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A música conecta

Desde os 13 anos de idade, diversão e música é trabalho sério para Pimpo Gama

Por Alan Medeiros em Entrevistas 12.02.2016

O mundo da música eletrônica é assim: quando você menos espera, ele surpreende. Enquanto grandes marcas como Ultra, Sónar, EDC e Tomorrowland focam no eixo Rio-São Paulo, é um gaúcho que tem chamado a atenção de um dos selos mais quentes da house music. Pimpo Gama é um dos novos queridinhos da LouLou Records, ele foi indicado como o produtor favorito pelo próprio Kolombo – é pouco ou quer mais? Assim, o seu nome tem despontado no cenário nacional, com uma indicação ao Prêmio RMC de Produtor Revelação e uma faixa entre as 30 melhores do ano: “Like Sex On The Beach”.

Inspirado por Moby, Armand van Helden e The Chemical Brothers, Pimpo começou sua carreira com apenas 13 anos, no interior de Santa Catarina. Há três anos, ela foi interrompida por um acidente de automóvel. Após ser informado pelo médico de que ele provavelmente nunca mais voltaria a andar, Pimpo revidou com uma rotina diária rigorosa de fisioterapia, engenharia de áudio e aulas de piano, tendo em mente a única coisa que importava: a música. Agora, totalmente recuperado, contra todas as probabilidades, ele está compondo, tocando e imprimindo sua marca na cena house, seja na carreira solo ou no projeto Pimpo & Zacchi. Um exemplo de superação e amor que vem inspirando as pistas de todo o país. A música conecta as pessoas!

1 – Você já se apresentou na Love Parade, em Berlim. Como foi a sensação?
Talvez esta tenha sido a maior experiência que tenha vivido, porque o Love Parade definitivamente para o país todo pra um evento de música eletrônica. Você vê as ruas da cidade enfeitadas, som ambiente em todas ruas a quilômetros de distancia do evento, pessoas arrumadas, fantasias, crianças, jovens e muitas, mas muitas pessoas mais velhas, curtindo muito a festa, que no ano em que toquei recebeu mais de 3 milhões de pessoas. Engraçado que vivemos em um país onde lutamos há décadas para levar a musica eletrônica para as pistas, lá onde eu estava a musica eletrônica era a música do povo, talvez como gostar de Carnaval no Brasil – aproveitando o gancho da época (risos)

2 – O que o público Brasileiro gosta de ouvir? Quais são características que você sempre observa nas suas gigs?
Eu sempre defendi a teoria de que as pessoas saem de casa para se divertir, e minha função sempre foi tentar facilitar isso. Nos últimos anos viajei todo o país por diversas vezes e essa foi minha receita de norte a sul. É claro que algumas gigs são especiais, em clubs que prezam pelo amor à música eletrônica com pessoas que pesquisam e consomem isso. Nesses lugares realmente tenho a oportunidade de esquecer tudo e mostrar pra galera aquilo que realmente me toca. “Lavar a alma”, como falamos!

3 – Como é construir uma carreira como DJ? Quais foram passados importantes rumo à profissionalização da sua arte?
Comecei bem cedo, com 13 anos – e numa época onde a música eletrônica era de longe o gênero mais popular nas redondezas! Talvez meus colegas me achassem um “freak” mas eu nem me importava, porque foi amor à primeira vista. Com 14 já escutava House e Techno na cidade mais Rock’n Roll do Rio Grande do Sul (risos). Talvez estes fossem os adjetivos necessários para tudo dar errado, mas acabaram me levando a um grau diferente de aprendizado. Naquela época DJ residente precisava segurar o povo na pista, não importa como. E talvez isso tenha sido fundamental na minha formação, porque hoje não importa onde, eu fico extremamente concentrado nas pessoas da pista, e tento o tempo todo mantê-las alegres, felizes e dançando. Esse é o meu trabalho, e eu adoro o que faço.

4 – No estudio é 10% inspiração e 90% transpiração? Como você resumiria a arte de criar música?
Eu acho que a pergunta resume a resposta! Na minha vida sempre me senti criativo em tudo, tive mil idéias na cabeça, mas quando sentei pra passar elas pra musica, definitivamente não serviu pra nada. A maioria das minhas músicas vai surgindo no próprio processo, organicamente. Hoje a ideia vem do que quero produzir, ligo meus sintetizadores sem compromisso e vou brincando, jogo um loop pra tocar e vou gravando tudo que vem a cabeça, melodias, timbres, ideias… Quando canso, sento e vou montando e vendo o que posso aproveitar. Acho que isso deixa o processo divertido. Meses depois, escuto a musica e penso “nossa que ideia legal, da onde eu tirei isso? Será que consigo fazer isso outra vez?”. Se você não se diverte fazendo música e tocando, por que vai viver disso profissionalmente?

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