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A música conecta

Special Series | Daft Punk

Por Manoel Cirilo em Special Series 24.06.2019

Provavelmente um dos aspectos mais intrigantes da música eletrônica é sua característica disruptiva e a capacidade de estar em constante renovação, se desdobrando em diferentes vertentes, cada uma com sua própria direção. Dentro desse universo, é possível encontrar inúmeros artistas que compartilham das mesmas características, mas poucos são tão bons na arte de impactar com absolutamente tudo quanto o duo Daft Punk.

Formada em 1993 pelos músicos franceses Guy-Manuel de Homem-Christo e Thomas Bangalter, a dupla mantém como principais motores de sua carreira a inovação e o propósito de sempre entregar ao público algo diferente do que já feito, do que já foi visto — além claro do mistério que envolve sua personalidade. Esse lema de trabalho foi rapidamente entendido pela crítica especializada e favoreceu o crescimento que a dupla teve entre os mais distintos públicos.

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Antes de serem Daft Punk, Bangalter e de Homem-Christo formavam com o amigo Laurent Brancowitz (atualmente conhecido por ser o guitarrista da banda Phoenix) a banda de rock Darlin’. O projeto não passou do primeiro ano de existência, mas foi o pontapé inicial para o estabelecimento da dupla de conhecemos hoje, inclusive o nome, adotado de uma crítica feita por um jornalista da Melody Maker que os chamou de “daft punks”, algo como “punks bobões” em tradução livre.

A descontinuação da extinta Darlin’ não apagou a vontade de seus integrantes de viverem de música e foi em meio aos primeiros indícios da cena raver francesa do início dos anos 90 que Homem-Christo e Brancowitz descobriram o som que mais tarde os levaria ao estrelato. O primeiro single produzido por eles foi The New Wave e a boa aceitação que teve da crítica e do público logo deu espaço para o lançamento do debut álbum, Homework (1997). Iniciava ali um novo panorama para a dance music mundial.

Fama e pressa para a produção de novos trabalhos nunca estiveram nos planos do Daft Punk e talvez esses sejam os principais elementos que compõem a fórmula de seu sucesso. Os artistas investem anos na composição e produção de um álbum, que só é lançado quando atinge o padrão de qualidade que eles almejam, já a fama, fica toda para os personagens robóticos que eles mesmos criaram. 

Segundo eles, a ideia dos capacetes surgiu para que a atenção do público não fosse desviada da música, que é o que realmente importa, para quem a reproduz. Essa decisão também favorece a própria relação deles com o mundo, por permitir que transitem entre fama e anonimato de maneira eficiente.

São muitos os pontos altos da carreira da dupla, que caminha para sua terceira década de atuação, mas um dos principais certamente foi o show realizado no Coachella em 2006. A superprodução contava com um palco em formato de pirâmide, usado posteriormente na turnê do álbum Human After All, e ficou marcado na história do festival, além de ter ajudado na recuperação da imagem do Daft Punk após críticas não muito positivas em relação a esse terceiro álbum da carreira.

O duo francês também possui uma passagem significativa pela indústria audiovisual e associa seu nome a importantes obras. Entre elas, a trilha sonora do anime Interstella 5555, de Leiji Matsumoto, o filme Electroma, lançado no Festival de Cannes em 2007, no qual assumiram roteirização e direção, e também o fundo musical do filme TRON: Legacy, que foi indicado ao Grammy da categoria em 2012.

https://www.youtube.com/watch?v=3Qxe-QOp_-s

Ao olhar para essa breve retrospectiva, fica claro porque o Daft Punk é considerado um dos maiores ícones da dance music de todos os tempos e os precursores de diversos movimentos dentro dessa indústria. A dupla está desde 2013, ano marcado pelo aclamado Random Access Memories, álbum mais pop de sua carreira, sem lançar nada novo e a expectativa é de que estejamos próximos de receber uma boa surpresa do Daft Punk. Toda cena da dance music aguarda ansiosamente. 

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