“O que me move no universo da música e da arte é sentir que essa é uma linguagem universal. Gosto de focar em tudo o que aproxima as pessoas, e não no que desune, nas divergências”. Apenas por essa frase já é possível perceber que Nana Benites absorveu exatamente a essência da música eletrônica, que diz muito mais sobre unir do que qualquer outro estereótipo ultrapassado que ainda se vê e se sente por aí — e é essa energia positiva que a DJ nascida no RJ, mas atualmente moradora de Santa Maria/RS, vem transmitindo em suas apresentações e em outros trabalhos relacionados à música que desenvolve.
Anos iniciais
Nana Benites teve a felicidade de crescer em um ambiente onde quase todos os momentos de sua vida tinham uma trilha sonora. Através da coleção de CDs da família, sonoridades como MPB, samba, chorinho e Bossa Nova foram apresentados e, de alguma forma, fazem parte das referências que carrega consigo hoje. Ainda na infância, junto aos irmãos, participou de um curso de inicialização musical onde era desafiada a ouvir diversos tipos de música. Foi onde também aprendeu a ler partituras, um pouco de teoria musical, tocar alguns instrumentos de percussão e, mais profundamente, a tocar flauta transversa, chegando até mesmo a compor a banda da Universidade Federal de Santa Maria.
Nana acabou morando em diversos lugares do Brasil e até do mundo, inclusive na Espanha, de onde trouxe traços de latinidades e vocais espanhóis que volta e meia aparecem em seus sets. Apesar disso, foi apenas em 2017 que ela teve seu primeiro contato com a música eletrônica, numa edição da tradicional festa gaúcha Sunset Sessions, a qual passaria a fazer parte da equipe anos depois — história que você conhece mais a seguir.
Fortalecimento da conexão com a música eletrônica
O ano era 2018 e na época Nana morava em Brasília, período onde pôde mergulhar mais a fundo nas diversas possibilidades musicais que a capital oferecia graças às labels parties por lá. 5uinto, Vapor, SNM, Crazy Cake Crew, Traxx e várias outras foram responsáveis por moldar parte da identidade da artista, fazendo uma fusão interessante entre o ambiente e as sonoridades mais orgânicas vistas na Sunset Sessions com a energia mais urbana e intensa das festas em Brasília. Até que, em 2020, fez seu primeiro curso de discotecagem e em seguida passou a comandar as noites de sábado do 5uintobar com o projeto chamado Make Some Waves.
Pouco tempo antes da pandemia devastar a cena eletrônica, ela ainda viveu uma experiência que seria um divisor de água na sua carreira: uma noite no Warung Beach Club. No comando da pista Garden, durante o carnaval de 2020, estava Seth Troxler e seu set foi responsável por fazê-la enxergar um novo universo sonoro à sua frente, iniciando um encontro real e apaixonante com a House Music. Depois, a música foi seu refúgio durante os dias mais quietos da pandemia, período em que aproveitou para desenvolver sua pesquisa mais profundamente.
O surgimento de uma nova artista
No fim da pandemia, Nana comprou um par de CDJs 850, um mixer DJM 800 e aproveitou para mergulhar fundo na discotecagem. Ainda em Brasília, tocou em alguns eventos privados e no formato bar, e em paralelo a isso, estava realizando alguns trabalhos como Social Media para o Strategy For Artists, de Mezomo, oportunidade que a fez perceber que a cena gaúcha era mais aberta a novos talentos e que tinham vários movimentos acontecendo por lá. Tanto que, pouco tempo depois, recebeu o convite para estrear no primeiro evento da Sunset Sessions pós pandemia, junto com Escobar, que também fazia parte da equipe. O set foi gravado e, inclusive, foi um dos pontos chaves para receber o convite da Levels.
A oportunidade e as possibilidades vistas fizeram Nana se mudar definitivamente para Santa Maria, movimento que foi crucial para sua carreira ter novos capítulos. Há pouco mais de um ano na cidade, ela já pode se apresentar em lugares conhecidos da cena como o Ksa Centro e Elevate, em Porto Alegre, Órbita, em Passo Fundo e em Santa Maria, Floor Sessions, Mínimo, Mystica e claro, na Sunset Sessions, onde além da primeira edição pós pandemia, também deu o play inicial no aniversário de 10 anos da marca.
Momento atual
Formada em relações internacionais e com uma pós-graduação em marketing, Nana Benites se encontrou principalmente na área de Social Media, onde vem colhendo excelentes resultados como profissional junto a várias iniciativas e marcas da cena eletrônica. Após a experiência inicial com o Strategy for Artists, começou a trabalhar na Sunset Sessions e viu seu trabalho inspirar outros projetos, prestou consultoria estratégica para a Iziki, gravadora de Djuma Soundsystem, passou a integrar o time da Ismo Design, além de ter assumido o perfil da Basement e estar prestando serviços personalizados para outros artistas e marcas.
Graças a essas conexões formadas no caminho e à sua paixão genuína pela música eletrônica, ela foi recentemente convidada para a edição de 9 anos da Levels Sunset, repetindo o b2b com Escobar com a responsabilidade de aquecer a pista para os artistas seguintes. O que o público pode esperar é um som autêntico e versátil, trazendo principalmente suas referências de brasilidades e latinidades somados à pesquisa de Escobar, que conversa diretamente com o seu. Ficaremos de olho nos próximos passos desta artista.
A música conecta.