Você já percebeu como algumas bandas soam como se tivessem nascido para a pista? Não é por acaso. Bastou que alguns grupos começassem a experimentar com sintetizadores e baterias eletrônicas para que se abrisse um campo novo de possibilidades.
Nos anos 70, Kraftwerk mostrou que esse caminho poderia sustentar todo o seu projeto, enquanto o New Order reinventou o rock britânico com melodias que se proliferaram pelos clubs. Logo depois, nomes como o Depeche Mode levaram essa combinação para multidões com uma sonoridade mais sombria e emocional, enquanto o grupo The Chemical Brothers ajudou a consolidar a eletrônica com produções pensadas para impactar diretamente quem estava na pista.
Nos anos 90, Massive Attack e Portishead abriram outra frente, mais densa e melódica, enquanto LCD Soundsystem, Hot Chip e The Knife, nos 2000, seguiam pelo caminho de aproximar novos ouvintes da música eletrônica e, ao mesmo tempo, dialogar com quem já fazia parte da cultura clubber.
No Brasil, diferentes projetos como Cansei de Ser Sexy, Teto Preto e Metrô também fizeram esse papel, cada um à sua maneira e dentro de contextos distintos. O ponto em comum é que todos ajudaram a mostrar que a eletrônica não se limita a estúdios ou clubs, mas também pode se tornar parte de novas formas de criar, ouvir e viver a música. Para muita gente, não foi um DJ set que abriu a porta para a cultura de pista, mas sim um álbum, um show ou até uma faixa que unia instrumentos tradicionais aos elementos da música eletrônica.
Com o intuito de direcionar o olhar para a importância desses projetos, selecionamos algumas bandas que incorporaram a eletrônica como parte fundamental de sua identidade. Na sequência deste conteúdo, você confere uma lista dividida em dois grupos. No Grupo A, uma seleção de projetos nacionais que mantêm ativa essa simbiose e ampliam a forma como entendemos a relação entre palco e pista. No Grupo B, revisitaremos referências globais deste formato, bandas internacionais que tiveram um papel importante na aproximação da música eletrônica em outros formatos.
Grupo A
Tagua Tagua
Com origem em Porto Alegre, o projeto de Felipe Puperi, também conhecido pelo projeto Wannabe Jalva, organiza suas músicas em torno de sintetizadores em primeiro plano, batidas eletrônicas marcadas e vocais que aparecem sobre acordes sintéticos. O som mistura o clima do Indie Pop com um ritmo psicodélico que lembra a energia de uma pista introspectiva.
Boogarins
Nos trabalhos mais recentes, o quarteto goiano explora efeitos de voz, pedais e recursos eletrônicos que se somam às guitarras psicodélicas. Em Manchaca Vol. 1, faixas longas e com camadas processadas criam uma sonoridade expansiva, que se aproxima do experimental eletrônico.
Tagore
O grupo recifense tem canções conduzidas por guitarras com distorção e vocais marcantes, quase sempre apoiadas em bases eletrônicas. Em Movido a Vapor, por exemplo, a bateria aparece programada em tempo reto, enquanto os sintetizadores ocupam o fundo com notas repetidas, criando uma base constante sobre a qual o peso das guitarras se desenvolve.
Glue Trip
Direto da Paraíba, o grupo mistura instrumentos brasileiros com sintetizadores. Em músicas como Elbow Pain, criam um clima que lembra tanto o pop psicodélico quanto produções caseiras de Lo-Fi e Chillwave.
Viratempo
Viratempo é um quarteto paulistano que engloba gêneros como Synthpop, Dreampop e Trip-Hop com pegada de banda ao vivo e referências que abrangem desde Marcos Valle e Arthur Verocai até Kavinsky e Daft Punk. Formada em 2014, a banda circula no circuito independente com presença forte em plataformas de streaming e redes, mantendo produção contínua desde sua estreia.
Grupo B
Air
O duo francês se tornou conhecido mundialmente após o lançamento de Moon Safari (1998). O disco apresentou sucessos como Sexy Boy e All I Need, que consolidaram o Air como um dos nomes centrais da música eletrônica feita em formato de banda no fim dos anos 90.
Parcels
Australianos radicados em Berlim, a banda de Electropop é conhecida por mesclar elementos de Disco, Funk e Soul em suas criações. As músicas são guiadas por baixo em primeiro plano e vocais em coro suave, enquanto sintetizadores dão o corpo que causam a sensação de contemplação ao mesmo tempo que levam o ouvinte para a pista, seja onde ele estiver.
Jungle
O coletivo londrino aposta em grooves, sintetizadores, baterias eletrônicas e orgânicas, baixo marcado e teclados que reforçam o clima Funk. O resultado é sempre pensado para dançar, mas sem perder a sensação clássica de uma música tocada por banda ao vivo.
Metronomy
Grupo inglês que desde os anos 2000 se firmou como um dos nomes centrais do Indie Eletrônico europeu. O que define o Metronomy é a forma como mantém a estrutura de banda em sintonia com linhas de sintetizadores e programações. Esse equilíbrio fez deles referência de um som pop acessível que também funciona na pista, circulando com naturalidade entre festivais e clubs.
Tame Impala
Projeto australiano conhecido por transformar a psicodelia de guitarras em uma atmosfera guiada por produção eletrônica. O Tame Impala ganhou reconhecimento mundial ao apostar em sintetizadores e efeitos de voz. Ao vivo, o grupo se apresenta como banda completa, aproximando o rock alternativo da música eletrônica contemporânea.