por Carol Carlos
No último dia 16, Armonique, DJ e produtor baseado em Fortaleza, no Ceará e conhecido por seu estilo refinado no Indie Dance, lançou seu novo single Don’t Make Me Wait pela TRM Records, uma nova gravadora originada do selo Trama, do Rio Grande do Sul. O artista arrisca uma nova abordagem, explorando influências do house e garage em contraste com seu estilo já consolidado.
A faixa, inspirada nos NYE Peech Boys, é uma homenagem ao maior sucesso da banda, Don’t Make me Wait. O lançamento não se trata de uma releitura ou remix, mas sim de uma composição original que incorpora referências cruciais dos Peech Boys, destacando-se pelos synths analógicos, baixos groovados e a lendária drum machine LinnDrum, característicos da sonoridade da banda. A homenagem reflete não apenas a bagagem cultural e pesquisa precisa de Armonique, mas também a influência da história e o legado da cena dance underground de Nova York, especialmente o Paradise Garage de Larry Levan, que hoje serve como inspiração para o seu trabalho como produtor cultural e curador de eventos na Houzeria.
Para compreender melhor essa relação musical e todo o processo para chegar ao resultado da faixa, incluindo a escolha da gravadora e o processo criativo, convidamos o artista para o bate-papo clássico da coluna Mergulhando, confira:
A ideia
Inspirada nos NYE Peech Boys, minha faixa é uma homenagem a ‘Don’t Make me Wait’, o maior sucesso da banda nova-iorquina. Com groove influenciado pelo House/Garage e minha identidade de Indie Dance, não é uma releitura ou remix, mas sim uma faixa totalmente nova com referências cruciais dos Peech Boys.
A escolha da gravadora
Quando a TRM Records surgiu, o primeiro o single “Good Time” produzido pelo criador do selo, o Knorst, que já era um produtor o qual eu acompanhava e tinha um certo contato dentro da cena de Indie Dance, e após o lançamento do selo me deixou um espaço aberto para lançar diferentes estilos e não apenas o que outras gravadoras do estilo procurava.
A grande influência
Aquele toque da sonoridade dos synths analógicos antigos, baixos groovados e a lendária drum machine LinnDrum por si só já diz muito sobre o que se pode esperar dessa minha homenagem aos Peech Boys. Para mim, a banda tem uma história com a qual me identifico bastante. Surgiram na clandestinidade, frequentando lugares como o Paradise Garage de Larry Levan em Nova Iorque. Tal clube foi o berço da cena que estava surgindo por ali, com um público mais underground da época, preocupando-se mais em promover a dança do que a interação verbal. Foi o primeiro a colocar o DJ como centro das atenções. Hoje, meu trabalho não se limita apenas à produção, mas também como produtor cultural e organizador de eventos na Houzeria, coletivo em que atuo como curador. Sinto que continuamos trazendo o mesmo conceito do clube, que encerrou suas atividades em 1987, mas sua essência continua viva até os dias de hoje, principalmente em lugares onde é uma luta realizar nosso trabalho, assim como foi para nós, começando tudo no início da pandemia.
O significado
Estou em uma fase de busca para explorar os limites da minha identidade artística e, talvez, descobrir mais sobre mim mesmo, apresentando diferentes facetas e gostos musicais que abordo em diversos eventos ao longo da minha carreira. Basicamente, minha identidade artística se resume ao meu processo criativo na hora de compor uma música, combinando uma variedade de influências musicais que afetam indiretamente minha criatividade. “Don’t Make me Wait” surgiu de forma totalmente espontânea, daquelas músicas que você produz em menos de 6 horas e não precisa mudar nada.
A pista dos sonhos
Acredito que a Don’t Make me Wait pode ser tocada em diferentes pistas ao redor do mundo, com um bpm baixo originalmente, porém se o DJ quiser aumentar um pouco mais, vai trazer só mais energia para a faixa e para a pista. É aquela faixa que quando o assunto é fazer aquela conversa com o House seja qual for a pista, vai mexer muitas perninhas.
A música conecta.