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A música conecta

Alataj entrevista Ednner Soares

Por Laura Marcon em Entrevistas 06.05.2021

Comunicador através da música desde o final da década de 90, Ednner Soares acompanhou de perto as rápidas mudanças do cenário eletrônico brasileiro nas últimas décadas. DJ há 24 anos e 17 como produtor musical, ele se solidificou como uma das grandes referências da cena gaúcha e segue fomentando o trabalho realizado em sua região, como artista e label owner do ID Music.

Dentre os últimos trabalhos apresentados por ele, uma colaboração que não poderia dar errado. O EP OBA foi lançado em sua gravadora e conta com uma faixa original de Ednner, que leva o nome do projeto, e também um remix assinado por Fran Bortolossi. A finalização veio com um videoclipe da faixa original. Batemos um papo com o artista sobre esse release e muito mais. Confira!

Alataj: Oi Ednner, tudo bem? Obrigada por conversar com a gente!  Você bateu um papo com a gente em 2015 e de lá para cá você teve boas conquistas na sua trajetória. Conte um pouco sobre este período que está passando agora.

Ednner Soares: Olá Laura/Alan, tudo ótimo e com vocês? Bom, primeiramente obrigado pelo espaço e pela oportunidade de poder contar um pouco do meu trabalho, principalmente nesse momento tão peculiar. Confesso que ainda estou tentando me adaptar ao ”novo normal” e ao mesmo tempo tentando não me render à exposição demasiada que as redes impõem atualmente. O momento é de reflexão, estudo, leitura, prática e aprimoramentos. Estou buscando me abastecer com coisas que realmente me fazem sorrir.

Desde o início da sua carreira até os tempos presentes, o cenário da música eletrônica brasileira mudou muito, não apenas em relação ao público e abrangência, mas também profissionais do mercado. Como você avalia esse momento que vivemos hoje?

Sem dúvidas a internet e o avanço tecnológico foram os principais motores desse crescimento, não somente na música eletrônica, mas num todo. Milhares de nomes surgiram com o amparo das redes e germinou outras centenas com o dever de cuidar desses nomes. ”Clubs” como o Warung, D-EDGE, Green Valley e outros lugares que construíram ao longo dos anos uma base sólida de fãs também foram responsáveis por esse crescimento. Temos (ou tínhamos?), uma cadeia fortalecida aquecendo diversos setores, tanto no ”mainstream” quanto no ”underground”. (Obs: algumas pessoas não gostam de usar esse termo ”underground”, mas eu uso, pois há um conceito, um estilo de vida que requer mais compreensão). Enfim, quando a pandemia acabar teremos uma nova geração de jovens entre 18 e 20 anos que jamais entraram numa pista, sem dúvidas uma boa oportunidade de novos núcleos surgirem. 

Como label boss da ID Music Records, você vem acompanhando essa ebulição do mercado musical do cenário eletrônico há anos. Como você enxerga esse crescente número de novos labels sendo cultivados no Brasil? Você acha que hoje em dia ter seu próprio label é importante para impulsionar a carreira artística?

É importante, mas não determinante. Ter um selo não garante uma vitrine, mas é um passo fundamental. A curadoria como em qualquer empresa é que vai fazer a diferença e a música principalmente. Lançar é muito fácil, difícil é fazer a música chegar nas pessoas e sem investimento não chega. Assim como temos muitos produtores também temos muitos selos lançando a mesma coisa. Eu pesquiso bastante, todo dia confiro dezenas de catálogos e são poucas músicas que me surpreendem. Eu encontro mais ”surpresas” em catálogos antigos. Mas é importante salientar que, além da liberdade de lançar quando quiser, tem a aproximação e contato frequente com outros produtores. Você acaba criando uma comunidade e a partir daí pode gerar uma festa e consequentemente um público. Dinheiro demora um bocado, mas atualmente consigo ter bons rendimentos devido ao grande volume de releases acumulados durante os anos e pelos serviços de MIX e MASTER que faço para outros selos. Com os recursos em mãos, é preciso investir e fazer o catálogo chegar nas pessoas e principalmente nos DJs.

Seu último lançamento é o EP OBA, com uma faixa original que leva o nome do projeto e remix de Fran Bortolossi. Conte-nos um pouco como aconteceu o processo criativo e de produção desse projeto.

Oba nasceu num momento inspirador, quando a gente senta e a produção flui naturalmente. Testando um timbre aqui e outro ali e puff, surgiu a ideia e terminei durante a madrugada. No dia seguinte enviei para o Fran Bortolossi e ele topou fazer o remix na hora. Durante a pandemia a gente se aproximou mais, trocamos várias ideias, músicas e além disso ele tocava minhas faixas em algumas lives. Senti que era hora de tê-lo no catálogo da ID Music, pois temos gostos similares e tocamos um som parecido. Depois surgiu a ideia do videoclipe que pra mim foi uma experiência incrível e satisfatória, um grande amigo que trabalha com filmagens já vinha um tempo me convidando para gravar um clipe e achei que o momento era esse. Criei o roteiro numa noite e com poucos recursos e o apoio de amigos e parentes foi possível realizar o projeto. 

O coronavírus infelizmente afetou todos os profissionais do mundo da música de alguma forma. Para você, houve algum impacto neste momento na maneira com que você produz suas músicas?

Na produção não, pois antes da pandemia eu já estava há uns quatro anos dedicados somente à música e em tempo integral. Larguei meu emprego formal no setor de Comex e foquei no que realmente amo fazer. Foi a melhor decisão que tomei, pois me possibilitou estudar mais, experimentar e aprimorar minhas técnicas. Mas de certa forma, a pandemia afetou no volume de serviços que eu prestava através do estúdio.

Podemos esperar mais novidades para 2021? 

A ideia é manter os lançamentos anuais de 10 EPs pela ID Music, trazer mais nomes importantes para o catálogo e gravar pelo menos mais um videoclipe.

Para finalizar, uma pergunta tradicional do Alataj: o que a música representa em sua vida?

Para mim, a música representa liberdade de ser, sonhar e sentir.

A música conecta.

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