Skip to content
A música conecta

Alataj entrevista Byron The Aquarius

Por Laura Marcon em Entrevistas 21.12.2020

Que o Jazz e a música eletrônica vivem um romance maravilhoso desde os primórdios dos kicks e samples a gente já sabe, mas são poucos aqueles que conseguem entrelaça-los como Byron The Aquarius. O americano vive uma relação profunda com o Jazz há muitos anos, dedicando anos de sua vida aos estudos desse estilo, graduando-se na Morehouse College e Jacksonville State University, e encontrando a House Music no meio desta trajetória. O match foi inevitável e incrível.

É claro que um talento como o dele não passaria despercebido e, ao longo dos anos, ele foi crescendo e recebendo o merecido destaque através de suas produções e apresentações.  Ele ainda chamou a atenção de uma das figuras mais emblemáticas da história da música eletrônica, Jeff Mills, que entrou em contato com Byron e o convidou para realizar um trabalho em conjunto e lançá-lo na sua gravadora, Axis Records

Juntam-se dois talentos da música e mais a participação de músicos gabaritados como o baterista veterano Lil John Roberts, o trompetista Dashill Smish, o flautista Rasheeda Ali e o baixista Chocolat nasceu Ambrosia, uma fantástica mistura entre Soulful House e Jazz com um toque de Blues resumida em oito faixas, lançadas em outubro. Nós conversamos com Byron e ele nos contou um pouco mais sobre o processo de produção desse trabalho, a experiência com Jeff Mills, dicas de estúdio e mais. Acompanhe!

Alataj: Olá Byron, tudo bem? Obrigada por falar com a gente. 

Byron The Aquarius: Eu estou bem. Estou muito na academia ultimamente, estudando e me mantendo criativo.

Você é um dos artistas mais interessantes dentro de uma linha sonora que conecta Jazz e House Music. Conte-nos um pouco sobre o momento em que você decidiu fazer essa fusão entre estilos.

Tudo começou com meus estudos na faculdade com o estudo de composição de Jazz, tocando com bandas que produzem para artistas todas essas coisas boas. Então conheci Kai Alce em Atlanta, que me apresentou à House Music, o que me levou a trabalhar com Theo Parrish. A partir daí venho fundindo Jazz com música sônica e eletrônica House music. Foi meio que uma coisa orgânica que aconteceu no processo da criatividade.

Você dedicou anos de estudo na música, especialmente dentro da Jazz Music, na Morehouse College e Jacksonville State University. Em contrapartida, encontramos muitos artistas da nova geração que não investem tempo e dinheiro em estudos. Conte-nos um pouco de sua experiência e sua relevância no trabalho que você desenvolve hoje.

Pela minha experiência em investir tempo e dinheiro em meus estudos musicais em escolas, posso dizer que foi uma experiência maravilhosa. Foi preciso muita paciência, mas valeu a pena através do meu trabalho árduo e ambição. Realmente levou minha criatividade a um outro nível, usando o que aprendi em minhas produções ao vivo e trabalhando com artistas e músicos. Digo aos artistas todos os dias em busca de inspiração que vocês devem investir tempo e dinheiro em sua marca e isso vai render no final pra valer.

Seu último trabalho, Ambrosia, é uma mistura riquíssima de Soulful House, Jazz e uma mistura de Blues. Como surgiu a ideia desse projeto?

A ideia do projeto veio de minhas experiências de vida viajando ao redor do mundo e fazendo muitas turnês. Jeff fez o investimento e as conexões e, a partir daí, com os músicos, tudo acabou se juntando de uma forma orgânica: a fusão de todos esses estilos e ter diferentes mentes de pessoas juntas criou uma tela maravilhosa no final.

Soubemos que a produção desse trabalho aconteceu em colaboração com diversos artistas e uma parte quando não estávamos em um momento de isolamento social, enquanto sua finalização aconteceu no momento da pandemia. Como se deram essas duas formas de trabalho? Como você tem passado por esse período que estamos vivendo?

Para mim, mesmo com o isolamento social, foi um processo maravilhoso. Estou muito feliz que Jeff, eu e os músicos, pudemos trabalhar juntos dessa forma. Eu sinto que foi tudo orgânico e perfeito para este processo criativo, especialmente no isolamento. Realmente levou minha criatividade para o próximo nível. Eu sinto que na vida precisamos do Ying e do Yang para criar equilíbrio. Tenho aprendido o meu ofício musical e como melhorar a cada dia através da mediação para conseguir paz de espírito e tudo mais.

Cada uma das faixas recebeu uma segunda ou terceira versão, seja na forma Dub, Jazz Session, Instrumental, etc. O que te levou a criar novas faces para as faixas?

Para essas faixas, foi basicamente de uma forma orgânica, deixando as ideias virem naturais durante o brainstorming com Jeff no estúdio.

O álbum foi produzido por ninguém menos que Jeff Mills e lançado em seu label, Axis Records. Como aconteceu esse encontro entre você e Mills? O que representa para você lançar em uma gravadora como a Axis?

A conexão começou com Jeff entrando em contato comigo no Facebook. Tudo foi criado a partir daquela conexão online. O encontro em pessoa foi incrível com ele e com os músicos. Eu senti que as coisas vieram naturais e orgânicas através de nossas mentes artísticas e criatividade. A experiência vindo dessa lenda é algo que nunca esquecerei – uma grande experiência para mim.

Como um artista que mescla muito bem instrumentos orgânicos e equipamentos eletrônicos, o que você considera imprescindível em seu estúdio para a produção de suas faixas? Algum instrumento ou equipamento em especial?

Hmmm. Quase no que diz respeito ao equipamento, diria que sou um Korg Krunos, Fender Rhodes, Prophet 6, Juno Alpha. Eu meio que amo a simplicidade quando se trata de trabalhar com equipamentos, isso realmente desafia meu processo criativo e pensamentos na produção musical.

Após o álbum você também lançou o single Cosmic Raindance e, antes dele, você apresentou outros lançamentos expressivos. Agora é hora de descansar ou teremos mais novidades pela frente?

Sou meio louco com a minha criatividade: eu nunca descanso [risos]. Estou sempre dando ao mundo minhas pinturas de frequências musicais e espectros de cores. Estou sempre criando, pois adoro colocar meus trabalhos para os fãs lá fora para inspirar as pessoas e continuar fazendo música e aprendendo a ser melhor.

É tudo pelo amor à música no final do dia.

Para finalizar, uma pergunta tradicional do Alataj: o que a música representa em sua vida?

Música representa paz de espírito e meditação para mim. Não sei o que faria sem música. Sempre me mantém equilibrado como o Tao! Não há nada como expressão e criatividade. A música é minha vida para sempre!

A música conecta.

A MÚSICA CONECTA 2012 2025