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A música conecta

15 to understand | Curol

Reverenciada como uma das principais expoentes do Afro house no território brasileiro, Curol assume uma posição ousada e dinâmica na vanguarda da evolução do ritmo no país — não à toa, ela foi convocada como artista de abertura para Black Coffee durante as duas últimas turnês do renomado DJ sul-africano pela América do Sul. Ao fundir elementos naturais à essência da house music, ela adota uma abordagem inovadora para resgatar suas raízes ancestrais, explorando percussões brasileiras repletas de ritmo e grooves contagiantes, o que a incluiu nos mais prestigiados palcos nacionais e internacionais como Rock in Rio, Tomorrowland, Lollapalooza, Universo Paralello, Zamna Tulum e outros eventos de destaque.

Com reconhecimento cada vez maior por sua significativa contribuição à cena eletrônica através de prêmios, listas e inclusões em playlists editoriais do Spotify, recentemente Curol somou mais um grande marco ao seu já extenso currículo: a chegada ao topo do chart de organic house do Beatport, com seu remix para Nocturne, pela All Day I Dream. 2023 foi um ano e tanto para a artista e aparentemente, 2024 já demonstra ser mais um ano memorável para Curol, celebrada como uma das jóias preciosas da cena nacional.

+++ Alataj entrevista Curol 

Convidamos Curol para responder 15 perguntas e compartilhar conosco mais alguns detalhes da sua trajetória, suas impressões e outras informações interessantes sobre a sua carreira na nova edição da 15 to understand. 

Alataj: Quando a música virou mais que um hobby para você?

Curol: Quando eu tive burnout por excesso de pressão na fotografia, neste momento eu busquei algo para melhorar minha saúde mental e comecei a fazer aulas para aprender a tocar.

Você se enxerga produzindo, tocando e viajando com a música até o fim de sua vida?

O resto da vida é muita coisa, mas não tenham dúvidas de que estamos apenas no começo dessa história!

Qual o maior desafio que a música já te trouxe?

Em algumas situações, nos vemos obrigados a ‘aceitar’ certos comportamentos que vão contra nossos princípios e valores, mas que, infelizmente, fazem parte da indústria. Nesse contexto, precisamos desenvolver uma forma de lidar com a parte que nos desagrada, para garantir o espaço que tanto buscamos e ter a chance de mostrar nosso trabalho.

A indústria da música vive um momento saudável?

Infelizmente, não. Estamos enfrentando uma crise financeira intensa no mercado, e, na minha opinião, atribuir a responsabilidade aos cachês altos dos DJs, como alguns sugerem, sem considerar todos os aspectos da indústria, é um erro comum. Essa questão é bastante complexa, pois requer uma reflexão sobre toda a cadeia produtiva do nosso mercado, incluindo fornecedores, equipamentos, infraestrutura, contratantes e os próprios artistas.

Fale um pouco sobre o que você considera mais relevante: uma grande ideia ou uma rotina disciplinada de trabalho?

Eu prefiro uma rotina disciplinada, pois a considero mais produtiva, especialmente em uma fase em que a gestão do tempo é essencial. Sem isso, pelo menos para mim, é impossível lidar com todos os compromissos que surgem, dando a eles a atenção que merecem. Não é fácil, pois a ansiedade nos faz querer realizar tudo ao mesmo tempo, mas é fundamental ter organização e disciplina para evitar a confusão!

Qual é o momento ou conquista mais importante da sua carreira até aqui?

O Top 1 de Organic House no Beatport e o convite do Keinemusik para me apresentar no Zamna Tulum, no México.

O que torna um set realmente inesquecível para o artista e para o público?

Para mim, o mais valioso é a interação e conversa que temos com o público durante uma apresentação. Rola uma energia meio mágica, sem explicação, sabe? Uma atmosfera de dança e  alegria enquanto a música toca que é transformadora.

Como encontrar o equilíbrio entre autenticidade e as tendências da indústria?

É um grande desafio, e curiosamente estou passando por isso neste momento. Estou tentando mesclar parte de um estilo com o outro. Minha identidade afro é marcada por um beat mais forte, mais representativo da cultura brasileira. No entanto, também sinto que a tendência mais suave do afro, com pianos, notas mais românticas e percussões mais refinadas, tem ganhado espaço. O que tenho feito é manter meus beats e modificar um pouco os arranjos. O resultado dessa transformação pode ser claramente visto no meu último EP, MzikiAfro.

O que traz inspiração de maneira prática e contínua para criação?

Literalmente ir para o mato e ouvir a natureza é o que limpa a minha mente para criar.

Qual a sua impressão sobre o futuro da música eletrônica?

Acredito que não haverá domínio de subgêneros, como já vem acontecendo há algum tempo. Também não acho que existirá um ‘herói’ que ditará o futuro da nossa música. Vejo um futuro em que teremos vários artistas de renome que serão referências mundialmente, o que já vem ocorrendo. Isso educa positivamente nosso público a valorizar os ARTISTAS, e não apenas o que está em alta. As pessoas vão pesquisar nomes que fazem ótimos trabalhos e, assim, descobrirão artistas ‘esquecidos’, mas com a verdadeira essência da arte, não da fama. E, mundialmente, teremos uma exportação ainda maior da nossa cultura, que servirá de exemplo, pois o resto do mundo já percebeu que é extremamente valiosa!

https://open.spotify.com/playlist/37i9dQZF1DZ06evO1Li9Uc?si=657e4aa3a4aa4230

Como você descreve a jornada de evolução de seus trabalhos na música do mais antigo ao mais atual?

Às vezes até me parece que são duas pessoas diferentes, a Curol do início e a Curol de agora! Ainda estou em constante evolução, mas ver os resultados das minhas produções nas pistas, em charts, etc., já fala por si só.

Como você vê a relação entre sua identidade pessoal e sua identidade como artista?

Eu expresso toda a minha linguagem de existência na minha arte.

Qual a mensagem principal que você busca transmitir com sua música?

Que nossa cultura é muito rica, e existe uma parcela da população que busca na arte um porta-voz para mostrar o quanto todos são capazes de superar barreiras e preconceitos e conquistar o que desejam.

Como você lida com os altos e baixos emocionais que podem vir com a vida de um artista?

Terapia!

Qual é a importância da colaboração com outros músicos em sua criatividade?

Principalmente em uma colaboração com artistas internacionais, vejo a oportunidade de mostrar de forma natural e orgânica elementos da nossa cultura. 

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