No Rio Grande do Sul, diferentemente de outras regiões do país, o mercado da música eletrônica passou por alguns anos de recessão na capital e isso fez com que o interior se desenvolvesse principalmente através de clubs e núcleos. Esse movimento conectou muita gente boa e interessada em entregar algo diferente as pistas. Santa Maria, Caxias do Sul, Farroupilha, Garibaldi e Passo Fundo são exemplos de cidades que criaram seus próprios circuitos e tornaram eles sustentáveis.
Dentro desses nichos, alguns bos artistas ganharam a luz do dia. Entre eles, Lolô Bortholacci, residente do Beehive e uma das crias da cena de Passo Fundo. Lolô tem sido um nome frequente nas principais festas do estado e correspondido a altura expectativas colocadas sob seu trabalho com sets vibrantes e bem construídos. Um pouco mais sobre a DJ você confere abaixo, nessa entrevista exclusiva. Amanhã ela participa do Alaplay Podcast. Fique de olho:
1 – Oi Lolô! Obrigado por nos atender – novamente. Esse ano tem sido um ano de estreias e gigs especiais na sua carreira, não é mesmo? Fale um pouco sobre seu atual momento e o que você almeja para o futuro.
Eu que agradeço pela oportunidade de vincular meu trabalho a este veículo! Esse ano realmente tem sido especial, fiz apresentações em projetos e em clubs novos, em eventos que há muito tempo sonhava em fazer parte e de fato com empenho e dedicação novas portas vêm se abrindo.
2 – Muitos DJs garantem que a música não foi uma escolha e sim o único caminho a seguir após descobrirem essa paixão. E você, teve que deixar alguma carreira ou profissão de lado para se dedicar a carreira de DJ ou tem conseguido conciliar dois mundos até aqui?
Tempo sempre é precioso, mas acredito que se você quer algo e você usa esse objetivo como trampolim, tudo é possível. Sempre tive duas profissões até porque acredito que sem uma delas eu não estaria fazendo o que realmente amo, então consigo lidar bem com essa situação.
3 – Qual a análise que você faz do atual momento da cena no Rio Grande do Sul. Na sua visão, quais pontos o mercado tem de melhor por aí?
Dos 8 anos que estou inserida no mercado, acredito que nos últimos 4 o interesse pela venda e pelo consumo da música eletrônica aqui no RS se tornou maior. Grandes casas noturnas, projetos itinerantes e núcleos têm tornado nosso Sul parte do circuito de grandes nomes internacionais e nacionais e vejo esse mercado crescendo a cada dia.
4 – Como você se sente inserida dentro desse processo de evolução das cenas house e techno no Rio Grande do Sul? Como você tem buscado contribuir para esse cenário?
O público é o principal fator que nos leva a evolução e ao constante movimento. Passei por muitas fases musicais nesses 8 anos e através de muita pesquisa acredito que consigo fazer a leitura da pista e aliar meu gosto musical com o que ela está pedindo. Esse foi o principal aprendizado que tive até aqui.
5 – Você tem planos para produção musical? Se sim, fale mais a respeito…
Com certeza é um grande sonho meu mas tudo tem seu tempo. Hoje acho muito mais importante entregar um bom resultado pra pista, através de pesquisa, técnica e feeling do que começar um projeto novo com incertezas.
6 – Fale um pouco sobre o papel da Beehive na sua carreira e da sua participação como DJ residente do club.
Foi através da Beehive que há quase uma década fiz o curso que me iniciou nessa carreira. Na minha primeira apresentação em 2008 me tornei residente do club. Nesses 8, 9 anos consegui desenvolver meu público, projetos e contatos que se não fosse pela casa, provavelmente não teriam acontecido.
7 – Você é uma artista que desenvolve sets de maneira versátil, tanto para warm ups, quanto para peaktimes. Como funciona sua pesquisa musical? Atualmente, quem s„o os artistas e labels que possuem mais força em seu radar?
A pesquisa começa na releitura da minha última apresentação, analiso o que poderia ter feito diferente e começo a costurar a próxima gig. Minha pesquisa musical é diária e escuto muito sets de artistas que me chamam a atenção em suas produções. Atualmente o que tem me influenciado tem sido melodias marcantes e envolventes desde produções mais leves e alegres do Bicep, Eagles & Butterflies, Roman Flugel, como mais sérias e intensas como algumas do Gardens of God, Human Machines, Just Her.
8 – Na sua visão, falta espaço para as mulheres nos line ups? O que pode ser feito para melhorar esse quadro?
Acredito que não existe mais essa distinção, pelo menos no mercado em que atuo e planejo continuar. Você tem a oportunidade de apresentar um bom resultado, de agradar o público e de tornar o evento atraente para o contratante, o gênero na minha visão não faz essas variáveis mudarem.
9 – Para encerrar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida?
Na minha caminhada, a música é a principal ferramenta que me conecta com meu lado espiritual, através dela aprendi a me comunicar de outras formas, a sentir e identificar energias e a respeitar propósitos e trabalhos.