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A música conecta

Faixa a Faixa | Komka – Untenable System [I/U Music]

Finalmente depois de alguns meses lidando com a expectativa do lançamento, o disco Untenable System, do DJ e produtor brasiliense Komka, ganhou a luz do dia com suas 12 faixas originais, assinado por sua própria gravadora, I/U Music. Komka já havia falado com a gente sobre as mudanças recentes na carreira e também revelou alguns detalhes numa entrevista que rolou em maio, mas agora o foco é total no nascimento de seu “primeiro filho”.

+++ Alataj entrevista Komka

Untenable System é provocativo e agressivo com suas batidas sintéticas e distorcidas, mas também consegue ser sutil e melancólico através das melodias e vocais inseridos estrategicamente em algumas canções. O álbum mergulha em referências da onda Electroclash que bombou nos anos 2000 e é a grande inspiração de Komka neste trabalho, que misturou ainda uma pegada Rock n’ Roll camuflada com seu Techno vigoroso, uma sonoridade que o ajudou a libertar seu desconforto com o atual sistema e, ao mesmo tempo, fez efervescer todo seu potencial criativo. Ouça na íntegra e confira os detalhes de cada uma das tracks:

Komka

Broken Society | Essa faixa caiu como uma luva para abrir o álbum. Começa mais tranquila e vai ficando intensa. A letra condiz com o tema do álbum, falando da alienação das pessoas diante ao sistema e à tecnologia. Nesta faixa usei vários synths da Roland, como a TB-03, SH-01A, TR-08, TR-09, além do vocoder VP-03.

Machine | Essa eu produzi no final do ano passado, quando ainda não havia idealizado o álbum. A ideia saiu em um dia e uma noite inteiras de produção. Até achei um vídeo que a Nina Mess filmou já na manhã seguinte, virado, empolgadíssimo [risos]. Foi um processo muito natural e com uma fluidez que dá até saudade..! Quando inseri ela no álbum, trabalhei nela diversas vezes até chegar na timbragem final. Ela acabou dando bastante trabalho no final…

Russian Roulette | Já com o álbum em vista, eu pensei em fazer uma faixa mais lenta, como já fiz algumas vezes. Sem muita criatividade pra letra, resolvi dar uma olhada no arquivo da Nina Mess e achei um texto antigo dela. Resolvi transformá-lo em música e também fluiu muito rapidamente. Ela adorou a ideia e eu trabalhei nela algumas vezes até chegar na versão final. Uma das últimas coisas que acrescentei foi a guitarra.

Untenable System | Essa faixa batizou o álbum. Foi a partir dela que decidi dar esse nome ao álbum. Fiquei bem satisfeito com a composição. Fiz um rock eletrônico, compondo diversos riffs de guitarra. Fiquei feliz com a progressão dos acordes. Na letra, questiono o sistema em que vivemos, que, em situações como a de hoje, em meio a pandemia, mostra ser frágil e insustentável. Questiono a nossa parcela de culpa nisso, por aceitarmos o sistema, e termino com uma mensagem de esperança.

So Blinding | Essa eu devo ao meu amigo Lucas Fadul, um cara muito talentoso que sempre botou a maior pilha para produzirmos música juntos. Ele me conquistou quando mostrou a primeira versão desta música, que tinha um groove mais House. Resolvi dar um toque pessoal nela e ele adorou. Fiquei muito feliz por ele ter topado incluí-la no álbum..  E espero produzir um álbum só com ele! Ele tem uma voz incrível e é muito criativo, além de tocar guitarra muito bem.

Abstract Effects | Essa é outra fruto de uma noite em claro com a Nina Mess. Nessa ela escreveu a letra enquanto ouvia os sons que eu produzia. Ao final, gravei a letra no vocoder e pude fazer um Electro mais quebrado que não poderia faltar no álbum. Essa música me emociona até hoje, mesmo depois de ouvi-la 500 vezes. A parte que mais gosto é a partir dos dois minutos, quando entra o solo que fiz no Reaktor (plugin da Native Instruments), seguido do pico da música com o JP-08, bem barulhento e visceral. Essa faixa também tem um timbre lindo e clássico do JU-06 da Roland.

Daydream | Essa é uma composição antiga, do começo do Come and Hell, o projeto que tive com a Mariana Perrelli. Lembro de fazer a base e ela compor a letra em questão de horas. Muita gente diz que parece com Massive Attack… Eu fico lisonjeado, porque eu sou muito fã dos caras. 

So Many Lies | Essa é outra que fiz na época do Come and Hell. Mas diferentemente da forma como produzíamos, eu e a Mari, sempre juntos, essa eu fiz sozinho e originalmente era eu que fazia o vocal. A ideia era colocá-la no álbum do Come and Hell, que chegamos a produzir mas nunca saiu. Então conversei com a Mari para lançá-la solo, resolvi refazer a música e chamei a Nina Mess pra fazer o vocal. Acabou ficando bem melhor que a versão original.

Circuits | Outra faixa que produzi sem pretensões de lançar o álbum. Essa foi logo depois que saí do 5uinto em 2019 e engatei em um ritmo de produção que nunca havia tido antes. Foi num momento em que me apaixonei pelo Serum – meu sintetizador virtual favorito – e praticamente todos os timbres da música são dele. Ela é bem animada. Tem uma pegada que vai muito bem na pista e não vejo a hora de tocá-la.

Pure Pleasure | Essa música foi um parto, pois devo ter feito umas três ou quatro versões dela, tentando encaixar o vocal que a Nina Mess havia gravado. Nada dava certo e eu nunca ficava satisfeito, até que finalmente veio esta última ideia em que me remete aos tempos de Electroclash, numa pegada mais Electro-Techno. Gosto muito da progressão dela e acho que vai botar fogo nas pistas. Ela me lembra também uns sons antigos do Anthony Rother, da época que ele produziu o álbum Popkiller, cheio de vocais. Aliás, o Anthony Rother é um dos meus artistas favoritos. Resistência do Electro kraftwerkiano. Longa-vida a ele!

Inner Voice | Essa eu fiz pensando em finalizar o álbum, num clima mais feliz, sem muito a pegada mais dark que costumo ter. Peguei um trecho de uma letra que eu havia escrito, inspirado num momento que a Nina estava passando. Saiu uma música com uma mensagem positiva, de olhar pra dentro de si e seguir sua intuição.

Choices | Essa eu escolhi para fechar o álbum. Havia produzido ela em um momento crucial da minha vida, em que tive que tomar decisões drásticas, porém necessárias. Daí veio o nome “Choices”, que para mim faz todo o sentido vindo após a “Inner Voice”, já que minhas escolhas partiram de ouvir a mim mesmo, intimamente e profundamente.

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