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A música conecta

Dee Bufato caminha com passos firmes e mostrando experiência

Por Alan Medeiros em Troally 20.01.2016

2015 foi um ano de conscientização para o público e promoters, que por uma soma de necessidades e inteligência, abriram os olhos para o que há de melhor dentro do nosso país. Esse movimento de valorização do artista nacional colocou nomes talentosos e de trabalho consistente nos line ups de algumas das principais festas do ano no Brasil. O DJ e produtor paulista Dee Bufato, por exemplo, teve um ano marcado por gigs importantes no D-EDGE, ao lado de nomes como Lawrence, Vera e Oskar Offermann. Mas não foi só isso, Dee também evoluiu enquanto artista, se reafirmando como um pesquisador nato, de vasto repertório e boa técnica como DJ. A nosso convite, ele respondeu algumas perguntas sobre sua carreira e gravou um mix exclusivo, com pouco mais de uma hora de duração. Música de verdade, por gente que faz a diferença.

1. Olá, Dee. Obrigado por falar conosco! Conta pra gente como foi a introdução da música na tua vida e quando tu viu que era realmente disso que tu poderia viver.

Falando lá do comecinho… meu irmão mais velho é baterista e meu pai tocava alguns instrumentos de corda. Quando eles ensaiavam eu sempre ficava por perto enchendo o saco pra que me ensinassem algo, mas acho que eles não tiveram muita paciência (risos).

Minha aproximação dos toca discos foi uma vez que rolou um concurso de DJs de hiphop na rua que minha avó morava. A música que tocavam me movia e eu fiquei super curioso sobreo que os caras estavam fazendo pra misturar aquelas músicas daquela forma e de alguma maneira isso deve ter ficado no meu subconsciente. Uns 10 anos depois eu conheci música eletrônica e a cena de clubs de São Paulo. Acompanhei por um tempo um amigo que era residente do Vegas e do Lov.e em praticamente todas as gigs que ele fazia, meio que da mesma maneira que eu assistia meu pai e meu irmão ensaiarem, e eu decidi que eu queria aprender a tocar. Então juntei uma grana, comprei um par de toca discos usados e tomei emprestado uns discos de amigos pra aprender.

É uma história um pouco longa desde que a música me chamou a atenção até o meu envolvimento criativo com ela e então de fato poder apostar nela de maneira profissional, mas acho que ainda tô escrevendo essa história.

2. Teu mais recente álbum é o “Yemj”, lançado em parceria com Bmind pela gravadora canadense Archipel. Conta um pouco pra gente como foi essa combinação experimental entre vocês dois. Construção, escolhas musicais e as dificuldades em um trabalho nesse estilo de parceria.

Foi um encontro legal com o Bmind. O L_cio nos apresentou por saber que gostávamos dos mesmos tipos de som e a gente começou a fazer umas sessões em estúdio. Em uma das primeiras sessões cheguei a mencionar a Archipel como provável label que pudesse aceitar o nosso som. Depois de alguns contatos com o Pheek (dono da gravadora) e um certo tempo já produzindo com o Jaime veio o convite pra gente fazer um EP de longa duração. Passamos uma semana bem intensa criando os sons e explorando lados mais experimentais. Acho que a maior dificuldade foi eu me conter em lançar um trabalho sem praticamente nenhuma track pra pista. Acho que o meu lado DJ ainda fala muito quando produzo.

3. Além do lançamento desse álbum tiveram outros lançamentos em gravadoras Internacionais como a Tzinah e Sakadat – agora em vinil. Como você enxerga o crescimento de produtores brasileiros, entrando em gravadoras que lançam estilos que não são tão aceitos pelas grandes massas por aqui?

Acho que a preocupação dos produtores não é mais tão local, ou pelo menos não deveria ser. Se o cara não der certo aqui ele pode dar certo em outros lugares. Talvez por isso muitos produtores latinos morando na Europa. Mas eu já vejo a coisa mudando positivamente. Basta a gente olhar pras labels que estão surgindo no Peru, Argentina, Chile e os produtores que de lá saem. Talvez o tal do consciente coletivo ou um coletivo consciente ajude a trazer isso pro Brasil. Já temos, por exemplo, a Psychosomatic Records iniciando algo por aqui.

4. Você já levou teu case pra rodar no clube Velvet em Montreal e mais recentemente nas festas Wanted e 31337 showcase em Berlim, além da KeepOnGoing em Londres. Como foram essas experiências para o artistas DeeBufato e também para o lado pessoal Diego?

A experiência na Europa foi numa fase mais madura da minha vida e acho que eu cai nos lugares certos e com as pessoas certas também. Fiz dois sets onde me senti super a vontade em Berlim e tocar no showcaseda 31337 foi como se estivesse tocando em casa, acho que a afinidade sonora com a label e os artistas dela ajudou muito nesse caso.

5. São Paulo vive um momento de grande efervescência cultural. Há festas de contracultura se espalhando por diferentes cantos da cidade e me parece que as pessoas estão dispostas a consumir cultura de forma mais profunda e inteligente. O que falta para a capital paulista se tornar um polo cultural de referência e relevância mundial

Acredito que tempo. Falando de música eletrônica nós somos relativamente novos no cenário e virar um polo e referência levam tempo. Nós temos muitos outros fatores que direcionam o entretenimento no Brasil de outra forma e por um outro caminho, mas acho que se eu começar a falar sobre isso o papo pode ficar longo demais.

6. 2015 foi um ano de realizações. Gigs importantes no D-EDGE, experiências novas. O que você traz de melhor da última temporada para esse ano?

Fortalecimento, algumas faixas e algumas parcerias legais que vão aparecer em breve. Além de alguns fios de cabelo branco que venho somando.

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