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A música conecta

Alataj entrevista Guy J [Especial 10 anos de Lost & Found]

Por Jon Fachi em Entrevistas 12.08.2022

O lendário produtor Israelense, Guy J, nos concedeu essa entrevista em meio ao seu último lançamento — o tão aguardado EP 090 com a faixa Last Standing, que ele vinha tocando há pelo menos 3 anos ao redor do mundo. 

O artista é conhecido por fazer sets com muitas músicas autorais não lançadas, deixando sempre seus fãs na expectativa de saber os nomes e se serão lançados no mercado. Nesse meio tempo, ele também foi anunciado para retornar ao Warung Beach Club na próxima semana, 20 de agosto. Após um set muito aclamado durante o carnaval, sendo considerado por alguns até mesmo o melhor que ele fez em solo brasileiro, o templo tratou logo de trazer o “baixinho” novamente.

2022 tem sido um ano em que o artista se estabelece como um dos maiores DJs do mundo, posto que como produtor, já havia alcançado há alguns anos. Nessa entrevista exclusiva concedida para nosso colunista Jon Fachi, Guy J revela como gere sua label, a Lost & Found, sua paixão pelo templo, além de sua relação intensa com a produção musical. 

Alataj: Olá Guy, tudo bem? Agora em julho, a sua gravadora completou 10 anos, certamente você deve estar muito orgulhoso, não é mesmo? 

Guy Judah (Guy J): Estou muito bem, dias ocupados felizmente, tentando acelerar as coisas… 😉

A gravadora agora tem 10 anos e estou muito orgulhoso disso e de tudo que ela criou, tornou-se não apenas uma gravadora, mas um movimento e uma comunidade para artistas e fãs incríveis.

A faixa Lost & Found foi o primeiro lançamento, dando nome à gravadora. Na minha opinião essa música ainda continua sendo uma das melhores produções que você já fez. Fale mais sobre essa música. 

Muito obrigado! Eu lembro que quando fiz essa música era verão onde eu morava. Enviei primeiro para Guy Mantzur e se me lembro bem, ele me disse que seria um hit! Então pensei que poderia ser uma abertura incrível do selo. Junto saiu um remix de Mantzur e Sahar Z, que fizeram um ótimo trabalho. Foi a decisão certa, pois até hoje ela faz mágica na pista e espero que seja lembrada como um clássico no futuro. 

Hernan Cattaneo tocando ‘’Lost & Found’’ no Warung Beach Club em 2012 

Como surgiu esse nome? Existe alguma curiosidade sobre ele?

Quando imaginei o nome, pensei sobre músicas “perdidas” no computador que, por vezes, podem ser “encontradas” e lançadas.

Além de servir como um local para você lançar suas músicas, a label tem sido responsável por dar visão a toda uma geração de produtores que compartilham deste estilo musical. Nomes como Khen, Guy Mantzur, Chicola, Eli Nassan e Sahar Z são frequentes. Quão importante é pra você poder criar uma comunidade sonora tão relevante?

Acho que para uma gravadora ter poucos nomes na linha de frente é importante, assim é possível criar uma comunidade forte. Mas, antes de tudo vem o talento dos produtores! Acho que a Lost & Found tem muitos produtores que estão lançando de novo e de novo não por causa de seus “nomes”, mas puramente por causa de suas músicas. Ter talentos assim na gravadora é como ter jogadores incríveis em seu time de futebol.

Como funciona o processo de gerenciamento da label, escolha das músicas… você está à frente de tudo ou conta com uma equipe de profissionais? 

Eu tenho um amigo que trabalha comigo, o nome dele é Yaniv, ele está me ajudando muito com a gravadora. Fazer isso sozinho é muito difícil e quase impossível, há muito trabalho em torno de um lançamento e ter um cara como Yaniv é essencial, pois tenho que ter tempo para produzir minha música também.

No que diz respeito à música em si, a decisão é minha e sou muito exigente quanto a isso, acho que alguns produtores gostam menos de mim por causa disso… 😉

A meu ver, a Lost & Found, junto com a Sudbeat, se tornou a principal gravadora de House progressivo nesse período, sendo capaz de repaginar esse estilo tão aclamado em todo mundo. Como você definiria o espírito sonoro das músicas lançadas pela gravadora? 

Eu sempre pensei na Lost & Found como um selo de House Music. Claro que o Progressive foi e é o núcleo, mas com alguns lançamentos indo para lados mais profundos da House Music e eletrônica, ela [gravadora] conseguiu se expandir para outros gêneros e estou orgulhoso disso.

A visão que tenho em mente é o lendário selo Hooj Choons, que foi simplesmente incrível, lançando música eletrônica de qualidade, indo do progressivo ao Tribal e até ao Trance.

Hooj Choons foi uma gravadora criada por Alex Simons e Red Jerry em 1990. Ela ainda está em atividade!

Os últimos lançamentos da gravadora foram classificados dentro do Organic House, estilo novo no Beatport que separa um pouco o que era antes tudo House progressivo. Como você tem visto a ascensão desse estilo? 

Bem, eu tenho sentimentos mistos sobre isso. Acho que o Beatport criou muita confusão com os gêneros que criou recentemente. Até pouco tempo atrás, o EDM entrou no Progressive House… eu não sei se é o algoritmo ou alguém atrás de uma mesa fazendo isso.

Podemos solicitar o gênero que queremos que os lançamentos sejam, mas são eles que decidem, o que eu acho que não é o sistema certo.

Confira todos os lançamentos da label nesses últimos 10 anos

Você tem muitas músicas inéditas, o que deixa os fãs sempre muito curiosos, quantas faixas você produziu em média em um ano?

Em um ano bom faço cerca de 30 a 40 faixas, em anos não tão bons faço cerca de 20.

Você consegue criar melodias muito marcantes! De onde vem sua inspiração para fazer música normalmente?

Minha inspiração vem principalmente das turnês e experiências de vida pessoal. Me realiza poder transformar pensamentos e memórias em músicas e compartilhá-las através do que eu faço.

Poderia destacar alguns produtores novos que tem observado?

Eu amo muito o que Milio faz e também Tuba Twootz, músicas muito originais e diferentes.

Em sua última passagem pelo Brasil, você fez um set de 5 horas no Warung Beach Club, onde você tem uma base de fãs enorme. Como tem visto a evolução da sua relação com o público Brasileiro? 

Eu acho que o que aconteceu comigo nos últimos anos no Brasil é incrível, é um país que assim que eu saio, eu já mal posso esperar para voltar. Especialmente o Warung, eu não tenho certeza se estarei lá todos os anos, mas mesmo assim sempre toco para uma pista lotada. Eu me lembro do meu primeiro set com o John Digweed e foi como um sonho estar tocando lá. Agora sempre realizo esse sonho ao voltar. Lugares como esse sempre me farão olhar para trás, para minha carreira e me fazer sentir orgulhoso por ter tocado.

Carnaval no Warung – Garden com Guy J, 2022

Eu tenho acompanhado seus sets por aqui desde aquele warm-up incrível que você mencionou acima para o John Digweed em 2012. Nesse último set de carnaval, em minha visão e para muitos amigos que estavam lá, foi o seu melhor no club. Foi realmente impressionante, com bastante obscuridade. Como você enxerga a sua evolução como DJ? 

Antes de mais nada, muito obrigado!! Estou sempre evoluindo, e essa é a beleza da música eletrônica. Enquanto eu permanecer criativo no estúdio e continuar fazendo música, acredito que serei capaz de proporcionar experiências ainda melhores ou únicas às pessoas. Meus sets dependem muito das minhas produções, e minha produção é minha maneira de me expressar e de me sentir confiante quando vou a algum clube.

Guy J estreia no Warung Beach Club com warm-up para John Digweed

Confirmando suas datas no Brasil na próxima semana, quais são?

Estarei chegando no clube D-Edge em São Paulo no dia 18 de agosto e no dia 20 estou de volta ao Templo, espero ver vocês lá!

A música conecta.

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