podem começar de forma mais profunda e gradualmente evoluir para momentos de intensidade máxima, sempre mantendo o controle da situação.

Comunidade e colaboração

Alguns anos atrás, em Berlim, Dax J montou seu estúdio no mesmo prédio onde já estava o estúdio de Ben Klock e, anteriormente, o de Rødhåd. Embora o aluguel barato tenha sido o atrativo inicial, os anos mostraram que o benefício da comunidade era muito mais importante que o financeiro.

Essa imersão em um ambiente de constante troca e experimentação se estende também à Monnom Black, gravadora que fundou em 2013. Além das próprias produções, o selo ajudou a revelar novos talentos e trouxe ainda veteranos respeitados como I Hate Models para o catálogo.

A apresentação de Dax J na Photon, no dia 23 de agosto, será mais uma oportunidade para o público brasileiro experimentar a intensidade e a profundidade que fizeram do artista britânico um dos nomes mais respeitados da cena global.

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