“Melhor warm up que já recebi no Brasil.” A frase de D-Nox resume algo que a cena eletrônica brasileira ainda não valoriza como deveria: a importância de um bom warm up. Uma arte que demanda leitura precisa de pista, desapego sonoro e capacidade de criar pontes entre o silêncio do início da festa e o clímax da noite. Dbeat fez dessa habilidade sua principal credencial. Com vinte anos de experiência nas cabines brasileiras, ele demonstra que existe espaço para quem domina essa linguagem específica da discotecagem.
Natural da Serra Gaúcha, Dbeat construiu sua trajetória longe dos holofotes, sempre focado na conexão com a pista. Suas residências no Cultive, Levels, Dope, Hoax Party e Music Art funcionam como espaços onde aperfeiçoou uma abordagem que prioriza a narrativa e a preparação para o que virá a seguir. E foi justamente isso que ajudou ele a se tornar um dos principais nomes do Rio Grande do Sul.
Essa filosofia fica evidente na diversidade de nomes para quem já preparou a pista: Adana Twins, Nastia, Krystal Klear, Trikk, Facundo Mohrr, Karmon, Andhim, Danny Daze e Lee Foss são alguns. A amplitude estilística dessa lista revela uma versatilidade musical que se adapta sem se diluir. “Não tenho um estilo musical definido. Costumo me adaptar sempre dependendo dos lineups, mas sempre partindo do House”, explica Dbeat, sintetizando sua abordagem que é, essencialmente, sobre servir à música e ao momento.
E além de D-Nox que citamos no início deste texto, o reconhecimento também vem de outros nomes que entendem (e muito) do assunto. Amine Edge declarou: “Precisamos de mais warm ups como esse.” L_cio foi direto: “Melhor warm up que me fizeram nesse ano.” Aninha confirmou: “uma seleção incrível de tracks, viradas sutis e uma conexão tremenda com a pista.” São feedbacks que mostram como Renato transformou esse slot muitas vezes ignorado por diversos DJs como sua grande especialidade.
No Cultive e na Levels, duas das principais festas do Rio Grande do Sul, Dbeat encontrou o ambiente ideal para desenvolver essa linguagem. Foi nessas residências que ele moldou uma identidade artística baseada na construção gradual, na sutileza das transições e no entendimento de que cada noite demanda uma abordagem específica. Carol Campos, nome à frente da Levels, resumiu: “O Dbeat é um dos DJs mais consistentes que conhecemos, ele sempre é muito bom, não é à toa que já é conhecido como um dos melhores warm ups do Brasil.”
Dbeat possui aquela personalidade artística mais contida, principalmente fora dos palcos. Não é um DJ que foca muito na autopromoção; prefere mesmo mostrar seu trabalho em ação, mantendo o olhar fixo nas CDJs e, aos poucos, ao sentir a energia da pista, se solta junto à ela. Seu repertório abrange uma vasta gama de gêneros, é um digger nato, e é isso que faz com que ele consiga se encaixar em lineups de artistas do House ao Techno, garimpando e apresentando o que há de melhor em cada abordagem sonora.
Isso fica ainda mais claro ao observar alguns nomes que são suas principais referências na música, como Mano Le Tough, Laurent Garnier e DJ Tennis, artistas conhecidos pela capacidade de construir narrativas coerentes e pelo desapego estilístico. São DJs ecléticos, que podem transitar facilmente entre estilos, conectando influências díspares de forma inteligente e surpreendendo a pista com faixas totalmente desconhecidas, valorizando a precisão e a profundidade de uma boa pesquisa, sem dúvidas o principal pilar na carreira de um verdadeiro DJ.
Mais do que preparar pistas, Dbeat ajudou a consolidar uma cultura de valorização do warm up no Sul do país. Agora, mira além das fronteiras regionais, levando essa experiência para o restante do Brasil como um de seus principais objetivos. Sua trajetória mostra que existe uma maneira de ocupar esse espaço sem tratá-lo como algo secundário, mas como parte essencial da experiência de uma festa. Ele construiu uma grande reputação neste slot, porém, fez algo ainda mais importante que isso: tornou-se uma referência para novas gerações de DJs entenderem que cada começo importa.