Renato Cohen é um dos grandes nomes da história da música eletrônica brasileira. Desde o final dos anos 90, sua trajetória ajudou a projetar o país no mapa global do Techno, com passagens marcantes por clubes lendários como A Lôca, Lov.e e Clash, além de gigs em palcos como Fabric, Berghain, Womb e Space Ibiza. Sua relevância internacional se consolidou em 2002, quando a faixa Pontapé, lançada pela Intec de Carl Cox, se tornou um verdadeiro hino de pista e abriu portas para uma carreira que jamais se restringiu às fronteiras nacionais.
Mas Cohen nunca foi um artista de zona de conforto. Ao longo dos anos, construiu uma discografia diversa, que inclui lançamentos em selos como Defected, Pets Recordings, Drumcode e Sincopat, e remixes para nomes que vão de Chris Liebing a Rita Lee. Essa pluralidade o manteve em movimento constante, desafiando formatos e explorando novas linguagens, sempre com a assinatura de quem carrega a energia das pistas de São Paulo em seu DNA.
Na Troally 410, ele apresenta um registro que foge da intensidade habitual do Techno e se abre para uma atmosfera mais letárgica e cósmica. O mix conecta diferentes camadas de referências que atravessam os anos 90 e 2000, passando por artistas como Caravan, Soulwax, The Micronauts e Patrick Cowley, até desembocar em momentos mais dramáticos. Trata-se de uma narrativa mais lenta que revela uma pesquisa pouco óbvia de Cohen e amplia ainda mais o entendimento sobre sua versatilidade artística. Um set pensado para escutar sem pressa — seja no início de uma manhã ensolarada, seja em uma viagem sem destino definido.