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A música conecta

Hits made In Brazil | Parte 3: ANNA, Teto Preto, L_cio e mais

Por Elena Beatriz em Socials 16.10.2025

O final da década de 2010 marcou um novo passo para a música eletrônica brasileira. Depois de um longo processo de amadurecimento, produtores e DJs começaram a trazer referências claras da própria cultura para guiar suas criações, aproximando a pista da realidade e da sonoridade do país, do Funk ao House, do Techno aos elementos da MPB. Essa mudança transformou o modo de produzir e também de se reconhecer dentro da cena.

Com o fortalecimento das plataformas digitais e as possibilidades de trocas constantes entre artistas de diferentes regiões, o som brasileiro ganhou novos contornos e passou a circular com ainda mais força fora do país. As faixas desse período revelam o avanço de produções que eram capazes de se comunicar com as referências mundiais ao mesmo tempo em que começavam a se tornar parte delas.

Depois de revisitar as faixas que marcaram os anos 2000 e a consolidação da cena no início da década de 2010, a terceira edição do Hits Made in Brazil revisita um período recente, em que a cena nacional foi projetada para novos públicos e começou a ser reconhecida e consolidada como polo criativo e estruturante do circuito global da música eletrônica contemporânea.

Teto Preto – Pedra Preta (2016)

A faixa, lançada pelo selo Mamba Rec, unia uma energia introspectiva a um discurso direto, com intuito de transformar a pista também em espaço de reflexão. A música, que se tornou um dos grandes hinos de uma era muito relevante para a cena underground de coletivos de São Paulo na década passada, consolidou o grupo como símbolo de resistência e experimentação, combinando música eletrônica, performance e política, em forma de entretenimento e afirmação de identidades e pautas urgentes, concomitantemente.

L_cio & K_Ri – Construção (2017)

Inspirada na obra de Chico Buarque, Construção é um dos registros mais impactantes da música eletrônica brasileira recente. A parceria entre L_cio e K_Ri, que teve seu lançamento oficial viabilizado pela D.O.C, manteve a densidade poética original enquanto a transportava para o universo das pistas. O resultado foi uma faixa de forte carga emocional, marcada por atmosferas minimalistas e pela intensidade dos vocais, que ressoa até hoje. Construção mostrou como a produção nacional podia revisitar referências da música popular brasileira de forma ousada e contemporânea, reforçando a capacidade da música eletrônica em dialogar com a memória cultural do país e, ao mesmo tempo, propor novas leituras para ela. 

Letrux – Flerte Revival (2017)

Lançada como parte do álbum Letrux em Noite de Climão, Flerte Revival assinala uma transição essencial na trajetória de Letícia Novaes, é o passo em que a linguagem Pop-Eletrônica, combinada com a sensualidade e o lirismo característicos de sua escrita ocupam a pista de dança. O single ganhou versões remixadas (como a assinatura Deep house de Gaspar Muniz & BENO) e ampliou sua circulação para clubs alternativos e festivais independentes, contribuindo para visibilizar artistas autorais numa cena dominada por grandes nomes estrangeiros.

Wehbba – Eclipse (2018)

Lançada pela Drumcode, Eclipse projetou Wehbba como uma das principais figuras do Techno contemporâneo produzido no Brasil. A faixa abre com uma sequência firme de sintetizadores analógicos filtrados, que evoluem até formar uma tensão progressiva sustentada pelos graves, mantendo uma construção hipnótica e dinâmica, que se transformam em um Techno preciso, vigoroso e emocional, com qualidade capaz de colocar a assinatura brasileira em um dos selos mais influentes do gênero.

Terr – Tale of Devotion (2019)

Em Tale of Devotion, Terr constrói um Indie Dance guiado por sintetizadores, flertes com arranjos da Disco Music, vocais próprios em inglês e uma melodia melancólica que resgata o espírito dos anos 80 com uma assinatura contemporânea. Lançada pelo conceituado selo Phantasy Sound, de Erol Alkan, a faixa consolidou a artista — que já havia feito sucesso anteriormente como parte do duo Digitaria — como uma das principais vozes brasileiras atuando no exterior naquela época.

ANNA & Miss Kittin – Forever Ravers (2019)

Lançada pela Kompakt, Forever Ravers uniu duas forças de gerações diferentes da música eletrônica: a brasileira ANNA, recém consolidada no Techno mundial, e Miss Kittin, uma das pioneiras do electroclash. A faixa traz linhas de baixo ácidas, sintetizadores e o vocal de Kittin que funciona como um convite à catarse e à entrega total da pista. Uma produção intensa e precisa, que conecta o espírito das raves dos anos 90 à estética contemporânea do Techno.

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