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A música conecta

Editorial | A passagem da Creamfields pelo Brasil

Por Ágatha Prado em Editorial 12.01.2021

Se você é um bom amante da música eletrônica, ou entusiasta da cultura clubber, certamente você já deve ter ouvido falar, ou melhor ainda, já deve ter vivido a inesquecível experiência do universo cultural do Creamfields Festival. Seja nos berços de Liverpool e Daresbury, ou nas inúmeras outras cidades ao redor do mundo, o Creamfields – que hoje é contemplado como um dos maiores eventos de música eletrônica do planeta -, segue impactando as estruturas e quebrando barreiras com propostas sempre inovadoras, fazendo jus a grande potência que se tornou ao longo de seus 22 anos de história. 

Hoje, relembraremos os primeiros passos e o curso emocionante da passagem do Creamfields em terras brasileiras, que poucas capitais tiveram a honra de sediar, e que muitos tiveram o privilégio de presenciar. De Groove Armada a David Guetta, de Infected Mushroom a Fatboy Slim e Gorillaz, mergulharemos juntos nessa viagem intensa ao longo das 11 edições em território tupiniquim.

Tudo começou em 1998, quando o lendário club Cream, sediado em Liverpool, decidiu dar um passo à frente e realizar uma grande mistura de culturas e experiências através de um evento de maior estrutura que fosse capaz de abrigar experimentações ao vivo, shows e performances juntos em um grande palco principal. O sucesso da primeira edição já de pronto foi surpreendente: contou com 16 horas de duração na cidade de Winchester e um line-up inusitado que reuniu nomes como Sasha, Paul Van Dyck, Daft Punk, e outras dezenas de grandes players que despontavam no topo das tendências globais da música eletrônica. 

Logo nas próximas edições, o festival se fixava na cidade que foi berço de seu surgimento, Liverpool, celebrando na capital do Rock o pioneirismo de um evento amplo e multicultural de música eletrônica. Quebrando barreiras e mostrando ao grande público uma combinação de perfomances ao vivo e verdadeiros shows de música eletrônica, o festival tomava proporções que não caberiam somente nos locais de sua residência inicial. Foi então que em 2002, o Creamfields passou a rodar o mundo, incluindo em sua rota países como República Tcheca, Turquia, Espanha, Irlanda, Japão, Grécia, Polônia, México, Estados Unidos, Romênia, Peru, Argentina e Chile. E o Brasil não ficou de fora dessa lista.

A primeira edição brasileira do Creamfields foi no ano de 2004, e Curitiba foi a escolhida como anfitriã do festival que já se despontava como um dos maiores do planeta. Realizado em parceria com as produtoras 360º (conhecida pela produção do festival Skol Beats) e Essential Eventos, o evento escolheu a emblemática Pedreira Paulo Leminski como palco de sua estreia. Com um início nada tímido aqui no Brasil, o evento já de cara contou com um poderoso line-up com headliners do calibre de Groove Armada e Paul Oakenfold

A primeira edição no país, embora já tivesse a intenção de chegar como um chute na porta e alcançando um público de 12 mil pessoas, ainda era apenas um ensaio para o que viria acontecer no ano seguinte. O segundo Creamfields Brasil, novamente com sede em Curitiba, porém com localização no Autódromo de Pinhais,  já vinha com a ideia de receber o dobro da capacidade de público em uma gigantesca infraestrutura. Dessa vez o evento contava com dois palcos recebendo ninguém menos que David Guetta, Danny Howells, Danny Tenaglia, Infusion e Kevin Saunderson como players principais. Sem dúvidas, foi um divisor de águas não somente para a cidade – que foi definitivamente incluída no circuito da música eletrônica mundial -, mas para o Brasil que recebia um festival de tamanha proporção.

No ano seguinte, além de Curitiba, a capital carioca também entrou para o roteiro do festival junto a Belo Horizonte. O mega evento dessa vez seria realizado no Rio, deixando suas versões de menor escala para as capitais mineira e paranaense. Uma fazenda localizada na estrada Rio- Petrópolis foi a escolhida para receber o DJ Sasha, os gigantes do momento Underworld, Hernan Cattaneo e Sander Kleinenberg.  Em 2008, o Creamfields de Belo Horizonte também foi um grande marco na história da e-music nacional, contando com três tendas que recebiam o poderoso combo de gigantes formado por Gorillaz, Infected Mushroom, Deadmau5, Laurent Garnier, completando os 10 anos de jornada do festival.

Em 2011, foi a vez a Ilha da magia receber a experiência do Creamfields, que acabou se fixando por lá pelas cinco e últimas edições posteriores aqui no Brasil. Com belas praias, uma cena eletrônica pulsante decorrente do estabelecimento do Warung Beach no estado catarinense, Florianópolis parecia o lugar perfeito para receber o encanto do festival. Realizado pela primeira vez no mês de janeiro, o Creamfields 2011 recebeu Erick Morillo, o trio Above & Beyond, e o já veterano da marca Hernan Cattaneo. Assim abriu o caminho para as edições subsequentes, realizadas no Stage Music Park: em 2012 com Fatboy Slim, Paul Van Dyck e Layo & Buchwacka; 2013 com Afrojack, Luciano, Art Department e Tale of Us; e em 2014 com Steve Aoki e Jamie Jones. O ano de 2015 foi o que recebeu a última passagem do Creamfields no Brasil, com Claptone, Tommy Trash, Cedric Gervais e Bassjackers.

Sem dúvidas o Creamfields Brasil foi uma revolução para os paradigmas de eventos de música eletrônica em território nacional, unindo diversas vertentes e estilos em um mesmo espaço, combinando performances ao vivo, e diferentes tipos de arte em um mega evento que abriria os horizontes para diversos outros festivais nacionais que se consolidaram a seguir. Além de recordar, nos resta também esperar e torcer. Será que teremos uma nova edição do Creamfields Brasil vindo por aí? 

A música conecta.

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