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A música conecta

Alataj entrevista Gui Accula [MDAccula]

No início do ano, o mercado de eventos no Brasil – principalmente em São Paulo – estava muito aquecido. Mas a temperatura caiu bruscamente, na verdade congelou. Com o difícil cenário de pandemia tivemos todos os eventos cancelados ou adiados e ainda não é possível ter uma perspectiva exata de quando voltaremos a normalidade.

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A expectativa de muitos clubbers para curtir festas e festivais como DGTL, Circoloco, Afterlife e outros que estavam confirmados no país, permanece. Para nos ajudar a clarear a visão e nos dar um panorama do mercado atual e possíveis previsões, convidamos Guilherme Accula, profissional que desde 2016 está à frente do trabalho de promoção de eventos e que, em 2017, ao lado de Maicoln Douglas, fundou a agência MDAccula, idealizada para profissionalizar o meio de divulgação e vendas de eventos em São Paulo.

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Alataj: Gui! Tudo bem? Obrigado por topar essa entrevista com a gente. Vamos do começo, apresentando a MDAccula. Explica pro pessoal como surgiu e qual é exatamente o trabalho que a marca realiza?

Gui Accula: Olá, pessoal! Estou ótimo, obrigado pelo convite. É engraçado falar de como surgiu ou de como começamos com este trabalho de promoção. Tudo começou como uma brincadeira, onde um amigo meu, Ale Fontanini, produtor de eventos, me convidou para o evento dele e pediu para chamar meus amigos, pois nesse momento da minha vida estava saindo muito, praticamente de quinta a domingo, toda semana, e como sou uma pessoa muito sociável acabei fazendo muitos amigos.

Neste primeiro evento levei 60 pessoas e o Ale viu potencial em mim para fortalecer os eventos. Como ele trabalhava como RP de outras labels, acabava sempre pedindo ajuda com objetivo de lotar o evento. Após algum tempo meu atual sócio Maicoln Douglas, conheceu através de mim a cena eletrônica e se apaixonou de imediato. Assim como eu é uma pessoa muito sociável e acabou criando a rede de amigos de festas. Daí eu vendo um potencial nele, acabei chamando ele pra me ajudar.

Amadurecendo nossa “brincadeira” vimos que tínhamos potencial de crescimento e foi aí que decidimos nos profissionalizar. A marca MDAccula tem como objetivo enaltecer, divulgar, trazer o valor de uma label para o público e não somente executar venda – que também faz parte do nosso trabalho – mas influenciar as pessoas em ir no evento que estamos promovendo. Com o tempo criamos uma responsabilidade de promover somente eventos bons, pois nossos clientes comentavam “se o MDAccula está promovendo, pode ir que a festa é boa”.

Quais são as principais produtoras que vocês trabalham nessa parte de promoção e como essas conexões foram estabelecidas?

Hoje trabalhamos com as maiores produtoras de eventos de música eletrônica em SP: Entourage, BeOn, Seven Lifes, Laud, Perfect Life, D-Edge, Laroc/Ame, Deep, Sirena, Parador, Nos Trilhos, Evidence, XXXPerience, Today.

As conexões aconteceram mediante trabalhos pequenos que desenvolvemos com qualidade. Por conta desta qualidade, a indicação foi nosso maior aliado neste momento. Por isso que sempre falo, a melhor propaganda é o boca a boca e isso ocorre somente com um ótimo trabalho.

Todas essas festas que você citou fazem parte do circuito eletrônico paulista, certo? Pensam em ampliar o raio de atuação para outros lugares no futuro? Rio de Janeiro ou mesmo para a região Sul…

Correto, inclui toda São Paulo, desde o interior até o litoral. Nossa pretensão, a princípio, é se limitar em SP, podendo expandir para outras regiões somente em eventos maiores como Tribaltech, Warung Day, UP, entre outros. Mas por enquanto queremos otimizar ainda mais nosso trabalho em SP dentro dos parceiros que já temos.

Quão grande foi o susto quando souberam na situação de pandemia no mundo? No começo ninguém imaginava a proporção que isso tomaria, de passarmos praticamente o ano inteiro sem eventos… naquela semana inicial, vocês tinham noção da gravidade?

O susto foi enorme. Desde 13/03 que estamos parados e a notícia abalou todos nós desde o início. A gravidade eu senti no final de Abril, que poderia perdurar por um longo tempo. Fomos muito prejudicados com essa pandemia, mas do pior temos que extrair sempre o lado bom e é isso que estamos fazendo.

Passaram-se pouco mais de três meses desde o início do isolamento social por aqui. Em outros países, já existem lugares com festas confirmadas adotando limitação de público e outras diretrizes específicas. É possível ter essa previsão para o Brasil? Quando você acha que teremos os primeiros eventos, tanto em locais fechados quanto abertos?

O governo de São Paulo classificou o estado em fase amarela na primeira semana de julho, liberando o funcionamento de bares, restaurantes, cinemas e outros locais sob medidas restritivas. Passou-se um mês e ainda estamos na mesma categoria, precisamos melhorar alguns indicadores para avançar para a fase verde — a próxima reclassificação acontece sexta (06).

Se entrarmos nela, após 28 dias, os eventos começarão a ser liberados também com algumas medidas, então precisamos primeiro atingir um nível de controle positivo para fazermos uma previsão mais exata. Numa ótica otimista, talvez início de outubro já poderemos ver alguns eventos acontecendo novamente.

No caso da MDAccula, que está com as atividades 100% paralisadas, quais saídas e alternativas vocês têm buscado para se manter no mercado? Como tem sido seu dia a dia com o isolamento social?

Complementando a quarta resposta, estamos tirando deste momento caótico o melhor. Estamos colocando em prática e alinhando ideias de projetos que tínhamos em mente, mas que não tinha ido pro papel por conta de falta de tempo. Mercado muito aquecido não tinha como deixar de lado para movimentar novos negócios para a marca – e este momento está servindo para isso. Colocando esses projetos em funcionamento para que quando tudo voltar a marca não esteja morta, mas sim valorizada. Junto disso estamos mantendo parceiros ativos e nossa promoção através de lives.

Para finalizar, mesmo que seja um momento difícil de responder: o que a música representa em sua vida?

A música não só representa, mas como sempre representou algo muito especial na minha vida. Frequento eventos de música eletrônica desde 2004 e tenho esse amor enraizado em mim, mas hoje minha relação está muito mais íntima pois não é só mais um hobby – é sim nosso trabalho. Hoje sei o que é realmente você trabalhar com algo que ama. É INEXPLICÁVEL.

A música conecta.

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