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A música conecta

Alataj entrevista Luciano

Por Alan Medeiros em Entrevistas 02.10.2018

Durante a nossa cobertura no The Ark, cruzeiro de música eletrônica que recebeu a final do BURN Residency 2018, tivemos a oportunidade de estar em contato com alguns artistas que são verdadeiras referências em nossa trajetória. Nastia, Loco Dice e Luciano são os embaixadores da BURN a nível global e estavam presentes no evento tanto para tocar, quanto para trocar experiências com os DJs participantes do programa.

No segundo dia do The Ark, tivemos a oportunidade de realizar uma short interview com Luciano, DJ, produtor e fundador do respeitado selo Cadenza – responsável por lançar artistas como David Morales, Paco Osuna, Andrea Oliva, Dennis Ferrer e Quenum. O suíço-chileno é aquele típico sujeito boa praça, que curte uma conversa sobre música e se mostra sempre disposto a ajudar passando um pouco de sua extensa experiência. Sua história na música já ultrapassa a barreira das duas décadas e seu legado para cena internacional é difícil de mensurar, tamanha consistência de sua carreira.

Nosso encontro apesar de breve, foi certamente uma das oportunidades mais incríveis que o time da BURN nos ofereceu. O bate-papo com Luciano foi gravado em áudio e transcrito para que você pudesse ler na íntegra por aqui. Falamos sobre os excessos de uma vida artística, relacionamento com Brasil, Ibiza e mais. Confira:

https://www.instagram.com/p/BnUHNkZH4zm/?taken-by=alancostam

Alataj: Você é um artista com uma forte conexão com as pistas brasileiras. O que você destacaria como principais características dos nossos clubs e festivais?

Luciano: Tenho uma longa história com o Brasil, já que minhas primeiras gigs internacionais foram na América do Sul: Peru, Brasil, Argentina e Chile, estou falando de 18/19 anos atrás. Tudo na minha vida é sobre ritmo, lembro que quando estava indo para o Brasil pela primeira vez, eu pensava sobre as batucadas e eu realmente fiquei surpreso quando cheguei no país. Sempre é especial, já fui muitas vezes para o Rio, Floripa, São Paulo e, para mim, a minha casa é a América do Sul, sempre fiquei muito orgulhoso e feliz por ter essa energia do público, que hoje é um dos melhores do mundo. É muito especial lembrar, fico emocionado, pois tenho lembranças de momentos incríveis, desde o começo do Warung, Terraza, Green Valley, D-Edge… são momentos muito muito especiais.

Como um embaixador do BURN, certamente você já ensinou muitas coisas aos participantes. Mas e você, o que aprendeu de melhor com eles?

Uma das coisas das quais eu realmente me sinto sortudo nessa longa relação com a BURN é por conseguir ver a evolução, por quê quando você está há apenas um ano é muito difícil ver a evolução que todos tiveram no programa. Essa é uma das coisas que eu pude acompanhar desde o primeiro ano e a cada encontro estamos tornando o programa melhor. Todos os participantes estão colhendo um material melhor de conhecimento dos embaixadores e acho que o meu papel é ser 100% sincero, principalmente com os jovens talentos. É muito difícil dar o primeiro passo quando você entra em um programa como esse, você está aqui por que você gosta de música ou por que você quer ser famoso? Há sempre essas duas linhas finas e você provavelmente vai ter fama se for bom na música, não irá funcionar de outra forma. Então, é importante tentar usar essa plataforma para que eles entendam como funciona. Música em primeiro lugar.

Logo após a morte de Avicii, você escreveu um belo depoimento contando sobre a sua situação. Na sua visão, como os jovens DJs podem se manter livres de uma rotina de abusos para ter uma vida mais saudável?

Você precisa estar ciente de que quando você atinge um certo nível nessa indústria, é como jogar futebol, a demanda vai aumentar e você precisa estar pronto, não para a semana seguinte, mas para ser forte sempre. Força é pensar “como posso me manter saudável e estar em boa forma para proteger a minha paixão, proteger o trabalho árduo, manter meu sorriso e meu coração saudáveis?” Porque se meu coração estiver saudável, minha música também estará, se eu me tornar tóxico, tudo a minha volta se tornará tóxico.

É importante para os artistas que eles percebam que para ser parte dessa comunidade, é necessário sempre proteger a si mesmo e trabalhar duro para servir as pessoas, e para servir as pessoas você precisa estar bem e saudável. A mensagem que eu espalhei após a morte de Avicii foi porque eu também quase morri e eu tive a sorte de ter uma segunda chance de continuar essa jornada e eu quis trocar experiências para entender o que eu já tinha visto, é legal, mas você pode morrer por causa disso, eu sei que não sou o único que enfrentou isso. Então, foi importante chegar no estado da minha vida e da minha mente onde eu novamente me apaixonei pelo que eu faço, através do trabalho árduo, e também trabalho árduo para não beber, estar saudável e fazer todo mundo feliz.

Ibiza. Ao longo das últimas décadas você construiu uma relação especial com a ilha. Como você avalia as recentes transformações e o que pessoalmente você projeto para o futuro lá?

Sempre fui apaixonado pelo espaço físico da ilha. Minha mãe mora lá, é quase uma segunda casa para mim. Eu não controlo o que é feito na ilha, ela é vítima do sucesso, Ibiza é como Burning Man, é uma experiência. Você precisa ir a Ibiza para entender o que é Ibiza. Eu posso comparar com a primeira vez que eu estive lá, há 20 anos, a única coisa que vi mudar durante todos esses anos foi que eu fiquei mais velho, é isso. A geração mais nova que está em Ibiza, está aproveitando da mesma forma que eu aproveitei. Acho que é um lugar mágico e que sempre há uma forma de se reinventar. Tento ser o mais positivo possível e dar a melhor energia para fazer tudo acontecer.

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