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A música conecta

Todo mundo tem o direito de dançar

Por Alan Medeiros em Troally 03.06.2015

A edição da Troally de hoje sem dúvidas é especial. Isso por que nosso convidado é o nome por trás de um dos projetos mais bacanas do Brasil quando o assunto é uma pista de dança. Allen Rosa é fundador do Sounds in da City, projeto que visa a valorização do espaço público e o incentivo a cultura. Com berço em Floripa, o projeto se tornou um ponto de encontro entre apaixonados pelas diversas formas que a música é exposta nos eventos da marca. Grandes artistas brasileiros e alguns gringos já passaram por lá.

Na entrevista com Allen, falamos um pouco mais sobre suas origens e a ligação forte com o DnB. O set, foi especialmente gravado 100% em vinil e com exclusividade para o nosso canal. Vamos ao que interessa. Com vocês, Allen Rosa no 34º episódio da Troally.

1 – Olá Allen, Muito obrigado por falar conosco. A muito tempo acompanhamos o Sounds in da City e essa entrevista se torna muito especial. Em sua bio você cita uma bagagem repleta de referências e experiências. Quais fontes de inspiração são as principais responsáveis em quanto sua formação como artista?

Todo o inicio da minha história girou em torno da cultura do Drum and Bass, minha inspiração sempre veio da própria musica e das experiências que obtive através dela. O estilo de vida dos precursores do estilo, as habilidades técnicas bastante desenvolvidas, o rico conhecimento de engenharia na produção das musicas e a criatividade na hora de se criar os timbres. Basicamente foi isso que me fascinou e me motivou a me tornar DJ e compartilhar um pouco desse mundo com o público.
A mistura é algo que sempre foi muito forte na minha construção de sets, mesmo na época do Drum and Bass eu sempre buscava ir além dos timbres eletrônicos e trazer samples de estilos mais populares como o Funk, Soul, Jazz, Reggae.
As viagens que fiz por aí me inspiraram muito também, inclusive a mudar, por volta de 2008 comecei a ampliar os horizontes com um novo projeto de pesquisa, tentei manter o perfil que já tinha traçado de misturar elementos modernos com elementos populares ou simplesmente mais orgânicos, e comecei a mixar todos os ritmos de tempo possíveis, traduzindo a minha essência para cada linha som.

2 – Muitas vezes sua música traz traços de outros estilos musicais que fogem do convencional da música eletrônica. Qual a importância de estilos como o jazz e o funk em sua carreira? Você se imaginaria tocando um som mais reto ou outro tipo de som?

Estilos como o Funk e Jazz tiveram grande importância na minha história, pois foram as suas referencias que tornaram possível apresentar estilos que não são tão acessíveis em nossa cultura.

Eu também toco ritmos mais retos, não me prendo nisso, busco a minha musicalidade em outras expressões. Acabo tocando quase todos os tempos e construções de bateria, trazendo sempre as minhas principais referências de pesquisa e expressando uma construção de set com bastante mistura e movimento.

3 – A cultura urbana britânica é citada como o seu principal background. Também observamos que você teve seu primeiro contato com a discotecagem no Drum and Bass, que reconhecidamente é um estilo que exige boa técnica. Quais foram os artistas que te influenciaram nesse primeiro momento? A cultura pop fez parte de sua evolução enquanto DJ?

Os principais artistas que me influenciaram nesse primeiro momento foram DJ Hype, Mampi Swift, Scratch Perverts, DJ Fresh, Shimon e Andy C. Estando inserido dentro do mundo do Drum and Bass eu estava buscando automaticamente me opo a cultura pop. No Brasil o Drum and Bass nunca teve espaço justamente por não ser um estilo tão acessível popularmente.

4 – Conte para nós como surgiu a idéia do Sounds in da City e como foi todo esse processo de evolução até ele chegar no projeto consolidado que se tornou hoje?

Novamente o Drum and Bass… Foi por causa dele também que comecei o Sounds in da City, em cidades como São Paulo e Rio já não era muito fácil apresentar o estilo ao publico, imagina em Florianópolis. Sofri muito com a falta de espaço pra tocar, alguns amigos que tocavam outros estilos diferentes também passavam por dificuldades. Desde o inicio dos anos 2000 já aconteciam pequenas reuniões ali no trapiche, em 2009 antes de uma viagem pra Cingapura me veio a idéia de tentar tornar essas reuniões algo um pouco maior, a mudança ainda não foi muito grande porem significativa. Um ano depois ao retornar de uma viagem a Portugal surgiu a oportunidade de sair das mesinhas de xadrez do trapiche e ir pro Quiosque localizado ali ao lado, o espaço era muito mais convidativo por ter uma estrutura para receber as pessoas, a partir daí as coisas começaram acontecer, a idéia do nome e da logo surgiram naturalmente e a ambição de fazer algo cada vez melhor para o público foi amadurecendo até se tornar o que é hoje.

5 – Quais são as principais dificuldades de manter um projeto com essas características em funcionamento?

A maior dificuldade é o processo burocrático pra conseguir todas as autorizações com os órgãos públicos. Fora isso outro ponto bastante difícil é pagar os custos dos eventos sem patrocínio ou apoio da prefeitura. O ideal seria ter um apoio institucional da prefeitura e verba de leis de incentivo, editais ou até mesmo de iniciativas privadas.

6 – Para encerrar, fale um pouco dos nomes que já passaram pelas cabines do Sounds in da City e se puder, um pouquinho de seus planos para o futuro.

São quase 5 anos de projeto e mais de 200 eventos, foram muitos os artistas que passaram pelo projeto, nomes como: Aninha, Psilosamples, Anhanguera, L_cio, Magal, Tahira, Lopez, Fractal Mood, Phil Weeks, Davis entre muitos outros. Os planos ainda são os mesmos que tenho desde o inicio, conseguir uma forma de patrocínio para dar mais estrutura aos eventos, investir mais em conteúdo artístico e possivelmente expandir ele para outros lugares do Brasil.

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