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A música conecta

Música em forma de narrativa: é assim que Muratori dá vida às suas criações

Por Marllon Eduardo Gauche em Trend 12.02.2025

Produzir música vai muito além da técnica. É, sobretudo, o lado humano que fala mais alto. Você não se conecta com o timbre de um sintetizador, mas sim com o sentimento que o conjunto da obra transmite. É por isso que construir narrativas que cativam faz toda a diferença no resultado final. Quem entende muito bem isso é Muratori. Mineiro de Belo Horizonte e fundador do selo Sibipiruna, ele equilibra elementos analógicos e digitais para criar paisagens sonoras que não ficam na superficialidade. Seu trabalho é uma ponte entre uma base musical erudita com influências que vão do Techno sintetizado ao House orgânico, explorando as possibilidades da música eletrônica de maneira criativa e introspectiva.

Como produtor musical, seus primeiros trabalhos começaram a chegar em junho do ano passado, quando estreou com o EP Cohesive Whole, pela Sibipiruna. Já nesta primeira entrega, é possível perceber o cuidado que ele possui com o storytelling das faixas. Além de cada elemento ter seu devido lugar, os vocais são muito bem inseridos e ajudam a transmitir essa ideia de narrativa. Você se sente envolvido e conectado com a música, abordagem que também é percebida nos seus releases seguintes, como The Calling, New Way e, de forma ainda mais evidente, no seu recente EP Streams of Life.

Nele, é possível afirmar que cada uma das três faixas possuem um pouco da sua história de vida, um registro das suas vivências pelo mundo, já que elas foram inspiradas pelos países em que morou ou visitou por tempo suficiente para moldar sua concepção. O nome delas também se refere a um rio importante de cada lugar, além de carregarem elementos e timbres característicos dos respectivos países.

Yarra, por exemplo, nos leva à Austrália, onde Muratori viveu por dois anos e meio e se aprofundou na produção musical na Ableton Liveschool. A faixa incorpora elementos da cultura aborígene, como o didgeridoo, e sons da fauna local, como dos pássaros Kookaburra e Whipbird. Mekong reflete a intensidade meditativa do Sudeste Asiático, onde ele viajou sozinho e absorveu as nuances sonoras da região. Instrumentos de sopro orientais, gravações de templos budistas e sinos de vento compõem a faixa. Já Paraná explora um lado mais místico e espiritual do Brasil, utilizando ritmos e timbres da capoeira, como o berimbau e o caxixi — inclusive, fizemos a premiere dessa faixa em janeiro.

Em linhas gerais, não apenas o EP Streams of Life, mas todas as criações de Muratori são 100% ancoradas na sua autenticidade e na busca por conexões mais profundas com a música e com o mundo. Faz parte da sua identidade, de quem ele é e da mensagem que quer transmitir através da música. Seu som valoriza o sensorial e a experimentação com BPMs não convencionais, buscando sempre pela atemporalidade e fugindo do previsível. 

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