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Alataj entrevista Paulo Foltz

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Anderson Noise, Renato Ratier, ANNA, Victor Ruiz, Alex Stein, Renato Cohen, Gui Boratto… quando o assunto é techno, nosso país tem sido muito bem representado por alguns artista que já alcançaram o patamar internacional há alguns anos. Seus nomes são conhecidos nos quatro cantos do mundo e muitos da nova geração os levam como referência no gênero. O crescimento e a popularidade cada vez maior dessa vertente, tem dado espaço a uma nova escola de DJs e produtores do techno que vem aparecendo e revelando ainda mais talentos.

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Entre eles, não há como deixar de falar do paulista Paulo Foltz, artista que vem desenhando um 2019 brilhante. Um de seus pontos altos até aqui foi, sem dúvidas, sua apresentação após o duo ARTBAT no evento da Cercle, que rolou em março deste ano no Pão de Açúcar. E se seu talento é indiscutível frente às pistas, no estúdio não é diferente. Foltz já lançou um álbum em 2017 pela Prisma Techno, recebeu suporte de medalhões como Richie Hawtin, Pan-Pot e Tale Of Us, e agora retorna à gravadora para um novo EP, Esoteric Ritual, lançado nesta semana. Aproveitamos o momento para conduzir um bate-papo inédito com o artista:

Alataj: Olá, Paulo! Tudo bem? Obrigado por falar com a gente. Vamos começar do início? Quando foi que você percebeu que sua carreira estava realmente se encaminhando para um “next level”? Qual você considera sua primeira grande conquista?

Paulo Foltz: Olá, tudo bem, obrigado! Refletindo, colhendo feedbacks e análises sobre meu próprio trabalho, consigo perceber que um processo de evolução acontece dia após dia, isso é gratificante. Creio que em toda minha carreira obtive melhores resultados após o lançamento do meu primeiro álbum, Pineal Connection, pela Prisma Techno. Conquistei muitas coisas como DJ/Produtor, porém, a maior vitória é observar toda minha jornada ao chegar até aqui, nunca imaginei vivenciar algumas experiências por qual passei e sou grato a todos esses momentos em minha vida.

Imagino que tocar no Pão de Açúcar em um evento da Cercle deva ter sido mágico. Qual sensação poderia resumir sua apresentação? O que de mais especial você vivenciou por lá?

Foi uma experiência única, a energia e o cenário eram deslumbrantes, pude acompanhar parte da produção, o trabalho do pessoal fazendo ajustes e posicionamentos para captar o melhor que o cenário natural tinha a oferecer, foi tudo muito bem planejado para levar ao público uma experiência sonora e sensorial em um local que possui uma energia incrível!

Foi minha primeira passagem pelo Rio de Janeiro, então, foi algo mais que especial, pois pude conhecer a cidade e apresentar meu trabalho. Durante o Cercle o clima foi de reverência à música e à, além do respeito ao próximo. Realmente incrível e inesquecível!

Seu catálogo de lançamentos já é bem extenso, há uma preferência entre tocar ou produzir? Existe alguma rotina fixa ou as coisas acontecem num fluxo natural entre essas duas tarefas?

Consigo conciliar facilmente minhas apresentações como DJ e minha rotina na produção musical. Eu costumo lançar uma média de dois a três EPs por ano, foco muito em estudos que envolvem o tema a ser enunciado e o resultado final depende disso, gosto de fazer meu tipo de arte com mensagem e propósito.

Talvez seja difícil falar sobre suas próprias produções, mas, você possui alguma preferida? Qual de seus trabalhos está no topo da lista e por quê?

Durante o processo de produção da música Time as sessões de estúdio foram bem intensas, me elevando a novas descobertas em relação ao meu propósito artístico. Normalmente eu aplico diversos tipos de sentimentos e emoções com intensidades diferentes, em cada track toda parte criativa e de mixagem é executado para entregar a música como uma linguagem reflexiva-afetiva, capaz de construir sentidos coletivos e singulares a qual implico a relação entre percepção, imaginação, sentimentos e emoções.

Utilizando de técnicas de mixagem criativa, Time possui muitos elementos que foram criados e colocados de forma atemporal, pads e efx reverberados criam um cenário que conta uma história própria, cada acontecimento em planos independentes, bateria, melodia e ambientação. Na minha percepção, é uma faixa que cumpre este trabalho na forma mais explícita e conseguir finalizar com perfeição como este é gratificante.

Ter seu trabalho reconhecido por nomes como Tale of Us e Richie Hawtin não é para qualquer um. Qual o sentimento ao saber que gigantes da cena mundial estavam tocando suas tracks?

O sentimento é de felicidade e gratidão. Na música os suportes e apoios de outros artistas são sempre muito importantes, principalmente para os novos produtores que querem expandir sua música e sua mensagem pelo mundo, tal apoio se transforma em uma enorme vitrine para alcançar o público. Tudo isso é motivador e nos ajuda seguir em frente, a cada suporte temos a convicção de que o trabalho está sendo bem executado.

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Sobre este novo lançamento, Esoteric Ritual. Percebo que seus trabalhos tem uma ligação muito forte com o que há de oculto em cada um de nós: a alma, a consciência… conte um pouco mais sobre isso:

Tento de alguma forma passar ao ouvinte mensagens sobre aquilo que penso, leio e vivencio, confesso que sou uma pessoa muito curiosa sobre tudo que envolve a mente humana e a ligação entre nós e o universo. Pineal Connection é um exemplo disso, onde abordo o estado de fluxo, já o EP Esoteric Ritual conduz o ouvinte a uma imersão guiada, abordando assuntos sobre mundo sutil, projeção astral, realidade e imaginação.

A Prisma Techno tem desenvolvido um trabalho bem sólido ao seu lado. Qual sua visão sobre o relacionamento entre gravadoras e artistas?

Todos os trabalhos que realizei em parceria com a Prisma Techno se tornaram muito importantes em minha carreira, acho fundamental que as gravadoras mantenham um relacionamento ativo e próximo do artista, assim conseguem criar um produto final de qualidade e rico em detalhes. Acredito também que é necessário a participação de A&R de gravadoras em conferências de música eletrônica para expressar a visão e intenção do selo sobre seus lançamentos, isso ajuda a criar um número significativo de fãs que se identificam não só com a música do artista, mas também com o selo através de sua mensagem e proposta musical.

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Há mais alguma novidade sendo trabalhada com foco no segundo semestre do ano? Algo que já possa ser adiantado?

Posso apenas adiantar que em agosto lançarei um EP pela gravadora Qilla Records, da Índia, e estou muito feliz com o resultado.

Para finalizar, uma pergunta pessoal. O que a música representa em sua vida?

Sou uma pessoa que renunciou grande parte da minha vida pessoal e financeira para viver da música, ela me fez chegar até aqui e ser o que sou hoje, não sei o que virá no futuro nem o rumo que meu trabalho tomará, apenas vivo o presente de mãos dadas com a música alimentando uma energia de gratidão e otimismo para o futuro.

A música conecta.

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